18 de dezembro de 2025
Geral

Diretor da Apae ganha automóvel e entidade garante lisura no sorteio

Tisa Moraes
| Tempo de leitura: 2 min

O coordenador financeiro da Apae Bauru, Renato Golino, foi o ganhador do prêmio principal do mais tradicional sorteio da entidade. Nesta última edição do Festival de Prêmios, encerrada em fevereiro de 2020, o maior vencedor ganhou um automóvel Onix Joy.

Esta não é a primeira vez que um funcionário da associação fica com o item mais importante do sorteio, o que tem levado alguns moradores da cidade a contestarem a lisura do processo. A Apae, contudo, garante que todos os trâmites ocorrem dentro da legalidade, de acordo com regulamentação da Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria (Secap), órgão vinculado ao Ministério da Economia.

A presidente da Apae Bauru, Gisele Aparecida de Camargo Tavares, e o coordenador geral da instituição, Roberto Franceschetti Filho, explicam que o sorteio, que tem caráter filantrópico, é realizado há 22 anos, sempre com a possibilidade de participação dos funcionários.

"As regras são diferentes de um sorteio comercial, como os realizados por empresas. O regulamento não veda a participação de funcionários e o sorteio não pode ser eletrônico. Precisa ser manual, a partir de uma combinação de números dos prêmios da Loteria Federal", detalha Franceschetti Filho.

Gisele afirma que, todos os anos, envia uma prestação de contas ao órgão regulamentador e que o balanço nunca foi questionado. "Agora, se a Secap decidir que os funcionários não podem participar, iremos repensar a continuidade do Festival de Prêmios, porque são estes 300 funcionários que vendem o maior número de cupons do sorteio", observa.

Ela explica que os trabalhadores são estimulados a comercializar ao menos 40 números. Se atingirem esta meta, passam a ter direito a um dia extra de folga e, se chegarem a 80, concorrem a prêmios distribuídos internamente entre os empregados da Apae.

PROBABILIDADE

Por conta disso, boa parte acaba comprando cupons remanescentes, que eventualmente não tenham conseguido vender até o final do prazo. "Então, é natural que eles tenham mais chances de ganhar do que quem compra apenas um número", pondera.

Além de Renato Golino, já ganhou o carro do Festival de Prêmios, em 2015, o primo da secretária executiva da Apae, Cláudia Lobo, em bilhete comprado por ela. Em 2011, outro funcionário também levou um automóvel. A diretoria da associação não soube precisar a quantidade de trabalhadores que já receberam prêmios menores, como TVs, celulares e notebooks.

MINISTÉRIO PÚBLICO

Em 2015, após receber denúncia, o Ministério Público chegou a convocar Cláudia Lobo e outros membros da diretoria da Apae para prestar esclarecimentos sobre o sorteio do Festival. Segundo Cláudia, nenhuma irregularidade foi constatada pela Promotoria, na ocasião.

"Na Apae, só existe boa-fé e não vamos nos deixar levar pela má-fé de quem faz uma denúncia anônima deste tipo, sem provas", afirma. Já Renato Golino conta que cogitou recusar o automóvel que ganhou por receio de queixas desta natureza, mas que foi convencido pela diretoria a ficar com o prêmio. "Mesmo assim, achei melhor vender o veículo", diz.

Nesta edição, a Apae arrecadou R$ 140 mil, que serão destinados à manutenção das atividades da entidade. Todos os prêmios sorteados foram doados por parceiros da instituição.