Ele comanda o melhor kickboxing do Brasil
| Arquivo pessoal |
| Thiago Vianna com a esposa, Edmara, e a filha Sofia |
| Samantha Ciuffa |
| Ele é o técnico da seleção brasileira de kickboxing em competições no Exterior |
| Arquivo pessoal |
| Thiago (centro) com a mãe Maria Gorete e pai Washington Vianna: sempre juntos |
| Arquivo pessoal |
| Thiago Vianna e parte da equipe competitiva que disputou e conquistou o título geral do Sul-Americano em Foz do Iguaçu (PR) |
Seu round tem duração de 17 horas por dia - de puro envolvimento com kickboxing. Modalidade esta que, em Bauru, graças ao trabalho desenvolvido por ele, ganhou o patamar de ser considerado potência nacional e sul-americana. Extremamente competitivo, Thiago Vianna não para. É o típico profissional que "descansa carregando pedra", como costuma descrever.
Thiago Vianna diz buscar sempre mais e melhor. E talvez seja esse o segredo do seu sucesso, aos 32 anos, onde é reconhecido por inovar, renovar e se reinventar a cada dia no ensinamento da arte marcial que, de fato, mudou sua vida.
Nos últimos 12 anos, o bauruense do Jardim Redentor, que sempre estudou em escolas públicas e é formado em educação física, passou de segurança de supermercado e marceneiro para ser um dos principais nomes da arte marcial brasileira, onde lidera uma legião de mais 800 alunos praticantes, entre a sua matriz de Bauru, o Centro de Treinamento Thiago Vianna de Kickboxing, e as filiais das cidades na região.
Ele é também o técnico da seleção brasileira da modalidade em competições no Exterior. Uma de suas característica mais marcantes é o patriotismo. Vida pessoal, trabalho e lazer carregam as cores da bandeira nacional.
Dono de dezenas de troféus de todas as categorias possíveis do kickboxing, no Brasil e na América Latina, além de milhares de medalhas individuais de seus alunos, ao ser perguntado sobre sua conquista mais importante, Thiago Vianna descreveu que é aquela que ele ganhou há quatro meses: pesa 5 quilos e 630 gramas e atende pelo nome de Sofia.
JC - Como o kickboxing entrou em sua vida?
Thiago - Um amigo meu, o bombeiro João Guilherme Bragaia, me convidou em 2006 a fazer uma aula e eu vi ali que era aquilo que eu queria pra minha vida. Me formei em educação física, trabalhei como personal e aos poucos fui começando a dar aulas aos primeiros alunos. Minha equipe começou com estudantes do Cips, onde eu era coordenador esportivo. De lá pra cá a equipe cresceu de uma forma incrível. Dois alunos da primeira turma estão comigo até hoje, depois de 11 anos. Os faixas pretas Marquinho Nunes e Thiago "Capu".
JC - A que fator você atribui ao sucesso como treinador?
Thiago - Muito trabalho e dedicação de fazer aquilo que gosta, com amor. Eu começo a trabalhar às 6h da manhã e encerro por volta das 23h, de segunda a sexta. E nos finais de semana sempre tem uma aula especial, exame de faixa, uma competição e detalhes que a gente sempre está envolvido para melhorar a equipe e o kickboxing de Bauru.
JC - E o tempo da família?
Thiago - A família está sempre comigo, nos tatames, participando da organização. Meus pais, minha esposa Edmara e a minha filinha Sofia também. E isso tem sido fundamental. Quando estou em casa, aí sim, eu me desconecto totalmente.
JC - Verdade que você conheceu a esposa no ônibus?
Thiago - É verdade. Eu estava voltando para casa do trabalho e a gente se viu dentro do ônibus. Não nos conhecíamos, mas trocamos olhares. Depois, por coincidência, encontrei ela novamente, uma semana depois, e começamos a conversar e a se conhecer. Estamos juntos até hoje.
JC - De onde veio esse amor pela bandeira do Brasil
Thiago - Aos 18 anos eu servi a 6ª Circunscrição de Serviço Militar de Bauru (6ª CSM). E isso foi fundamental pra mim. Me deu um norte. Sou grato demais ao coronel do Exército de Bauru da época, Sérgio Gonçalves Brito. Me incentivou a desenvolver o meu potencial, sempre acreditou em mim. Aprendi muito no Tiro de Guerra e devo muita coisa do que sou e conquistei hoje ao serviço militar. A academia, o escudo da minha equipe e os uniformes todos levas a bandeira e as cores do Brasil.
JC - Você ganhou um prêmio muito importante recentemente. Conte sobre isso.
Thiago - Disputamos o 10.º Campeonato Sul-Americano em Foz do Iguaçu e fomos, mais uma vez, a melhor equipe e a maior delegação, não só do Brasil, como de todo o campeonato. Conquistamos 26 medalhas, sendo 14 de ouro. Houve um fato inédito. O troféu principal do torneio, o que simboliza um samurai japonês, e é premiado à federação do país campeão, foi nos presenteado, para ficar na nossa academia, em Bauru, por mérito de tudo que fazemos pelo kickboxing brasileiro. Esse troféu coroou a minha carreira.
JC - Você começou um trabalho social recentemente. Como funciona?
Thiago - Quem me conhece sabe o quanto eu ajudo meus alunos. E lá na academia a gente costuma dizer que somos todos de uma grande família, onde cada profissional, dentro de sua área, ajuda uns aos outros. E eu comecei um trabalho de ensinar o kickboxing para pessoas de periferias, que a gente avalia que realmente não podem pagar e meninos que passam pelo acompanhamento de unidades do Centro de Apoio Psicossocial (Caps) de Bauru. O esporte pode mudar o destino dessas pessoas, assim como foi comigo.
JC - Você se tornou palestrante também?
Thiago - Hoje nosso trabalho e os resultados estão sendo reconhecidos em Bauru e por onde vou. E quem é professor sabe: é fundamental compartilhar conhecimento. Eu só não consigo atender os pedidos de ir para palestrar no Rio de Janeiro, mas em Bauru atendo todos que me procurar. Palestro em faculdades e várias empresas, onde conto minha história, fala de empreendedorismo, qualidade de vida e perspectivas.
JC - O que seria um centro de treinamento dos sonhos?
Thiago - Apesar do crescimento da equipe, tem muita coisa para evoluir. Meus objetivos são de montar um espaço para crianças, para que os pais possam treinam enquanto os filhos ficam aqui com monitores.
JC - Bauru precisa de mais lideranças no esporte?
Thiago - Sim, sem dúvida. Nas artes marciais temos excelentes representantes em Bauru. E a série especial que o JC fez mostrou isso. O que é difícil é formar novas lideranças dentro de cada modalidade. Eu, por exemplo, não consigo ficar muito tempo longe da minha academia. Apesar de ter alguns instrutores competentes que me ajudam, são poucos o que você observa que são líderes natos, que quando você estiver fora por um mês continuarão fazendo exatamente como você faz, de forma correta, organizada e de alto nível.
PERFIL
Thiago de Miranda Vianna tem 32 anos, nasceu em 26/5/1985, em Bauru. Pai: Washington Ferreira Vianna. Mãe: Maria Gorete de Miranda Vianna. Tem como hobby jogar futebol e sair com os amigos. É casado com Edmara Vianna desde o mês de fevereiro, mas estão juntos há mais de uma década. Ganharam recentemente a pequena Sofia, agora, com quatro meses. Quando assunto é música, ouve gospel. Torce pelo Corinthians. Thiago Vianna dá nota 10 para a sua mãe Maria Gorete. E atribui nota zero para o atual cenário da política brasileira.