Arquivo/Neide Carlos |
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Granja solicitará prisão temporária de Rodrigo |
Após ser capturado tentando fugir para Jaú e com um casal como refém, Rodrigo Fabiano Fernandes, 27 anos, prestou depoimento na Polícia Civil na tarde de ontem. Ele confessou que viu quando o irmão atirou contra os policiais, porém alega que não incitou o crime.
Mesmo assim, ele foi preso pelo sequestro e também será indiciado pelo assassinato do soldado Yuri José da Silva, 27 anos. O outro policial baleado teve alta (leia mais abaixo).
Conforme o JC noticiou com exclusividade ontem, Rodrigo foi preso por volta da 1h da madrugada tentando fugir da cidade. Ele, que estava foragido desde o episódio que resultou na morte do soldado e de seu próprio irmão, foi localizado por policiais rodoviários.
O depoimento se estendeu por quase toda a tarde de ontem. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Kléber Granja, titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Rodrigo confirma que viu o irmão atirar contra os policiais.
“Ele conta que estava fumando maconha e com uma menina. Foi quando viu a viatura e, por estar com restrições de liberdade, resolveu correr”, relata o delegado.
Na versão do acusado, os policiais o teriam perseguido e até efetuado alguns disparos.
“Ele diz que foi alcançado e agredido. Alega que pedia para chamarem a mãe dele e o advogado. Quando ia ser colocado na viatura, o Rodrigo fala que, já algemado, passou mal e caiu sobre o policial”.
Neste momento, o acusado afirmou em depoimento que várias pessoas começaram a chegar. Entre elas, seu irmão, Rafael Maurício Fernandes, 26 anos. “Ele confirmou que viu seu irmão atirar contra o Yuri e o outro policial (Tiago Rodrigues Palma). Depois, fala que se recuperou, levantou e, mesmo algemado, fugiu”, comenta o delegado Kléber Granja.
Thiago Vendrami/JCNet |
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Rodrigo Fabiano Fernandes, 27, foi preso enquanto tentava fugir para Jaú |
Partícipe
A Polícia Civil, contudo, entende que Rodrigo Fernandes teve participação na ação que culminou na morte do soldado e nos ferimentos ao outro policial. “Entendemos que ele foi partícipe, que é quando alguém instiga ou auxilia materialmente. É uma espécie de coautoria. Por isso, ele será indiciado pelo homicídio do soldado Yuri e pela tentativa de homicídio do policial Palma”, explica o delegado.
Por conta desses crimes, Granja solicitará a prisão temporária por 30 dias de Rodrigo. Ele, entretanto, já está preso em flagrante por sequestro qualificado, que, de acordo com o delegado, ocorre quando o criminoso fica em posse da vítima por mais de 15 minutos. “Ele foi para a Cadeia de Avaí e, depois, será encaminhado para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Bauru”.
O sequestro prevê pena de 2 a 5 anos. Já o homicídio, reclusão máxima de 30 anos. Para a tentativa de homicídio, caso condenado, Rodrigo pode pegar pena de 10 anos de prisão.
“Pode ser que o Ministério Público e o Judiciário entendam que ele não participou no homicídio e na tentativa de homicídio, mas essa é a tese da Polícia Civil”, conclui Kleber Granja.
A Polícia Civil irá agora ouvir oficialmente o policial Tiago Palma Rodrigues, que foi atingido por quatro tiros. A reportagem fez contato com o advogado de defesa de Rodrigo Fernandes, contudo, ele irá conversar com a família do cliente antes de conceder entrevistas.
Policial militar baleado recebe alta
O soldado Tiago Rodrigues Palma, que foi alvejado por quatro disparos durante abordagem no Jardim Ouro Verde, recebeu alta no começo da noite de ontem. Durante a tarde, já havia expectativa de que ele fosse liberado, contudo, precisava de uma avaliação médica antes.
“Os tiros não atingiram órgãos vitais e ele está bem. Ele aguardou a liberação de um médico vascular para ir para casa”, afirma o oficial de relações públicas do 4º Batalhão de Polícia Militar do Interior, capitão Fabiano Serpa.
Por volta das 20h de ontem, o policial recebeu a liberação médica. Ainda de acordo com Serpa, dos quatro tiros que acertaram o soldado, um acabou barrado pelo colete à prova de balas. Já os outros três acertaram o ombro, a coxa e a virilha do policial.
Arma do policial
No momento em que foi alvejado, um dos policiais envolvidos na ocorrência teve a arma levada. Até o momento, a pistola não foi encontrada pela polícia. Contudo, já há indícios de onde o armamento esteja.
“Já temos boas pistas e devemos localizar esta arma em breve”, declarou o delegado Kleber Granja no final da tarde de ontem.
O caso
Era por volta das 2h da manhã de anteontem quando a viatura com os policiais Yuri José da Silva e Tiago Rodrigues Palma fazia o patrulhamento pelo Jardim Ouro Verde. Na quadra 3 da rua Thomaz Bosco, eles abordaram Rodrigo Fabiano Fernandes em atitude suspeita.
Em determinado momento, Rafael Maurício Fernandes, irmão de Rodrigo, chegou e baleou os policiais. Yuri levou um tiro nas costas e um na cabeça. O soldado não resistiu aos disparos. Já Palma, mesmo atingido, conseguiu acionar o socorro.
Policiais militares localizaram Rafael no interior de uma residência, próximo à quadra 12 da rua Giocondo Turini. Ele reagiu à prisão, houve troca de tiros e foi baleado. O acusado não resistiu aos ferimentos e morreu. Já Rodrigo foi preso tentando deixar Bauru na madrugada de ontem.
Thiago Vendrami/JCNet |
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Rodrigo usou uma faca para sequestrar um casal e fazer os dois o levarem para Jaú |
Sequestro de casal no Jd. Ouro Verde foi alternativa para fuga
Rodrigo Fernandes foi preso na madrugada de ontem pela Polícia Militar Rodoviária de Jaú (47 quilômetros de Bauru). O acusado foi detido em flagrante enquanto fugia, por volta da 1h, pela rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-225), junto a um casal que ele havia sequestrado.
A abordagem aconteceu na praça de pedágio, enquanto os policiais realizavam fiscalizações de rotina pelo quilômetro 199 da rodovia. Rodrigo estava no banco traseiro de um Honda Civic preto, com placas de Jaú.
Reconhecimento
Na ocasião, os policiais teriam reconhecido o acusado por fotos divulgadas na imprensa. Rodrigo, segundo a PM, não reagiu e apenas disse que atirou para fora do carro, assim que visualizou o comando da polícia, a faca utilizada para ameaçar o casal.
O casal foi sequestrado ainda no Jardim Ouro Verde, bairro que viveu um dia de muita tensão após a morte do soldado Yuri e de Rafael Fernandes, anteontem. À polícia, o casal informou que Rodrigo teria invadido o veículo pela porta de trás. Em seguida, com uso da faca, exigiu que o deixassem em Jaú.