Atire a primeira pétala quem nunca entoou, no videokê ou no chuveiro, os versos “te amo (é primavera) / meu amor, trago esta rosa (para te dar)”.
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| Cassiano em quatro discos: um craque da soul brasileira |
“Primavera (Vai Chuva)” ficou imediatamente associada a Tim Maia por ser a oitava das doze canções de seu primeiro álbum, lançado em 1970. A música, contudo, não é de Tim, mas de Cassiano e Silvio Rochael.
Cassiano participou do disco de Tim como guitarrista e ele próprio gravaria “Primavera” na sequência, em seu primeiro trabalho solo, “Imagem e Som”, de 1971. “Primavera” também foi registrada por outros nomes, como Nana Caymmi.
Cassiano, que vive quieto em algum canto do Flamengo ou Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, completou 72 anos em 16 de setembro, mês da primavera que começa oficialmente hoje.
Ele também é autor, com Paulo Zdanowski, de outros dois clássicos, temas das novelas “O Grito” (1976) e “Locomotivas” (1977): “A Lua e Eu” (“Mais um ano se passou / E nem sequer ouvi falar seu nome”) e “Coleção” (“Sei que você gosta de brincar / De amores / Mas, ó, comigo não”).
Cassiano também teria flores no caminho com “Salve Essa Flor”, de 1976, (outra parceria com Paulo). Na letra, cantava a angústia de uma flor diante das “ervas tão daninhas por perto”.
Genival Cassiano dos Santos, nascido em Campina Grande, foi “o crânio da soul music brasileira, uma entidade, master”, segundo Ed Motta.
Vale, no início da estação das flores, lembrar de um gênio cuja produção musical, apesar de resumida a cinco discos, também está espalhada por vozes como a de Marisa Monte (“Cedo ou Tarde”), Cláudio Zoli (“A Lua e Eu”) e Ivete Sangalo (“Coleção”). “Ele é meu grande mestre”, já disse Zoli.
Mestre cujas canções, assim como sua “Primavera”, não desbotam com o tempo.