22 de dezembro de 2025
Polícia

Vingança, drogas e briga familiar motivaram homicídios em Bauru

Marcus Liborio
| Tempo de leitura: 4 min

Douglas Reis
Titular da DIG, Cledson Nascimento explica as investigações

Fotos: Polícia Civil/Divulgação
Acusado de executar adolescente de 14 anos em saída de baile funk, Yago Gabriel Gomes de Sá continua foragido

A Polícia Civil esclareceu três homicídios ocorridos em Bauru entre abril e a semana passada. Entre os motivos dos crimes, estão vingança, briga familiar e acerto de contas. Em um deles, uma adolescente de 14 anos foi executada com seis tiros na saída de um baile funk. Os outros casos envolvem um jovem baleado que morreu no hospital e uma mulher que vivia embaixo do viaduto da Rodrigues com a Marechal Rondon, atingida com um tiro no rosto.

As investigações apontaram cinco pessoas com envolvimento nas mortes. Duas delas, entretanto, seguem foragidas, informa o titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), o delegado Cledson Nascimento.

APÓS BRONCA

Paulo Rodolfo Souza, o Dentinho, foi preso por assassinar mulher de 40 anos embaixo de viaduto

Emilly Vitória Germano Belao, de 14 anos, foi morta com seis tiros na saída de um baile funk, no bairro Ferradura Mirim, no sábado passado, conforme o JC divulgou. O caso, que chocou pela violência e pela idade da vítima, foi solucionado em menos de uma semana. Morador do bairro, Yago Gabriel Gomes de Sá, 23 anos, foi apontado como autor do crime.

De acordo com relatos de testemunhas colhidos pelos policiais civis, a vítima fazia uma faxina em uma residência, quando Yago e outra adolescente entraram no imóvel para namorar.

"A Emilly, então, o repreendeu porque ela não era a dona da casa. Por conta da bronca, o rapaz deu uma surra nela. Bateu severamente na menina", conta o delegado.

Em razão das agressões, ela teria denunciado, à Polícia Militar, o envolvimento do jovem com o tráfico de drogas, passando, inclusive, a placa do carro que ele usava para vender entorpecente.

"No dia 22 de junho, Yago teve o veículo aprendido administrativamente durante uma abordagem em Duartina, onde ele abastecia um ponto de venda de drogas".

Segundo o delegado, o rapaz teria descoberto a denúncia feita por Emilly e passou a ameaçá-la.

"Ele foi até a residência dos pais da menina e disse que iria matá-la, que queria o dinheiro para reaver o carro. Num primeiro momento, ficou somente na ameaça".

Tânia Maria Gomes dos Santos Guerra, 48 anos, também está presa acusada de envolvimento no homicídio ocorrido embaixo de viaduto

Porém, no baile funk, Yago encontrou a garota e ordenou que ela fosse embora. "A gente apurou que ela confrontou o rapaz, se negando a sair do local. No fim da festa, ele a surpreendeu. Ela tentou correr, mas o Yago efetuou dois disparos na perna. Ela caiu e ele atirou mais duas vezes no abdômen e uma na cabeça".

Com depoimento de testemunhas e apreensão de alguns materiais, a DIG concluiu a autoria do homicídio e entrou com pedido de prisão temporária nesta quinta contra Yago, que, até o fechamento desta edição, permanecia foragido. 

TRAFICANTE FURTADO

O assassinato de Samanta Fabiana Benedita, 40 anos, também foi esclarecido. A mulher vivia embaixo do viaduto da Rodrigues com a Rondon, onde foi encontrada morta com um tiro no rosto. Ela utilizava este local, inclusive, para usar e vender drogas, afirma o delegado.

Willian Rogério do Nascimento, que está foragido; ele estava junto com Dentinho e Tânia Maria Gomes dos Santos Guerra

Acusado de matá-la, Paulo Rodolfo Souza, 20 anos, conhecido como Dentinho, havia assumido o tráfico de entorpecentes na região.

"A Samanta ficou sabendo onde ele escondia a droga e foi lá furtar o traficante, com mais dois usuários", relata.

Segundo o delegado, além de consumir o crack, ela ainda comercializava a droga no local. "O Dentinho descobriu o que estava acontecendo e, na companhia de um casal, se dirigiu ao viaduto para procurá-la".

Tânia Maria Gomes dos Santos Guerra, 48 anos, e Willian Rogério do Nascimento, 44, estavam juntos com Dentinho no momento do crime.

"A vítima percebeu que eles estavam chegando e avisou os demais, que conseguiram fugir. Ela, porém, acabou sendo assassinada. O Dentinho nega que a tenha matado, mas a mulher (Tânia) confirmou tudo".

Dentinho e Tânia estão presos temporariamente. Já William segue foragido, diz Nascimento. 

Polícia Civil/Divulgação
João Kleber teria matado seu desafeto no Parque Jaraguá na frente da filha da vítima; ele está preso desde o mês passado

NA FRENTE DA FILHA

O último crime esclarecido foi a morte de Emerson Paulo dos Santos, 20 anos. Ele e o acusado, João Kleber dos Santos, 22, tinham filhos com a mesma mulher. O primeiro, segundo o titular da DIG, teria proibido João de visitar o filho.

"Em razão disso, o João Kleber armou uma tocaia em uma viela bem próxima da residência de Emerson, no Parque Jaraguá, e efetuou um disparo na cabeça dele. Quando ele caiu, na frente da sua filha, o acusado ainda tentou atirar novamente, mas a arma falhou e ele fugiu".

O crime ocorreu em 27 de abril. Emerson ficou internado em um hospital da cidade por 15 dias, quando morreu.

"O João está preso desde o mês passado. Nesta quinta, saiu o resultado do exame residuográfico confirmando que ele havia atirado. Agora, pedimos a prisão preventiva dele", finaliza Nascimento.