No dia em que são retomadas as negociações entre as potências do grupo 5+1 e o Irã, o líder supremo do país persa, aiatolá Ali Khamenei, defendeu a persistência dos negociadores em não ceder em relação às atividades de enriquecimento de urânio do país.
O programa nuclear conduzido por Teerã provoca preocupação dos países ocidentais, pelo temor de que se esteja desenvolvendo uma bomba atômica. O governo iraniano nega e afirma que as atividades nas usinas nucleares visam a geração de energia e a fabricação de insumos para tratamentos médicos.
Em discurso em Teerã, Khamenei afirmou que os responsáveis pelo diálogo não devem ultrapassar as “linhas vermelhas”, que, a seu ver, são o enriquecimento de urânio em território iraniano e a manutenção da usina nuclear de Fordo, motivo de preocupação do Ocidente.
O líder supremo afirmou que não sucumbirá à pressão de “inimigos estrangeiros” e não aceitará concessões não desejadas devido às sanções impostas por Estados Unidos, União Europeia e outros países. Ele ainda acusou Israel de pressionar as potências e disse que o Estado judaico “está condenado a desaparecer”.
“Os pilares do regime sionista se debilitaram muito e estão condenados a desaparecer. Nenhum fenômeno imposto pela força pode durar.”
A retórica contra Israel pode complicar as negociações, visto que parte do grupo 5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, China, Rússia e Alemanha) pedem garantias dos iranianos quanto à segurança dos israelenses, que não são reconhecidos pela República Islâmica.
Em meio às negociações, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, viajou à Rússia como parte dos esforços do Estado judaico para que as potências não cedam em relação à Teerã. Nesta semana, ele recebeu o apoio do presidente da França, François Hollande.
Diálogo
Teerã e as potências discutirão em reuniões individuais e em plenárias a retomada das negociações, que são retomadas após uma série de contatos entre o presidente iraniano, Hasan Rowhani, e os chefes de Estado e de governo do grupo 5+1.
Ontem ele conversou com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, da China, Xi Jinping, e com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, no que foi o primeiro contato direto entre Londres e Teerã após uma década.
A rodada anterior de negociações foi concluída em 9 de novembro, em Genebra, sem resultados concretos. No entanto, todos os participantes elogiaram os progressos, conquistados em grande parte pela abertura política promovida por Rowhani desde sua eleição, em junho.