19 de dezembro de 2025
Tribuna do Leitor

Gramsci: o estrategista da revolução silenciosa!

Cesar Augusto Teixeira de Carvalho - Prof. Dr. aposentado do Dep. de Engenharia Civil - Faculdade de Engenharia da Unesp - Bauru
| Tempo de leitura: 4 min

Antônio Gramsci (1891-1937) foi filósofo, jornalista, político e membro-fundador do Partido Comunista na Itália. Enquanto preso pelo governo fascista de Benito Mussolini, escreveu "Cadernos do Cárcere" onde arquitetou a estratégia para tomada do poder e instituir o socialismo, de uma forma sútil usando a própria democracia. A receita de Gramsci é distinta do modelo utilizado por Lênin - que foi pelo uso da força - aplicado na Rússia quando da criação da União Soviética (1922 - 1991), e sua ação contaria com agentes infiltrados em setores vitais da sociedade, como nas escolas, igrejas, sindicatos, mídias, e aqui no Brasil, até no judiciário. Além da política, claro!

A estratégia gramscista prevê uma implementação gradual, discreta, integrada e o que a torna mais penetrante e eficiente, é o fato de agir sorrateira e mais diretamente junto aos jovens nas escolas e igrejas. E na sociedade em geral através da mídia, com propagandas de apoio direcionadas a causa socialista, mas imperceptíveis para grande maioria da população. Um dos objetivos preliminares é procurar mudar a cultura dominante, para aceitação mais fácil de elementos do socialismo e, para isto, espera-se gerar a maior confusão possível, distorcendo conceitos a favor da causa e, ao mesmo tempo, corroer os pilares democráticos usando a liberdade e os recursos que a própria democracia oferece. Assim, estariam se abrindo portas para a conquista do poder de maneira tranquila, sem necessidade da luta armada.

No Brasil, faz tempo que ouvimos dos militantes da esquerda expressões do tipo: "socialismo democrático" ou "socialismo com liberdade". Estas expressões são bem pensadas para se lançar na sociedade a ideia de socialismo associado com algo já bem aceito, e tornar o conjunto mais palatável. Para se entender a sutileza da "novilíngua" criada para confundir as pessoas - como se vê no filme "1984" de George Orwell -, os gramscistas creem que isto é útil para a causa socialista, pois induz na memória popular algo melhor e diferente do regime ditatorial e violento utilizado na União Soviética, e que repercutiu mal no mundo todo. Além disto, estas colocações tornam tudo muito embaralhado na cabeça das pessoas menos informadas, e elas começam a achar que socialismo é apenas um governo com "preocupação social", nada mais - o que está muito longe da verdade. Como é fácil perceber, é impossível existir um "socialismo democrático ou com liberdade": este sistema exige mesmo "força bruta" na sua implementação e manutenção, pois ele contraria a natureza humana ao impor "igualdade a todos", uma vez que as pessoas são diferentes entre si, em ambições, habilidades e determinações. Mas, os gramscistas acham que tal deturpação dos conceitos ajuda a obter apoio popular em questões importantes, sem que estas saibam direito o que estariam apoiando. Por exemplo: no Brasil, a esquerda no poder já tentou bloquear a liberdade de imprensa propondo a criação de conselhos populares com o pomposo nome de "Controle Social da Imprensa". Lógico que o "controle" seria deles e o objetivo final era óbvio: neutralizar todo setor da imprensa não simpáticos a causa socialista.

Quanto aos jovens, muitos entram nessa facilmente devido à inexperiência e rebeldia natural da idade, e com aquela vontade danada de se sentir importante e querer salvar o mundo. E os alunos são iludidos pelo bonito discurso de justiça social e igualdade, tornando-se presas fáceis do poderoso professor especialista em Marx-Gramsci, que deveria ensinar com a mesma eficiência e isenção, as vantagens e desvantagens dos vários sistemas (capitalismo, socialismo, fascismo...), mas bate sempre na tecla que todos os males da vida são causados pelo capitalismo, pelos mais ricos e pelo imperialismo americano. Por outro lado, setores da mídia são cooptados tornando-se soldados leais da propaganda gramscista, para dar sustentação que ajudam a causa socialista. Se o partido de esquerda estiver no poder, ai tudo fica mais fácil ainda, pois a cooptação será feita até com dinheiro público através de anúncios e propagandas.

Com todo este pacote integrado, tem-se um fabuloso plano para a tomada do poder. É lento, mas eficaz e difícil de detectar e combater, pois mexe com doutrinações enraizadas pacientemente. A atuação junto aos jovens e o apoio da mídia, associados com a confusão gerada por essa "novilíngua de duplipensar" (socialismo democrático, pátria educadora, controle social, ...), com termos que dão uma áurea de organização, rumo, esperança e tranquilidade, o que se espera é que a resistência da sociedade seja mínima. Até que a coisa de verdade acontece e se estabelece como já ocorreu na Venezuela. Mas, felizmente, parece que o Brasil acordou!

Em tempo: Existem estudiosos de Gramsci que o colocam de forma diferente do exposto. Alegam que "Cadernos do Cárcere" foi escrito motivado pelo clima de dominação fascista que imperava na Itália naquela época, situação que Gramsci combatia. Preso, reagiu sugerindo a criação de um bloco com "hegemonia cultural" para influenciar a sociedade positivamente, pela via da liberdade e convencimento. Será? Pode até ser, mas, Gramsci sempre foi usado negativamente para mudar a cultura de uma sociedade, visando sua dominação e não sua emancipação. Basta verificar o que foi feito aqui no Brasil, conforme relatado anteriormente.