Intrigado, perguntei a várias pessoas simpáticas ao socialismo o que elas entendiam por isso: todas disseram que é o mesmo que ter preocupação com a pobreza ou com a desigualdade social. Achei ótimo, mas conheço várias pessoas com esta mesma preocupação, inclusive trabalhando discretamente neste sentido, e sem usar esta tabela socialista. Vincular preocupações sociais com socialismo, é uma bela jogada inspirada em "Gramsci" para angariar simpatias a este sistema, sem que se saiba direito o que se está apoiando. Socialismo representa algo muito mais amplo e apoiá-lo significa avalizar tudo que é parte dele como, por exemplo: é um sistema nada democrático, apesar dos socialistas gostarem muito de usar a democracia dos outros (novamente Gramsci).
Outro erro que se comete é achar que o capitalismo simboliza a ganância e a exploração, mas isso são falhas de algumas pessoas e não do sistema, e, portanto, pode ocorrer também no socialismo. A ideia de capitalismo é simples: representa a liberdade de se criar e empreender. E como consequência, devido a multiplicidade de atividades geradas pela iniciativa privada, o dinheiro circula mais de mão em mão, ou seja, o trabalho e o ganho de um, ajuda a criar o trabalho e o ganho do outro, ocasionando ao final um benefício coletivo. Esta é a grande virtude do capitalismo. Já o socialismo não tem esta liberdade, dinamismo e riqueza, e é um sistema que visa a igualdade não importando a capacidade e esforço das pessoas. Outra diferença se refere a estrutura de poder: no capitalismo é fragmentada (executivo, legislativo, judiciário, ministério público...) e democrática e no socialismo é concentrada e ditatorial.
O mais irônico do capitalismo é que sua liberdade propiciou o surgimento de um grupo de intelectuais bem pagos, que vivem do pensamento e desenvolvem ideias onde, em grande parte, criticam o próprio capitalismo, principalmente a desigualdade social que ele gera. Mais incrível ainda é que muitos destes intelectuais sugerem o socialismo para corrigir isto, e parecem não saber que neste sistema não há democracia, onde não teriam mais as mesmas oportunidades de criticar, e com a mesma amplitude e liberdade que o capitalismo lhes oferece. Realmente a desigualdade no Brasil é exagerada, mas, como veremos adiante, aqueles intelectuais também não sabem que o socialismo corrige a desigualdade, mas nivelando tudo por baixo, ou seja, a pobreza ele não corrige. Entretanto, existem países (Noruega, Japão, Suécia...) ricos e capitalistas, que seguem um modelo próprio e conseguem níveis de desigualdade bem melhores. Se eles conseguem, nós também podemos conseguir mas, antes, é necessário buscarmos as verdadeiras raízes disto tudo. E, com certeza, a solução principal passa por um povo que saiba eleger políticos realmente preocupados em colocar o Brasil mais próximo daquele modelo de países. E também por uma justiça mais eficaz no combate à corrupção, por uma educação imparcial e de qualidade e uma mídia independente que ajude neste processo.
Entretanto, neste caminho temos também pessoas influentes e bem posicionadas (na política, mídia, universidades, ...) simpáticas ao socialismo, que ainda insistem nesta alternativa. É incrível, mas, o que talvez ajude a explicar isso, é o fato de que, ao passar do capitalismo para o socialismo, essas pessoas pensem que a riqueza total do País (PIB) permaneça e, com a redistribuição igualitária, acabe melhorando a vida dos mais pobres. Mas não é bem assim que aconteceria! Nesta troca, a riqueza antes gerada pelo capitalismo evapora, uma vez que seu dinamismo diminui muito (fábricas iriam fechar, haveria fuga de capitais, ...), estabelecendo no socialismo uma sociedade mais estática e, portanto, mais pobre. Nesta opção socialista, não é possível resolver o caso da pobreza e da desigualdade ao mesmo tempo. Nela se resolve apenas o da desigualdade, mas nivelando tudo por baixo. Já na opção capitalista é possível melhorar a pobreza junto com a desigualdade, conforme se vê naquele modelo de países ricos já citados.
Outra referência é compararmos com os casos da Venezuela e da China. Enquanto a caótica Venezuela caminha pro socialismo total e empobrece cada vez mais, a China, antes apenas socialista, em 1978 permitiu uma abertura capitalista, resultando na parte chinesa que está melhor, enquanto a restante "muito maior" continua na pobreza socialista. Entretanto, para tentar manter a riqueza capitalista, se por hipótese a esquerda chegou a pensar num sistema "fascista" no lugar do socialista - como estava se desenhando no Brasil com a cooptação das empresas -, pode esquecer: Mussolini e Hitler já tentaram e o final foi um desastre.