24 de dezembro de 2025
Geral

Sibipiruna e canelinha lideram autorizações para corte

Thiago Navarro
| Tempo de leitura: 5 min

João Rosan
Secretária municipal do Meio Ambiente, Lázara Gazzetta detalha que pasta possui critérios para autorizar corte de árvores

Nos anos de 2014 e 2015, a sibipiruna e a canelinha foram as espécies que mais tiveram autorização para ser suprimidas em Bauru, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma). Comuns em décadas passadas, vários exemplares destas árvores estão próximas do final da vida. E a canelinha ainda teve o agravante de uma praga que dizimou centenas delas há alguns anos, e, agora, os poucos remanescentes começam a dar sinais de esgotamento.

Todas as árvores que estão nas calçadas dos imóveis precisam de autorização da Semma para que haja o corte. Obrigatoriamente, elas terão de ser substituídas por outra árvore, dentro de uma lista de espécies adequadas para a área urbana, conforme indicação da Secretaria.

De acordo com a secretária de Meio Ambiente, Lázara Gazzetta, atualmente incentiva-se o plantio de outras espécies. “Tivemos em Bauru uma fase em que só se plantava sibipiruna. Depois, teve uma época só de canelinha, outra de chapéu de sol. O problema é que ter uma grande quantidade de uma mesma espécie de árvore é complicado, fica muito suscetível a ação de pragas, por exemplo”, afirma. “No caso da canelinha, muitas sofreram com uma praga no passado e restaram menos exemplares. E dos que existem, alguns estão no fim da vida”, salienta.

Somente em 2015 (até o início de novembro), foram deferidos 74 pedidos de supressão de canelinha, com 24 pedidos indeferidos. No mesmo período, foram autorizadas 81 supressões de sibipiruna, mas outros 74 processos foram indeferidos. O oiti lidera na quantidade de processos indeferidos: 116, contra apenas 22 aprovados. Houve ainda 101 indeferimentos de processos para suprimir o chapéu de sol, e 32 autorizações.

Para Lázara Gazzetta, muitos pedidos destas árvores acabam não se justificando. “Muitas vezes, a pessoas se incomoda com a sujeira, por exemplo. O chapéu de sol é uma árvore caducifólia, ou seja, caem mais folhas no outono, que é uma época em que mais gente pede para fazer o corte, mas, na maioria das vezes, não há o deferimento porque nada justifica a supressão. Simplesmente o fato da árvore produzir sujeira não procede uma autorização para corte”, reitera. “Quanto ao oiti, foi uma árvore também muito plantada por ‘modismo’ há algumas décadas. É uma espécie adequada para áreas mais abertas, ela tem o mesmo porte da sibipiruna. Em locais com menos espaço, como sob a fiação, e nas calçadas em geral, não é a melhor árvore”, indica.

Até janeiro, a Semma espera concluir o Plano Municipal de Arborização, que vai apontar quais espécies são mais comuns em cada região da cidade, detectando a necessidade de plantio por setor.

Por região

Segundo dados da Semma, a região norte da cidade é a que concentrou o maior número de processos. “Isso se explica pela idade dos bairros. Em regiões mais antigas, muitas vezes não houve um plano adequado de arborização na época em que o bairro foi construído, e pode haver mais árvores em situação crítica”, justifica.

Pelos números da pasta, neste ano (até o começo de novembro), a região norte concentrou 301 processos, em bairros como Mary Dota, Vista Alegre, São Geraldo, Gasparini, entre outros. As outras regiões com mais processos foram a oeste (Falcão, Independência, Ouro Verde, Vila Dutra, entre outros), com 178, seguida pela lesta (Geisel, Redentor, Octávio Rasi, Cruzeiro do Sul, Cardia, entre outros), com 145, e a região sul (Estoril, América, Europa, Aeroporto, entre outros), somando 132. O Centro teve 22 processos e o Distrito de Tibiriçá outros oito.

Processo

Na semana passada, Rose Lopes, moradora da Vila Dutra, entrou em contato com o JC para informar que uma sibipiruna seria cortada no bairro, sem que estivesse com problemas. “Já cortaram outras árvores aqui na Vila Dutra e, agora, é uma sibipiruna que querem tirar. A Semma precisa ter critério para autorizar um corte, porque as árvores são importante, não só pela sombra, mas por tudo”, afirma.

De acordo com a Semma, no caso da sibipiruna citada por Rose, o proprietário pediu apenas uma poda, e não a supressão. “Não vão tirar a sibipiruna, aliás o pedido que chegou até a Secretaria é apenas para que fizesse uma poda e permitisse a construção de um muro, mas sem ter que tirar a árvore. Mas todo processo tem critério, nada é feito de qualquer jeito”, cita Lázara Gazzetta.

QUANDO É AUTORIZADO?

Para autorizar o corte de uma árvore, que precisará ser substituída por outra, são levados em conta critérios como a saúde do exemplar e riscos ao imóvel.

A titular da Semma salienta que todos os processos passam pelo mesmo trâmite dentro da pasta. O processo começa com pedido do munícipe no Poupatempo, abrindo-se prazo de 20 dias úteis, prorrogáveis por mais 10 dias úteis, a partir do momento em que a solicitação chega à Semma.

As vistorias aos locais incluem levantamento fotográfico, com a visita de um técnico da Semma (são quatro técnicos atualmente), resultando em uma ficha, com as fotos anexas. Todo o material é encaminhado à secretária do Meio Ambiente, que defere ou não o pedido com base nestas informações, publicando depois no Diário Oficial.

Queda com chuva

As fortes chuvas recentes em Bauru reabriram a preocupação com quedas de árvores, que são mais comuns em dias de tempestade com ventos intensos. A secretária de Meio Ambiente, Lázara Gazzetta, afirma que mantém contato com a CPFL para minimizar os efeitos das chuvas, mas que nem sempre isso é possível.

“A CPFL faz as chamadas podas em ‘V’ ou com aquele buraco no meio, deixando o espaço para o fio. É um tipo de corte que causa uma certa instabilidade na árvore. O ideal seria haver a compactação dos cabos, mas isso é caro e a CPFL não deve fazer. De qualquer forma, dependendo da intensidade da tempestade, não tem muito o que fazer, mesmo essas ações podem não dar tanto resultado”, resume a titular da Semma.