Rio de Janeiro - Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street, morreu nesta sexta-feira (18), aos 86 anos. Ele ficou nacionalmente conhecido após ter assassinado a socialite Ângela Diniz com quatro tiros no rosto em dezembro de 1976.
A informação da morte de Doca Street foi confirmada por um familiar, que preferiu não se identificar. Ele não estava doente e sofreu uma parada cardíaca.
O assassinato de Ângela Diniz foi um marco no movimento feminista do Brasil, que começava a tomar corpo.
Muitas mulheres ficaram inconformadas com o tratamento dado à vítima, que teve sua vida devassada pela defesa de Doca Street. A tese da "legítima defesa da honra" foi usada para justificar o crime. Se o crime tivesse ocorrido hoje, seria um feminicídio. Street escreveu e publicou em 2006 o livro "Mea Culpa", contando sua versão do assassinato.
HISTÓRIA
O crime passional ganhou repercussão no Brasil. Doca havia abandonado a mulher e os dois filhos para morar com Ângela, socialite nascida em Belo Horizonte em 1944. Mas o relacionamento foi marcado por ciúmes, brigas e violência. Na época do assassinato, eles haviam se refugiado na Praia dos Ossos, em Búzios, para escapar da mídia.
Doca e Ângela tiveram uma discussão em 30 de dezembro de 1976, e o ex-playboy saiu de casa. Quando voltou, matou a namorada usando uma pistola. Depois dos disparos, fugiu, permanecendo semanas foragido, até se entregar à Justiça.
No julgamento, em 1979, ele foi defendido pelo advogado Evandro Lins e Silva. No processo, alegou que havia sido vítima de Ângela Diniz e que agira em legítima defesa.
Foi condenado, por cinco votos a dois, a 18 meses de prisão pelo crime, mais seis meses por ter fugido da Justiça. Por já ter cumprido sete meses (um terço da pena), Doca foi liberado e pôde sair livre do tribunal. Em um segundo julgamento em 1981, Doca foi condenado a 15 anos de prisão. Acabou ficando preso até 1987. Ele acabou tendo um terceiro relacionamento do qual tem mais um filho. Além dos três filhos, deixa 10 netas e 1 bisneta.