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| Tamanho dos dedos e nariz eram usados para antever o tamanho peniano: folclore! |
Nas festas, depois de um certo teor alcoólico, um amigo adora circular entre os conhecidos e perguntar: - em uma relação sexual, o que vale mais é o tamanho peniano ou técnica de amar? Quase todos respondem a técnica e o amigo responde: - mais um de pênis pequeno! E sai para brincar de novo com o mais próximo!
As mulheres quando percebem estas brincadeiras, quase sempre com ares de desdém, refutam: não sei por que homens valorizam tanto o tamanho! Ensaios recentes dizem que as mulheres valorizam sim o tamanho. Em 2006, no “Psychology of Men e Maculinity” trabalho com 52 mil homens indicou que 85% das mulheres estão satisfeitas com o tamanho peniano do parceiro, mas apenas 55% dos homens o estejam! Isto pode ser manifestação de conformismo feminino.
O leitor pode questionar o que tem isto a ver com ciência. Ciência é a busca da verdade sobre tudo, especialmente sobre o que inquieta a humanidade: ciência é vida analisada sob o rigor do método. O tamanho peniano inquieta tanto a ponto da escultura de David de Michelangelo polemizar até hoje e foi mutilada por causa da exposição do mesmo! Em sociedades orientais, a figura peniana é cultuada e esculturas compradas para proteger lares e famílias.
Na compreensão do comportamento o tamanho peniano foi muito usado como desculpa ou causa real. Quando a mulher era muito agressiva ou abrutalhada chegou-se a dizer antigamente que era manifestação de uma inveja fálica! Para Freud, a sexualidade norteia os destinos do mundo. Os ditadores, donos de caminhonetes, autoritários e egocêntricos com frequência são citados como portadores de pênis pequenos.
Em revistas masculinas e programas de televisão onde se tira dúvidas sobre sexualidade, as perguntas sobre o tamanho peniano são persistentes, renitentes e nunca se conseguia ter uma resposta definitiva sobre o assunto, mas agora temos! Um trabalho científico com mais de 15 mil homens definiu: o tamanho médio de um pênis ereto tem 13,12cm.
A PESQUISA
Em trabalho no ‘British Journal of Urology International’ foram analisados 15.521 pênis, principalmente europeus, mas foram incluídos também homens africanos e orientais. Os pesquisadores eram 3 homens e 2 mulheres do King’s College de Londres. Além do tamanho médio de 13,1cm para o pênis humano ereto, os pesquisadores verificaram outras variáveis.
Dizia o folclore que os negros tinha pênis maiores e os orientais, menores: a pesquisa mostra que isto não é verdade! Estatisticamente o tamanho do pênis não varia de acordo com a cor da pele e a etnia. Na amostra haviam 320 nigerianos, 253 tanzanianos, 660 turcos, 144 coreanos, 271 jordanianos, 1149 egípcios, 150 iranianos e 301 indianos.
Quando era adolescente comumente se dizia, principalmente entre as meninas, que o tamanho do pênis era igual o relacionado com o dedo indicador ou com o tamanho do pé direito ou nariz. Vários outros meios se procurava para saber com antecedência o tamanho do rapaz, até para evitar surpresas maiores ou menores. Neste trabalho verificou-se que não existe qualquer relação entre o tamanho peniano e outras partes do corpo: uma coisa não tem nada a ver com a outra! Para saber, só mesmo verificando diretamente e na hora! Também não se verificou diferença de tamanho peniano entre os mais jovens e os mais velhos e, da mesma forma, entre os héteros e os homossexuais.
Os números em mais de 15 mil homens foram: tamanho médio de um pênis flácido é igual a 9,16cm e quando duro é de 13,12cm. Quanto à circunferência, foram 9,31cm em repouso e 11,66 ereto. Talvez isto dê um certo alívio a algumas pessoas, incluindo-se as que eventualmente assistam filmes eróticos, sites e revistas nos quais os pênis, praticamente todos, são enormes! Primeiro, por que são selecionados os mais avantajados e segundo, na tela e aproximando-se a câmera, o de qualquer um fica impressionante!
Pode parecer fútil, mas não é! O tamanho peniano, funcionamento e grau de satisfação influencia muito o perfil psicológico. Quando analiso pessoas públicas e suas posturas em bravatas e brigas de comadres, como Eduardo Cunha e Renan Calheiros, só me resta lembrar do meu amigo: - mais um de pênis pequeno!
OBSERVATÓRIO
Pioneiro – O trabalho citado é considerado o primeiro metodologicamente bem fundamentado com relevante e incontestável amostra. Muito trabalhos foram publicados em revistas leigas, por pessoas comuns sem treinamento adequado, sem definir qual o critério de mensuração e os pontos de referência anatômica.
Demência? – Todo cuidado é pouco em caso de diagnóstico de demência: remédios a base de estatina para combater o colesterol ruim pode provocar efeitos colaterais como confusão mental, dificuldades de memória e diminuição da capacidade em aprender. Tem-se muito colesterol no cérebro e nervos com grande importância nas conexões neurais, na memória e aprendizagem, assim como nas reações e raciocínios rápidos.
Alberto Consolaro é professor titular da USP - Bauru. Escreve todas as segundas-feiras no JC.