18 de dezembro de 2025
Articulistas

O belo, o poder do encanto

Henrique Matthiesen
| Tempo de leitura: 2 min

A compreensão do belo pode ser caracterizada por três dimensões das quais são profundamente distintas, mas que podem provocar harmonia, contemplação, inquietação. As dimensões do belo podem ser fracionadas como uma questão estética; como moral; ou como espiritual, dependendo do ângulo e da perspectiva os quais analisamos. Originário do latim bellus é adjetivo que descreve e valoriza a aparência, o estilo, o comportamento; o que eleva o espírito, o que provoca arrebatamento.

Na gênese da estética que reflete o belo, sob o aspecto da arte como forma de conhecimento, como da subjetividade que é o recinto íntimo do indivíduo onde se abriga a formação de sua opinião, e do modo como ele se relaciona com o mundo na edificação de valores, crenças, compartilhados na dimensão cultural, histórica que nasce e reflete seu ser. Cátedra da filosofia, a estética é a ponderação balizada do que é conceituado como beleza, no ensejo das emoções ocasionadas pelos fenômenos estéticos como das diferentes formas da arte. Já o belo, como fração da moral, permeia a construção civilizacional, na harmonização impulsionada do homem no agir na busca de sua plenitude, inteireza, na formação da completude da existência.

Nada mais contemplador e belo, do que a existência moral e dignificante na harmonização social. Para grandes filósofos como Platão, o belo é a noção da perfeição da verdade; já para Aristóteles, o belo é como a proporção, a simetria, a ordem, a justa medida. No campo espiritual o belo está na perspectiva da imortalidade, na busca do sentido da existência, na fé e na crença da grandiosidade arquitetônica que tudo edificou. Nada mais correlato à existência humana do que a fé, o homem se constitui um ser espiritual. Nada mais singular à propensão humana do que a procura do significado da existência, da conceituação transcendental do sentido que o conecta com algo maior, superior, divino.

Nada correlato às doutrinas ou profissão de fé, à uma religião, o homem em si compreende uma dimensão naturalmente espiritual, está implícito na sua mais densa essencialidade, espiração e significado. E nestes aspectos, nessas dimensões em que o belo faz sentido, em que a contemplação ganha acepção, onde o homem acha sua inteireza, onde a vida a existência harmoniza. Afinal, já dizia o grande poeta Vinicius de Moraes: 'a beleza é fundamental', e amplio esta frase do poeta para a concepção da beleza, seja estética, moral ou espiritual.

O autor é bacharel em direito e pós-graduado em sociologia.