15 de dezembro de 2025
Tribuna do Leitor

Acidente e o freio motor

Edison M. Maitino
| Tempo de leitura: 2 min

O Jornal da Cidade noticiou, na edição de segunda-feira, dia 22, tombamento de um caminhão carregado de laranjas, na alça de acesso da Castelinho com a Rondon, no município de Botucatu, sentido capital-interior. Segundo a reportagem, o motorista perdeu “o controle da direção e o peso da carga fez a carreta tombar”. À distância e mesmo sem ter conversado com o condutor sobre o porquê do acidente, parece-me que as causas foram outras das citadas na reportagem. Acidentes deste tipo acontecem com certa frequência. Anos atrás uma carreta carregada com cerâmica também capotou na alça da Rondon com a Nações Unidas aqui em Bauru, sentido interior-capital. Parece-me – à distância, repito, que acidentes com essas características acontecem porque os condutores não prepararam o veículo para a situação que vai ter à sua frente.


Nunca, em nenhuma circunstância, a carga transportada pode ser apontada como causadora do acidente. Se os condutores usassem corretamente o freio motor sempre que fosse necessário diminuir a velocidade do veículo, esses acidentes seriam evitados. Mas engatar uma ou duas marchas mais baixas parece soar como heresia para a maioria dos condutores, amadores ou profissionais. Preferem usar o freio em vez do freio motor e manter o veículo engatado numa marcha alta. Desconhecem, por exemplo, que entre a produção de energia pelo motor e o eixo motriz existe a caixa de câmbio.

E que a rotação do motor - indicada pelo tacômetro e a do eixo motriz – indicada pelo velocímetro têm que estar sincronizadas. E isso se aplica para transmissões mecânicas ou automáticas. Com frequência vejo em declives de estradas sair fumaça dos eixos traseiros de caminhões carregados, o que indica que o condutor está se utilizando apenas, única e tão somente dos freios. E o mais curioso é que algumas rodovias de longos declives ou serras dispõem de caixas de brita para serem utilizadas em casos de falha do freio.


Foi-se o tempo em que os freios falhavam. Em décadas passadas, numa quadra o veículo tinha freio; noutra, não. Era muito comum estourar as famosas “borrachinhas do freio”. Para remediar, os condutores tinham, necessariamente, que se valer do freio motor e do freio de mão. Atualmente, o sistema de freio de veículos dificilmente falha. Nem por isso os condutores devem prescindir do uso do freio motor, seja por segurança, seja por economia (no caso de motores injetados) ou por ambos.


Uma opção à instalação abusiva de radares e estabelecimento de limites ridículos de velocidade seria melhorar o processo de formação e habilitação dos condutores. E não ter a carga do veículo como causa de acidente.