23 de dezembro de 2025
Geral

Entrevista da Semana: Edson de Oliveira - um vencedor!

Ana Paula Pessoto
| Tempo de leitura: 7 min

Samantha Ciuffa
"Na vida, as coisas acontecem no momento em que devem acontecer", acredita Edson 

Algumas pessoas conseguem transformar suas vidas com garra e determinação, tornando-se exemplos. O personagem de hoje, Edson de Oliveira, é um desses indivíduos. Ele nasceu em Taquaritinga, onde teve uma infância bastante humilde e sofrida. Superou desafios, dos mais diversos, sempre com os estudos à frente, fez carreira e se aposentou no Banespa e construiu uma família bastante unida.   

“Eu tive Mal de Simioto, tive bronquite-asmática, sofri discriminação por ser de família espírita... trabalho desde que nasci. Aos 12 anos, eu pegava caminhão de boia-fria às 6h e voltava para casa às 19h, 20h. Alguns de meus irmãos morreram ainda na infância. Tudo o que eu conquistei foi graças aos meus esforços. Quem fez por mim foi Deus. Vim praticamente da lata do lixo e hoje tenho tudo: um bom salário, uma família maravilhosa e saúde”, narra. 
Edson é conhecido em Bauru também por ser professor voluntário no Centro Espírita Amor e Caridade (Ceac), onde oferece um curso gratuito de português e matemática para concurseiros. E garante que seus alunos têm sucesso garantido. Leia mais. 

Jornal da Cidade - O que o motivou a ser professor voluntário de português e matemática no Ceac?
Edson de Oliveira - O dia, para mim, deveria ter ao menos 30 horas, porque eu não consigo fazer tudo o que eu gostaria de fazer. Fico ocupado o tempo inteiro e não me conformo com aposentado que diz não ter o que fazer. Eu comecei a dar aulas no Ceac em 2007 e é uma longa história. 

JC - Vem de longa data?
Edson - Sim. Na verdade, eu sempre fui o primeiro aluno da classe. E, depois de aposentado, passei a estudar ainda mais. Eu gosto de ler. Leio muito. Chegou um momento em que achei que soubesse bastante e descobri que um dia vou morrer (risos) e deixar todo o conhecimento acumulado aqui. Então, resolvi distribuir um pouco, assim mato meu tempo e ajudo as pessoas. E temos tido bons resultados. Pessoas que não podem pagar estão arrumando bons empregos e passando em concursos. E eu garanto a aprovação de quem estudar no meu curso voltado para português e matemática.

JC - Qual é o diferencial do seu curso?
Edson - É um curso bastante objetivo, eu vou no âmago da coisa. Desenvolvi, com muito estudo, métodos práticos que passo para os alunos. Mas tem uma coisa, sou um professor linha dura. O curso é totalmente gratuito, de segunda a quinta-feira e, aos sábados, apelidamos de “plantão de dúvidas”. 100% dos meus alunos têm ensino médio e 30% têm curso superior. 

JC - O senhor deu aulas antes da aposentadoria? 
Edson - Eu estudei em uma escola industrial apelidada de “escola dos pobres”. Sou de uma família muito pobre. Meus pais não tinham condições de criar três filhos e tiveram 13. Sou o caçula. Sempre gostei de estudar muito. E, em Taquaritinga, também havia a “escola dos ricos”. Terminei a quarta série e fui para lá. Comecei a me destacar porque sempre estudei. Os professores até falavam para os alunos que aquele moço, no caso eu, que vinha da “escola dos pobres”, estava estudando e sabendo bem mais do que eles. E eu comecei a me projetar (risos). Até que os professores perceberam as minhas dificuldades financeiras e a minha boa vontade com os estudos e começaram a me arranjar aulas particulares. Com isso, eu podia comprar um tênis, levar minha namorada para passear, essas coisas simples, mas que meus pais não podiam me dar. Isso em meados da década de 1960.    

JC - Qual é a sua formação profissional? 
Edson - Em 1969 eu fui para São Paulo. Prestei vestibular e passei em quatro universidades. Escolhi a Universidade de São Paulo (USP), o curso foi economia. Mas meu sonho era medicina e fazia economia contra a minha vontade. Eu morava na rua Aurora, passei por muitas dificuldades naquela época. Mas minha vida mudou no começo de 1970, quando eu consegui entrar no Banespa. Estudei em 1970 e 1971. Em 1972, eu não aguentava mais a faculdade de economia e desisti. Sendo assim, não tenho curso superior e fiz carreira no banco. 

JC - O que mais o marcou na época de São Paulo?
Edson - Olha, eu passei por poucas e boas por lá, mas teve uma tragédia que ainda enche os meus olhos de lágrimas. Falo do incêndio do Edifício Andraus, em 24 de fevereiro de 1972, na avenida São João. Eu vi tudo. A estrutura virou uma bola de fogo. Na época, disseram que morreram 16 pessoas lá, mas foram centenas e centenas. Eu vi. Ajudei no que pude. Foi horrível. 

JC - Fale sobre a sua trajetória profissional. 
Edson - Eu me aposentei como chefe de seção. Entrei no banco em fevereiro de 1970, em São Paulo. Fiquei até o começo de 1982 e fui para Capão Bonito, onde fiquei por três anos e sete meses. Vim para Bauru em agosto de 1985, com uma promoção. Eu não conhecia Bauru, mas tinha a cidade no coração. Vim feliz da vida e aqui estou.  

JC - E como o senhor conheceu a sua esposa? 
Edson - Nós nos conhecemos na escola industrial. Namoramos durante oito anos e nos casamos. Ela também foi para São Paulo, onde nos casamos. Temos três filhos, que nasceram na Capital do Estado, e dois netinhos.

JC - Como teve início a sua história com o Ceac? 
Edson - Na vida, as coisas acontecem no momento em que devem acontecer. Uma de minhas filhas começou a frequentar o Ceac. E eu dava risada dela, porque não acreditava em nada. Até que minha esposa a acompanhou um dia, gostou e me chamou. Eu, sempre muito resistente, acabei indo. Não sai mais. Para você ter ideia, eu já li 354 livros espíritas e ainda não é nem a metade do que eu quero ler. Hoje, além das aulas voluntárias, eu fiz curso de orientação mediúnica, fiz parte de vários grupos mediúnicos, frequento o lugar seis dias por semana e sou voluntário no albergue.

JC - Quem é o Edson de Oliveira?
Edson - Sou nervoso e explosivo. Eu não faço nada pela metade. Quando começo uma coisa, quero que fique perfeito. Se não ficar, chuto o balde, jogo tudo fora e começo outra vez. A doutrina espírita me mudou muito. Eu já fui muito briguento mesmo, no trânsito, então, nem se fala. Aprendi muito mesmo com o passar dos anos. Hoje sou gentil e procuro ajudar ao máximo o próximo. Aprendi que fazer algo de bom para os outros traz paz.      

JC - O senhor se considera um vitorioso na vida?
Edson - Muito mesmo, de primeira linha. Eu tive Mal de Simioto, que é doença de criança desnutrida. Tive bronquite-asmática, sofri discriminação por ser de família espírita. Trabalho desde que nasci. Aos 12 anos eu pegava caminhão de boia-fria às 6h e voltava para casa às 19h, 20h. Alguns de meus irmãos morreram ainda na infância. Tudo o que eu conquistei foi graças aos meus esforços. Quem fez por mim foi Deus. Vim praticamente da lata do lixo e hoje tenho tudo: um bom salário, uma família maravilhosa e saúde. Precisa mais alguma coisa? Não!     

 

Edson de Oliveira

Tem 71 anos e nasceu em Taquaritinga/SP

É do signo de virgem

Casado com Terezinha Yassuko Aoki de Oliveira, tem três filhos: Selma, Celene e Fábio

O hobby é lecionar português e matemática

Como livros de cabeceira, ele destaca as leituras espíritas

Quando o assunto é música, ele grifa as obras de Nelson Gonçalves e Altemar Dutra, e não despreza um bom sertanejo

O time de futebol é o Corinthians

Nota 10: para os que dão algo de si em favor do bem do próximo

Nota 0: para os que se fecham em uma vida contemplativa, ou seja, aquele que fica vendo "a banda passar"

E-mail: eoliveira0409@gmail.com

Perfil 

Edson de Oliveira

Tem 71 anos e nasceu em Taquaritinga/SP

É do signo de virgem

Casado com Terezinha Yassuko Aoki de Oliveira, tem três filhos: Selma, Celene e Fábio

O hobby é lecionar português e matemática

Como livros de cabeceira ele destaca as leituras espíritas

Quando o assunto é música, ele grifa as obras de Nelson Gonçalves e Altemar Dutra, e não despreza um bom sertanejo

O time de futebol é o Corinthians

Nota 10: Para os que dão algo de si em favor do bem do próximo

Nota 0: Para os que se fecham em uma vida contemplativa, ou seja, aquele que fica vendo "a banda passar"

E-mail: eoliveira0409@gmail.com