24 de dezembro de 2025
Economia & Negócios

Procura por miúdos chega a dobrar em mercados de bairros em Bauru

Larissa Bastos e Bruno Freitas
| Tempo de leitura: 3 min

A alta inflação no País e a disparada no valor das carnes obrigaram muitas famílias de menor poder aquisitivo a buscar alternativas mais acessíveis para colocar mistura na mesa. Em mercados de bairros de Bauru, a venda de miúdos de frango chegou a dobrar nos últimos meses. Neste mesmo período, também houve aumento na procura por miúdos bovinos. E, com a demanda maior, proprietários relatam que até mesmo esses alimentos estão sofrendo elevação nos preços.

São várias opções de miúdos, com preços variados. Dentre os mais populares, estão o pescoço de galinha, que custa, em média, R$ 5,12; o dorso, R$ 4,22; e o pé de galinha, R$ 6,19. Já o quilo do fígado de boi custa R$ 17,49; do mocotó, R$ 16,99; e do bucho, R$ 24,99 (veja no quadro).

Em contrapartida, a média do quilo da coxa de frango é R$ 12,35; do frango inteiro, R$ 11,65; e do frango a passarinho, R$ 12,10. Já as opções mais baratas de carne bovina são: ponta de peito (R$ 33,50 o quilo), costela de boi (R$ 26,60 o quilo) e coxão mole e duro (acima de R$ 30 o quilo).

Para o proprietário há 37 anos de um mercado no Parque Real, região da Vila Dutra, José Benedito Ferreira, de 65 anos, esta ampla diferença de preços e a diminuição do poder aquisitivo do consumidor, principalmente na pandemia, justificam o aumento na procura por opções mais baratas.

"A busca por miúdos aumentou nos últimos meses, o que levou até a um aumento no preço desses itens. Já a venda do miúdo de frango dobrou. Antes, eu comprava, a cada 15 dias, de 20 a 50 quilos de pescoço de frango, de pé de galinha e de dorso, para vender. Hoje, compro 100 quilos de cada um deles no mesmo período", detalha o empresário.

Neste mesmo estabelecimento, houve uma queda de 40% na venda dos cortes mais tradicionais de carne bovina, de porco e frango. "Tenho clientes que entram aqui com 20 reais nas mãos. É o que eles têm para fazer a compra da família. Quando o valor passa, eles precisam tirar coisas do carrinho. Então, eles vêm em busca do que é mais barato. Tudo o que tiver mais em conta, vende mais. Às vezes, acabo deixando passar alguns centavos para ajudar. Não posso fazer questão de tudo", relata Ferreira.

O dono de um mercado no Pousada da Esperança I também notou elevação nas vendas de miúdos, principalmente dos de frango.

"Em bairros onde o poder aquisitivo dos moradores é menor, acaba sendo maior a procura por esses alimentos diante do momento de crise em que vivemos. Mas pode ser que em outros bairros esse movimento não tenha acontecido", pondera o proprietário, Lucas Vicente dos Anjos, de 22 anos.

BOVINO

Já em um mercado que funciona há 18 anos no Parque Santa Cândida, houve um aumento de 20 a 30% na procura por miúdos no geral. Porém, as vendas se concentraram principalmente nos miúdos bovinos.

"Os clientes procuram por opções mais em conta para a mistura durante a semana, e 'guardam' o dinheiro para comprar carnes melhores para as refeições do final de semana. É a primeira vez que vejo isso acontecer. Mas acredito que, com a retomada das atividades, as coisas vão melhorar", avalia a proprietária do estabelecimento, Silvelena da Silva Marin, de 48 anos.