27 de dezembro de 2025
Geral

10 anos depois, compensação de 32 mil mudas da Nações Norte não foi feita

Bruno Freitas
| Tempo de leitura: 2 min

Há 10 anos, a Prefeitura de Bauru e o Governo do Estado de São Paulo inauguravam, juntos, os 3,5 quilômetros de extensão da avenida Nações Unidas Norte. E, durante toda essa década, o município não conseguiu cumprir o compromisso estabelecido com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) de reflorestar os 7,5 hectares de mata nativa suprimidos para a obra. A compensação firmada na época e que não foi feita até hoje é de 32 mil mudas de árvores, explica ao JC a atual gestão da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma).

O titular da pasta, Dorival Coral, que também é ambientalista, biólogo e botânico, afirma que não há nenhum documento técnico que comprove a compensação de árvores da Nações Norte. Contudo, segundo ele, a atual gestão municipal tem o compromisso e o desafio de realizar esse reflorestamento.

A Cetesb, por sua vez, informa que já cobrou o município dessa “dívida” com o meio ambiente, mas revela que nenhuma sanção foi aplicada (leia mais abaixo)

DESAFIO

Dorival Coral destaca ser necessário, independentemente de qual seja a administração, que o município cumpra o Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental (TCRA). "É um desafio que a prefeitura, não importa a administração, precisa cumprir. A cidade tem uma vida orgânica natural muito grande, é pujante. Sempre que a prefeitura faz uma intervenção, seja com praça, escola, creche ou avenidas e há a necessidade de suprimir vegetação nativa, o poder público tem que entrar com pedido na Cetesb. Qualquer empreendimento que for construir, precisa fazer o mesmo, e compensar. Assim como é com o cidadão comum, que vê necessidade de cortar uma árvore na frente de casa. Ele também precisa de autorização municipal", comenta o secretário.

Ele acrescenta que, na construção da Nações Norte, há uma década, foi cortada mata de cerrado, sendo que a maioria da vegetação suprimida, cerca de 65 mil metros quadrados (6,5 hectares), era de Área de Preservação Permanente (APP).

"Pode ser que as administrações passadas tenham feito algum plantio para esta compensação? Pode. Mas não há registro sobre isso e deve ter sido pouquíssimo. Segundo nossos técnicos da Semma, a probabilidade de não ter sido compensado é grande. Mas nós temos que cumprir daqui para frente", frisa Coral.

DESENVOLVIMENTO

Em entrevista recente ao JC sobre a intervenção viária da Praça Portugal e a polêmica da supressão das 51 árvores, o secretário de Obras, Leandro Joaquim, citou a Nações Norte como uma referência positiva de que a pista impulsionou o desenvolvimento naquela região e desafogou o trânsito no Centro.

Os impactos positivos da obra para o fluxo viário em Bauru são evidentes durante essa década, contudo, a “dívida” dessa compensação ambiental após todo esse tempo é, certamente, passível de questionamentos.