24 de dezembro de 2025
Polícia

Homem é assassinado na Vila Falcão

Marcele Tonelli
| Tempo de leitura: 4 min

Um homem de 34 anos foi encontrado morto, no início da manhã de ontem, nas proximidades da linha férrea e do viaduto inacabado, na região da Vila Falcão, em Bauru. Washington Luiz Alves de Oliveira estava caído e, inicialmente, foi aventada a hipótese de overdose. Só depois, a perícia viu a perfuração, provocada por um tiro, no braço e na altura da costela. A polícia investiga a motivação e há, inclusive, possibilidade de crime passional (leia mais abaixo).

O corpo, que foi achado próximo ao cruzamento da rua José Bastos com a rua Alfredo Maia, engrossa uma estatística preocupante na cidade. Trata-se do 19º homicídio registrado somente nos primeiros quatro meses de 2014.

Washington, segundo esclarece o delegado plantonista da Central de Polícia Judiciária (CPJ) Frederico José Simão, trabalharia como pintor e já teria passagens pela polícia por furto e receptação.

“Ninguém da família apareceu e ele estava sem nenhum documento no local. Mas conseguimos identificá-lo por meio das tatuagens e descobrimos que ele possuía uma ficha na DIG (Delegacia de Investigações Gerais)”, comenta o delegado. Entre as três tatuagens encontradas pelo corpo do rapaz, estava uma teia de aranha no ombro esquerdo, que auxiliou a identificação.

Ainda ontem, uma equipe da Polícia Civil iria até um endereço informado pela vítima à DIG em 2013, como sendo de sua residência, para obter mais informações.

Encontro do corpo

Era por volta das 6h42  quando a Polícia Militar foi acionada por meio de populares até a Alfredo Maia. Quando chegaram ao local, o homem já estava em óbito com o corpo estirado no canto esquerdo ao final da rua José Bastos. A via é conhecida pela polícia por concentrar usuários de drogas.

Minutos depois, uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também se deslocou até o endereço e constatou oficialmente óbito.

No entanto, o fato de o rapaz estar de roupas (duas blusas de manga comprida e shorts) e de o local ter que ser preservado até a chegada da perícia, teriam impossibilitado melhor averiguação sobre as causas da morte, segundo confirmou o tenente Luiz Miranda, do comado de Força da PM.

Incialmente, portanto, a suspeita era de que a vítima teria morrido por causas naturais ou overdose, já que, até então, não havia sinais de sangue visíveis na rua.

Perfuração

A constatação da perfuração a bala, contudo, veio após a chegada da Polícia Civil e da perícia técnica, que retirou as vestimentas do rapaz e verificou que ele havia sido baleado.

O projétil, de calibre desconhecido até o fechamento desta edição, teria atravessado o braço, atingido o tórax e se alojado na costela.

Ainda segundo o delegado plantonista Frederico Simão, o fato da vítima estar com duas blusas de frio dificultou que o sangue se espalhasse e que o homicídio fosse notado antes.

Porém, após a remoção do corpo do local, uma pequena mancha podia ser observada ao chão. Encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), o corpo passaria por uma autópsia para a retirada do projétil.


Polícia também não descarta que crime possa ser acerto de contas 

Uma equipe do setor de investigações de homicídio da CPJ, comandada pelo delegado adjunto Cledson Luiz Nascimento, também esteve no local do crime. Em conversa com a reportagem ontem, o delegado não descartava nenhuma hipótese, inclusive, a de acerto de contas por dívidas com o tráfico.

Usuário

“Ele era usuário e tinha envolvimento com drogas, além de também ter passagem por furto e receptação. Não descartamos nada. Ele pode ter ido furtar algum estabelecimento e ter sido alvejado, como pode ter se envolvido em alguma discussão ou até ter sido morto em razão de dívidas com drogas”, comenta o delegado.

Além das passagens envolvendo drogas, Washington também teria sido autor de ocorrências contra a ex-mulher, que foram registradas na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Bauru. Nenhum dos casos, contudo, teriam resultado em sua condenação.

“Ele não chegou a ser indiciado, mas os registros de importunação contra a ex-mulher existem”, comenta Cledson Nascimento.


‘Vacilão, não mexe com a mulher dos outros’

No local, a equipe da Polícia Civil conversou com um morador das imediações que pediu para não ser identificado. Aos policiais, ele informou ter ouvido, por volta das 5h, de dentro de sua residência, uma gritaria vinda da rua e uma pessoa dizendo “vacilão, você não pode mexer com a mulher dos outros”, em seguida, um tiro.

A informação e a frase, inclusive, constam no boletim de ocorrência (BO), que também explica que a mesma testemunha não teria saído de casa para verificar o ocorrido por medo, já que o local em questão, nesse horário, reúne grande movimentação de pessoas envolvidas com drogas.

O morador, portanto, só acionou a PM pela manhã, após tomar conhecimento sobre o homicídio ao avistar o corpo e relacionar os fatos.


Vizinhança

A reportagem do Jornal da Cidade conversou com vizinhos que acompanharam a ação da polícia. Jordan Jonathan dos Santos Alves disse ter ouvido barulhos de disparos por volta da 1h. “Ouvi um grito e um disparo. Ficamos assustados e decidimos não sair. Fui ver só hoje, quando a polícia já estava aí. Conhecia esse rapaz de vista. Ele chegou a morar por aqui com a família, mas se mudou há uns três anos. Ele pegava reciclável”, conta.

Outra moradora, que pediu para não ser identificada, disse ter escutado os disparos por volta das 3h30. “Escutei os pipocos, mas achei que fosse o trem passando. Não escutamos nada além disso. Vivemos trancados dentro de casa por causa da violência aqui fora”, comenta a mulher.