Em 28 de dezembro de 1895, há exatos 120 anos, 33 pessoas participaram da apresentação de dez filmes dos irmãos Louis e Auguste Lumière, no Salon Indien du Grand Café, 14, boulevard des Capucines, em Paris. Do outro lado do oceano, mais especificamente, em Bauru, os moradores da cidade relembram, com uma pitada de saudosismo, os filmes que marcaram duas vidas.
Falando em filme preferido, alguns bauruenses, coincidentemente, revelaram que os longas que mais os agradaram foram os primeiros que assistiram em uma sala de cinema. Esse é o caso do educador físico César Rocha Júnior, 50 anos. Ele gostou muito do “Flash Gordon”, um filme de super-herói lançado na década de 80. Inclusive, o educador físico o assistiu no extinto Cine São Rafael, que ficava na Vila Falcão.
O taxista Wil Dias, 26 anos, também aponta que o longa que marcou sua vida foi aquele que viu, pela primeira vez, na telona do cinema: “Jurassic Park”. Na época da estreia, ele tinha apenas 8 anos. Já a funcionária da área de telecomunicação Lucilene Ferreira dos Santos, 32 anos, demorou certo tempo para conhecer uma sala de cinema e, quando o fez, assistiu “A múmia”, aos 15 anos.
“Além de ser o primeiro longa que assisti no cinema, é um filme aventureiro com um toque de comédia”, acrescenta. Já o “cinéfilo irrecuperável” Faukecefres Savi não pensa duas vezes para dizer que o filme que mais chamou sua atenção foi “Por quem os sinos dobram”, baseado no romance de Ernest Hemingway. Dá para perceber que todo mundo é um pouco especialista em cinema, uma arte de 120 anos que se mantém atual a cada dia que passa.
História
Desde os primórdios da humanidade, havia a necessidade de registrar os movimentos através de pinturas e desenhos nas paredes. Há aproximadamente 7 mil anos, os chineses já projetavam sombras de diferentes figuras recortadas e manipuladas sobre alguma superfície. Atualmente, muita coisa evoluiu, tanto no mundo quanto em Bauru, conforme aponta o cinéfilo Faukecefres Savi.
Segundo ele, que ia ao cinema junto aos pais na década de 40 para assistir aos clássicos “Zorro” e “E o vento levou”, as salas estão mais confortáveis e as projeções são de altíssima qualidade. “Antes, os assentos pareciam bancos de igreja”, brinca. Savi destaca que a sétima arte é uma diversão barata, mas afirma que muitos longas não são exibidos nos cinemas de Bauru, como “Que horas ela volta?”, estrelado por Regina Casé e pré-indicado ao Oscar.
Bauru de antes
O cinéfilo Faukecefres Savi nasceu em 1932 e é testemunha ocular da história do cinema bauruense. Ele relembra que havia diversas salas, totalmente diferentes da realidade atual, em que o cinema está vinculado aos grandes centros de compras. Na cidade, ele se recorda do Cine Bauru (Centro), do Cine São Paulo (Centro), do Cine Bandeirantes (Centro), do Cine São Rafael (Vila Falcão) e do Cine Bela Vista (Bela Vista).
Contudo, havia ainda o Cine Brasil, o segundo cinema a ser fundado em Bauru, na década de 30. Assim como o Teatro São Paulo, o Cine Brasil foi um investimento de empresários da vizinha Botucatu (100 quilômetros de Bauru) e funcionava em um prédio arrendado da maçonaria, localizado na esquina da rua Agenor Meira com a Batista de Carvalho. O local ficou marcado como o primeiro da cidade a exibir um filme com som
Bauru de agora
Segundo o titular da Secretaria Municipal de Cultura, Elson Reis, não há nenhum cineclube na cidade atualmente. Ele acredita que seja pela facilidade de ter acesso aos longas online. “Não há necessidade de formar grupos de cinéfilos, mas nada se compara ao prazer de estar em uma sala de cinema”, observa. Atualmente, Bauru tem 15 salas, sendo seis no Boulevard Shopping Nações, cinco no Bauru Shopping e quatro no Alameda Quality Center. Por outro lado, o secretário reforça que há iniciativas de grupos no sentido de promover diversas atividades, entre elas, a projeção de filmes. “Está tudo mesclado”, explica. Além disso, algumas projeções partem do município dentro do Centro Unificado das Artes e do Esporte (CEU). Para 2016, Reis promete a 3.ª edição da mostra de curtas AnimaBru, uma iniciativa do Museu da Imagem e do Som (MIS).
FALA, ESPECTADOR!
“Eu assisti a todos os filmes do ‘Harry Potter’ no cinema, desde quando eu era criança até pouco tempo atrás, e me identifico com as fantasias.”
Tarsis Martinez Aro, 25 anos, professor de história
“Eu gostei do ‘Seresteiro de Acapulco’, com o Elvis Presley, porque eu sou fã do cantor, que era maravilhoso.”
Maria Iolanda Ribeiro de Freitas, 62 anos, tapeceira
“Eu fui ao cinema apenas uma vez, mas não me lembro de qual filme assisti. Porém, em casa, eu gostava de ver todos os longas de Steven Seagal, que trabalha bem é muito bonito.”
Isabel Martins Reis, 51 anos, dona de casa
“O filme que me marcou e que vi no cinema foi ‘O milagre’. É uma história de amor entre uma freira e um cabo da cavalaria. Chorei bastante quando assisti.”
Carlos Bonfim, 60 anos, aposentado
“Eu não vou ao cinema há muito tempo, mas o filme que me marcou foi o ‘Titanic’. É uma história de amor e, ao mesmo tempo, uma tragédia.”
Maria Rosa Camargo Torres, 55 anos, faxineira
“Nunca fui ao cinema, mas, em casa, o filme que mais me marcou foi ‘Esqueceram de mim’, porque é muito engraçado.”
Rosalina Matozo da Silva, 45 anos, dona de casa