De boa prosa e com uma memória invejável, Francisco Luciano Sampaio, mais conhecido como Luciano da Zoomp, de 87 anos, não nasceu em Bauru, mas construiu a sua vida na cidade.
Em um dos quartos do apartamento 2 da rua Primeiro de Agosto, 9-72, na região central, o empresário montou a sua butique, onde vendia, inicialmente, calças da Zoomp - por isso, o apelido pelo qual é reconhecido até hoje.
| Malavolta Jr. |
| Luciano mostra a carteira de trabalho; seu primeiro registro foi na Cooperativa de Consumo da Noroeste do Brasil |
Do quarto de um apartamento até uma ampla loja - que, atualmente, leva o nome da filha caçula do aposentado, Gaby Sampaio -, no Bauru Shopping. Luciano atribui tamanho sucesso à transparência. "Se algo não caía bem, eu não deixava levar", complementa.
Abaixo, ele fala sobre a vida pessoal, as conquistas profissionais e até dá dicas para quem está começando a empreender.
Jornal da Cidade - O senhor não nasceu em Bauru, mas construiu a vida na cidade. Como foi a sua infância?
Francisco Luciano Sampaio - Eu nasci em Birigui, perto de Araçatuba, no Interior de São Paulo. Minha família não morava nesta cidade, mas sim, em Coroados. A minha mãe era dona de casa e o meu pai, ferroviário. Por conta disso, vivíamos nos mudando. Já moramos em Araçatuba, Lavínia e Andradina, onde passei a minha infância e adolescência. Em seguida, quando eu completei 17 anos, viemos para Bauru, porque o meu pai foi transferido para cá.
JC - O que fez quando chegou a Bauru?
Luciano - Em Bauru, eu fiz o científico no Ernesto Monte e o magistério no Guedes de Azevedo. Aos 18 anos, especificamente, no dia 31 de março de 1950, comecei a trabalhar na Cooperativa de Consumo da Noroeste do Brasil, que abrigava armazém, farmácia, marcenaria, enfim, diversos serviços destinados aos ferroviários. Quando completei 43 anos, consegui aposentar por invalidez, por conta da catarata. Agora, também me aposentei por tempo de serviço e idade.
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| Luciano e Maria Gracy, que exerceu o magistério, foram apresentados por amigos em comum e estão juntos há 43 anos |
JC - E como conheceu a sua esposa?
Luciano - Ela é professora de português aposentada e lecionava em Bauru e Pederneiras. Uma colega de trabalho dela nos apresentou, porque eu conhecia o marido da moça. Em 1975, nós nos casamos e tivemos um casal de filhos, o Gustavo e a Gabriela.
JC - Depois que o senhor se aposentou, começou a vender calças da Zoomp?
Luciano - Sim. Eu vendia os produtos ainda na residência da minha mãe, que vivia no apartamento 2 da rua Primeiro de Agosto, 9-72. Em seguida, eu e minha esposa nos mudamos para a nossa casa, na quadra 4 da rua Presidente Kennedy. Lá, eu reformei e, assim, a butique começou a ganhar forma. Nesta época, outras duas lojas e mais uma pessoa me ajudavam a vender. Comecei a trabalhar com a marca, em casa, porque um dos donos da Zoomp era o meu sobrinho.
JC - O senhor, então, recomeçou a vida profissional?
Luciano - Sim e gostei bastante. Mensalmente, eu viajava a São Paulo para buscar as calças e as camisetas. Tive sorte, porque comecei vendendo bem, sendo que o auge foi em 1982. Só sei que não sobrava nada no estoque.
JC - Quando o senhor abriu a loja no Bauru Shopping?
Luciano - Em 1989, me ofereceram a franquia da Zoomp, mas eu teria de comprar uma loja no shopping. Em novembro do mesmo ano, inaugurei a unidade, localizada perto de onde, hoje, é o Rei do Mate. Era uma loja de sete por cinco e vendíamos muito bem, até que, em 1995, compramos um espaço maior, ao lado das Casas Bahia, também no Bauru Shopping. Posteriormente, o estabelecimento passou a se chamar Gaby Sampaio, em homenagem à minha filha caçula, Gabriela. E não é que o nome pegou?
JC - Mas, atualmente, a loja trabalha com outras marcas, não?
Luciano - Em 2000, acabou a franquia com a Zoomp, mas nunca deixei de trabalhar com a marca. Além dela, peguei a Cavalera, Maria Filó, Lucy in the Sky, Divina Decadência, Osklen, entre outras. Hoje, trabalhamos com a Osklen, Cavalera, Reserva, John John e, claro, a Zoomp.
JC - A que o senhor atribui tamanho sucesso?
Luciano - Olha, eu sempre fui honesto com os meus clientes. Se algo não caía bem, eu não deixava levar.
JC - O senhor trabalha na Gaby Sampaio até hoje?
Luciano - A parte de escritório e pessoal sou eu quem faço. Já aquilo que exige conhecimento em informática fica a cargo do meu filho, Gustavo, que é formado em Administração de Empresas. Além disso, eu vou aos showrooms até hoje. Na última terça-feira, eu fiz Osklen e Cavalera, em São Paulo, com a minha filha, Gabriela. Embora eu seja o dono da loja, os meus filhos são os meus sócios e trabalham duro. Para você ter ideia, a unidade deu tão certo que o marido da minha filha, que também se chama Gustavo, abriu uma unidade semelhante em Avaré, onde o casal vive. Inclusive, o local tem o mesmo nome, Gaby Sampaio.
JC - Por fim, qual é o conselho que o senhor dá para quem está começando a empreender?
Luciano - A primeira dica é pesquisar muito bem o local onde vai vender, já que isso determina o tipo de cliente que deverá atender. Em segundo lugar, é importante escolher a dedo os melhores parceiros. Porém, não dá para fazer nada sem ter capital.
| Reprodução/Malavolta Jr. |
| O casal Maria Gracy de Lima Sampaio e Francisco Luciano Sampaio com os filhos Gabriela e Gustavo, hoje sócios |
Perfil
Nome: Francisco Luciano Sampaio
Idade: 87 anos
Pais: Álvaro Sampaio e Henriqueta Padovani Sampaio (já falecidos)
Irmãos: Eunice (já falecida), Ruth, de 92 anos, Dirce, de 90, e Ary, de 88
Esposa: Maria Gracy de Lima Sampaio, de 77 anos
Filhos: Gustavo de Lima Sampaio, de 42 anos, e Gabriela de Lima Sampaio Gonçalves, de 38
Time: Palmeiras
Filme: Sou cinéfilo e o filme que mais gostei foi "E o vento levou"
Livros: Gosto muito de ler e o meu escritor favorito é o A. J. Cronin
Signo: Touro