23 de dezembro de 2025
Tribuna do Leitor

Tudo nos é lícito, mas nem tudo convém

Benedito J. A. Falcão
| Tempo de leitura: 2 min

Concordo totalmente com Pedro Valentim, em sua carta datada de 18/09 (Deus, César e os Impostos). Aliás, há muito vinha pensando em escrever sobre isso, mas evitado esse tema extremamente controverso. Mas aberto o debate, tenho mais a acrescentar...

Certo é que qualquer pessoa pode ser eleita e que essa pessoa levará consigo suas convicções e crenças... Porém, fazer do púlpito ou do altar um palanque e dos irmãos um eleitorado de cabresto para interesses pessoais e políticos é outra coisa...

Paulo disse em 1 Coríntios 10:23 "Tudo me é lícito, mas nem todas as coisas convém... todas as coisas me são lícitas, mas nem todas edificam" E eu afirmo e pergunto: é lícito a qualquer líder religioso ou membro de igreja participar da política... mas será que isso convém? Será que isso tem edificado o cristianismo?

Inicialmente é bom lembrar que as religiões (todas) devem ser respeitadas, mas para isso, tem que se dar ao respeito... Lembrar também que somos um país laico e, portanto, as religiões não devem interferir nos governos... Dessa forma, me parece ridículo termos uma "bancada da Bíblia" ou cargos de Estado escolhidos para fortalecer a base de apoio...

Jesus não veio à Terra para criar esta ou aquela religião (e não o fez).... Ele veio como palavra viva, trazer a nós o Reino de Deus... Em suas pregações falava para nós das coisas do espírito e nunca se envolveu com a política de seu povo...

Por isso para mim, candidaturas como Pai Toinho de Ogum, Padre Pietro, Pastor Cido Malazarte, Médium Edinensam (todos nomes fictícios), são ridículos e tem a mesma finalidade: abusar da fé de seus seguidores... A mesma coisa digo para os apoios políticos... Alguém já imaginou Cristo fazendo campanha: Vote em Barrabás para Governador! Judas para Presidente! ou coisa assim?

Basta observar que o aumento de pessoas "religiosas", não fez do Brasil um país melhor ou mais honesto... Muito menos a "Bancada da Bíblia" tem nos dado bons exemplos... Isso nos mostra duas coisas: 1) quantidade não é qualidade... e 2) não misture as coisas de Deus com as coisas dos homens para que não se corrompa e emporcalhe a imagem do Pai perante os homens.

Sempre estive atento e procurei ser participativo na vida política de meu município, de meu estado e de meu país... Da mesma forma, procuro ser um bom cristão de palavras e ações... Mas nunca, absolutamente nunca, vou deixar que uma coisa interfira na outra... O envolvimento da religião na política me incomoda como cidadão... e como cristão, me decepciona...

E por pertencer a uma denominação evangélica, falando aos meus irmãos em Cristo, fica aqui um conselho: Afastem-se dos manipuladores...

Eles vêm para confundir e nos desviar da fé verdadeira e das coisas do espírito, pregando a "doutrina da prosperidade e do poder político", conduzido os rebanhos de Deus por caminhos perigosos que não nos convém, nem nos edificam...