20 de dezembro de 2025
Cultura

Adriano Garib: um apaixonado pelo ofício

Dulce Kernbeis
| Tempo de leitura: 4 min

Éder Azevedo

 “Quanto mais você se tranca, nos dias de hoje, para ter segurança, menos liberdade você tem”, diz Adriano Garib

Dentro de mais alguns dias, em 31 de janeiro,  Adriano Garib fará 50 anos. Vai comemorar ao som de blues -  a música é seu hobby, uma outra paixão.  Nascido em Gália (distante 64 km de Bauru),  esse quase bauruense criou-se no Altos da Cidade e começou no teatro  pelas mãos do professor Paulo Neves. E ainda tem raízes na cidade, vem visitar mãe, irmãos e os amigos. E esteve aqui nas festas de final de ano. Isso nem todo mundo sabe.

Mas todo mundo sabe que o ator  ficou conhecido do grande público com o vilão “Russo”, da novela “Salve Jorge”, de Glória Peres. Ele credita o sucesso do personagem ao fato de ter feito “com muita verdade”. “E o público percebe que não havia canastrice.” Outra característica que impactou bastante, segundo ele, foi por ter sido também um personagem másculo, e muita gente elogiava isso. “E eu perguntava: mas por que? Será que está faltando homem na praça?”, diz, em tom de brincadeira.

Gatos e solidão

Em comum com o personagem o fato de gostar de gatos. Vive sozinho no Rio de Janeiro, no tradicional bairro da Urca, tendo como companhia dois deles: Borges (raça pura, exótico) e Kafka (siamês). Claro, os nomes são em homenagem a dois grandes escritores, dos maiores que a Humanidade já teve:  o argentino Jorge Luis Borges  e o tcheco Franz Kafka.

E essa fase de estar sozinho, não na solidão, não deve durar muito: “breve, breve, vamos dar um jeito nisso”, brinca. Mas explica: é que a vida toda teve relacionamentos sérios, fortes, profundos e duradouros. “Ficar sozinho, eu nunca fiquei. Estou agora, pela primeira vez, e estou curtindo isso, mas sou um homem casadoiro e tenho o maior respeito pelas minhas ex-mulheres e namoradas. Sou daqueles que quando termina o relacionamento, chora, fica mal, sofro mesmo”.

Cuba e jornalismo

Neste momento, além da tranquilidade de estar solteiro, ele desfruta a felicidade de o filho, Gabriel Simon Garib, ir estudar Psicologia na Universidade de Londrina (UEL-PR), aliás, onde ele se formou em Comunicação Social. Sim, ele é jornalista e escrevia sobre relações exteriores para o Jornal da Cidade nos anos 1970/1980.

Esse fato o credencia a dar nota 10 para um destaque internacional do fim de 2014: “o reatamento das relações entre Cuba e EUA. É fantástico isso ocorrer”, lembra o ator que já esteve na ilha de Fidel. E conheceu os dois lados de Cuba –“ há uma Havana (capital) para os visitantes e os estrangeiros e outra para o povo cubano”. “Agora tudo vai melhorar”, acredita.

Leitura e preconceito

Aliás, a leitura é parte de sua vida e Adriano lamenta que o brasileiro em geral lê pouco.  E uma das coisas que mais critica é justamente “a desinformação e o preconceito do cidadão médio brasileiro”, fruto, entre outras razões, da falta de leitura, da cultura e da educação. Ele defende uma educação verdadeira, séria, sólida capaz de formar mais do que profissionais e “sim seres humanos completos, indivíduos com pensamentos independentes, capazes de tomar a melhor decisão por si só”.

Gentileza e estupidez

Para Adriano, só a educação, só a formação humana é capaz de fazer com que cada homem seja mais gentil, tenha maior solidariedade e cometa menos barbáries. Adriano faz questão de dizer que as pessoas  estão perdendo a gentileza, a disponibilidade para ouvir os outros. “Meu pai era dentista, vindo de uma família do Interior. Todos nós, toda a nossa família, todos os filhos, fomos criados de uma forma afável (claro, com dureza quando necessário). E eu não vejo mais isso”.

“Agora, estamos vivendo a era do Facebook onde as pessoas estão confundindo sinceridade com falta de educação. Ser sincero, o #prontofalei, não é isso, não é ofender o outro de forma gratuita. Há hoje uma estupidez ímpar. Uma sinceridade estúpida, acima do tolerável, é a ética da maledicência, as relações não podem ser assim”.


Uma causa

Vindo de uma família de dentistas, pai dentista, irmãos dentistas, Garib interrompe a entrevista para falar do trabalho da irmã mais nova:  Daniela Garib, doutora em Ortodontia, com pós-doutorado em Harvard, especialista de Ortodontia no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais e Faculdade de Odontologia de Bauru - USP, o nosso Centrinho. “O trabalho que é feito no Centrinho é referência mundial, não é só nacional, não. Ninguém tem ideia de como se consegue isso. Acolhendo os pacientes e suas famílias. A gente tem que lutar para que isso persista. Eu preciso falar isso. Bauru é Centrinho, é referência. Minha irmã e todos lá dentro fazem um trabalho excepcional. Isso não pode se perder”, diz.Vindo de uma família de dentistas, pai dentista, irmãos dentistas, Garib interrompe a entrevista para falar do trabalho da irmã mais nova:  Daniela Garib, doutora em Ortodontia, com pós-doutorado em Harvard, especialista de Ortodontia no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais e Faculdade de Odontologia de Bauru - USP, o nosso Centrinho. “O trabalho que é feito no Centrinho é referência mundial, não é só nacional, não. Ninguém tem ideia de como se consegue isso. Acolhendo os pacientes e suas famílias. A gente tem que lutar para que isso persista. Eu preciso falar isso. Bauru é Centrinho, é referência. Minha irmã e todos lá dentro fazem um trabalho excepcional. Isso não pode se perder”, diz.