É difícil imaginar que alguém tão tímido na juventude, que chegava a atravessar a rua para evitar cumprimentar conhecidos, se tornaria extremamente comunicativo e capaz de conversar por horas com milhares de ouvintes simultâneos. Pois, acredite: essa é a trajetória do radialista Anderson Luiz Pelegrini França, de 40 anos, um amante declarado da comunicação radiofônica e, atualmente, gerente de três grandes emissoras.
Ele conta que a paixão pela área surgiu cedo em sua vida. Depois de começar a atuar em uma emissora, aos 13 anos, sequer cogitou trabalhar em outro ramo. Em seus 27 anos de carreira, já passou por todos os setores de uma rádio: foi estagiário, office boy, operador de estúdio, vendedor de espaço publicitário e, hoje, gerencia as radiodifusoras do Grupo JG de Comunicação - a 96FM (desde janeiro de 2020), de Bauru; e as rádios Criativa e Nova Cultura, de Botucatu. Além desse desafiante cargo de gestão, é apresentador do jornal Bom Dia Criativa e locutor, à tarde, na Nova Cultura.
Recentemente, inclusive, ele foi um dos que lideraram o lançamento de uma novidade que impactou o mercado bauruense: o programa Cidade 360º, transmitido ao vivo na rádio 96FM, nos portais (JCNET e 96FM) e nas redes sociais Facebook e Youtube (JC e 96FM). Anderson, que é botucatuense, passa metade da semana em Bauru e considera trabalhar aqui "a realização de um sonho".
Quando está longe dos estúdios, o radialista gosta de praticar esportes e se dedicar à família, principalmente a sua filha Júlia Martins França, de 10 anos. Ele separou um tempinho nessa rotina corrida para conversar com o JC e contar um pouco da sua trajetória. Confira:
Jornal da Cidade - Como começou sua história no rádio?
Anderson França - Em Botucatu, entrei na minha primeira emissora de rádio em 1994, com 13 anos. Comecei como estagiário e office boy. Depois, fui para a parte radiofônica, como operador de áudio. Logo após, fui operador de estúdio de gravação, quando trabalhei com disco e cartucheira, coisas que nem existem mais. Até chegar, em 1999, na parte de locução, que era meu sonho, em uma AM de Botucatu. Depois, fui para a parte comercial, trabalhando com vendas de espaço publicitário. Até que, em 2000, fui contratado pela Rádio Criativa como folguista (que cobre a folga de alguém). E, no início de 2002, o Jorge Germano (dono do Grupo JG) comprou a rádio. Aos poucos, fui crescendo. De folguista, ganhei um horário fixo na locução. E, em 2008, o doutor Germano me convidou para gerenciar a rádio com ele.
JC - Deve ter sido um grande desafio...
Anderson - Foi, porque não tinha experiência em gestão, mas me encorajou o fato de eu já ter passado por todas as áreas do rádio. Então, eu entendia como a 'engrenagem' funcionava.
JC - Neste momento, você deixou a locução?
Anderson - Sim. Foi a decisão mais difícil que tomei, porque amava a locução e me comunicar através do rádio. Mas, graças a Deus, essa parte de gestão da rádio me apaixonou tanto quanto a locução, porque pude começar a tomar decisões em relação a coisas que eu concordava ou não. Hoje, gerencio as três rádios do grupo.
JC - E por que escolheu se dedicar ao rádio?
Anderson - Meu pai, Adejair Antônio França, que faleceu há um ano e foi o grande herói da minha vida, era ferroviário, mas tinha começado a carreira em rádio e sempre foi apaixonado. E me impulsionou para isso. Essa influência dele conseguiu oportunidades para mim. No começo, eu não tinha envolvimento. Mas, depois, me encantei por toda a magia do rádio. Me recordo do dia do falecimento do meu avô materno, Victório Pelegrini Neto. Eu estava no ar, na Criativa, quando recebi a notícia de que ele tinha falecido. Na época, eu era o substituto e não tinha ninguém para ir no meu lugar. E eu não podia demonstrar que estava triste, porque as pessoas ligam o rádio para ter um pouco de alegria, ter uma companhia. Naquele dia, mesmo muito triste, não deixei transparecer e consegui cumprir essa missão. Foi assim que tive a certeza de que nasci para trabalhar com isso.
JC - E sempre gostou de se comunicar?
Anderson - Essa parte de comunicação fui desenvolvendo ao longo do tempo. Sempre fui muito tímido, introvertido, comunicação zero mesmo, ao ponto de estar caminhando na rua e, se visse algum conhecido, eu atravessava a rua com vergonha de cumprimentar. O rádio teve uma missão muito importante na minha vida, de melhorar esse lado.
JC - O que o rádio significa para você?
Anderson - É o que me motiva a levantar da cama todos os dias. Rádio é o meu combustível. Meu coração 'pulsa' rádio. Não consigo me enxergar sem o rádio caminhando junto comigo. Se eu ganhasse na Mega-sena, compraria várias emissoras (risos). Inclusive, meu grande sonho é ter a minha própria um dia. Mas, hoje, já sou um cara realizado e grato às oportunidades que me deram. Sou abençoado porque consegui alcançar todas as metas que tinha na vida. Dentre elas, realizar o sonho de trabalhar em Bauru. Hoje, administro a 96FM com muita alegria. Cada etapa da vida da gente tem um propósito, e Bauru está me mostrando claramente minha evolução como pessoa.
JC - E quando não está nas emissoras ou nos estúdios, o que gosta de fazer?
Anderson - Ficar com minha filha Júlia. Tudo que faço é pensando nela e no futuro dela. Ela é minha grande inspiração. Também faço muita atividade física. Agora, estou treinando para competições de triatlo. E gosto muito de viajar e estar com meus amigos.