24 de dezembro de 2025
Entrevista da semana

'Presas afiadas' para o UFC

Larissa Bastos
| Tempo de leitura: 5 min

A fala calma e o sorriso tímido de Joanderson Sá Brito em nada se parecem com a sua atuação explosiva no octógono. Lá, ele se transforma no Tubarão, apelido que ganhou justamente por conta da potência e agressividade nas lutas. Aos 26 anos, o atleta, que fixou residência em Bauru, alcança o maior passo da sua carreira. Tubarão assinou contrato com o Ultimate Fighting Championship (UFC), considerado a competição mais importante da modalidade no mundo. Já com as "presas afiadas", ele está de viagem marcada para Las Vegas, onde lutará na categoria peso pena, em 2022.

Para entrar no seleto grupo de lutadores do UFC, Tubarão venceu uma luta no Dana White's Contender Series, realizado em 31 de agosto deste ano, contra o brasileiro Diego Lopes. Contudo, sua trajetória no esporte começou bem antes, aos 16 anos, em Laranjal do Jari, no Sul do Amapá. Foi lá, inclusive, que ele ganhou o apelido.

Durante a carreira, passou por academias de várias cidades do País e competiu diversos campeonatos. Hoje, contabiliza uma sequência de dez vitórias em 15 lutas oficiais, além da conquista de três cinturões.

Mas, foi há quatro anos que Joanderson recebeu a proposta para vir à Sem Limites e representar a academia Chute Boxe Bauru, onde treina atualmente. E foi por aqui que ele, há dois anos, conheceu sua esposa Mayara Félix, de 31 anos, com quem aguarda o nascimento do primeiro filho, Apolo, previsto para janeiro do ano que vem. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Jornal da Cidade - Como começou sua história com o MMA?

Joanderson Brito, o Tubarão - Nasci em Santa Helena, no Maranhão. Morei lá com minha 'mãe adotiva', Maria de Fátima, que é minha tia. Aos 16 anos, fui passar as férias escolares na casa da minha mãe biológica, Joana Maria, em Laranjal do Jari, no Amapá, e fiquei por lá. Na cidade, a maioria dos adolescentes não se importava com futebol, e gostava mesmo era de luta. Então, comecei a praticar MMA por curiosidade, como hobbie, e não parei mais. Gostei que mistura tudo: boxe, muay thai, jiu-jitsu... é obrigatório treinar e saber um pouco de tudo.

JC - Antes da luta, pensava em seguir alguma outra profissão?

Joanderson - Tive vontade de entrar no Exército, mas nunca cheguei nem a servir, porque já sabia que queria mesmo era lutar.

JC - Conte um pouco mais dos detalhes sobre a sua carreira...

Joanderson - Tenho dez anos de carreira. Depois que comecei, fui mudando de academia conforme eu recebia propostas. Morei em cidades do Pará, do Amazonas, em São Paulo... disputei vários eventos importantes, como o Thunder Fight e Future FC, em São Paulo; Legacy Fighting Alliance (LFA), nos EUA; e Fusion Fighting Championship (FFC), no Peru, onde conquistei o cinturão; além de outros de menor expressão, como em Araçatuba, onde conquistei dois cinturões. E, há quatro anos, estou em Bauru, treinando na Chute Boxe Bauru.

JC - Nesses dez anos, foram quantas lutas?

Joanderson - Cerca de 50. Mas, oficialmente, tenho 15 lutas, sendo 12 vitórias, duas derrotas e um empate. Tenho três cinturões. Atualmente, acumulo uma sequência de dez vitórias.

JC - De onde veio o apelido Tubarão?

Joanderson - Uma vez, estava no mar e fui atacado por um tubarão. Brincadeira (risos)! Meu primeiro treinador, o Adilson Ramos, conhecido como Pica-Pau, que me chamava assim, por causa do meu modo de lutar. Minha agressividade. Gosto de decidir o combate o mais rápido possível.

JC - E qual a sensação de chegar ao UFC?

Joanderson - O UFC é o ápice da carreira. A sensação é inexplicável. É o maior evento de MMA do mundo, onde estão os melhores atletas. É como se um cara da várzea, de repente, estivesse vestindo a camisa do Barcelona. Para conseguir, participei do Contender em Las Vegas, evento promovido pelo Dana White, presidente do UFC. Praticamente todos que vencem conseguem assinar contrato com o UFC. Lá, venci um brasileiro que mora no México. Assinei e minha primeira luta está marcada para 15 de janeiro, também em Las Vegas. Agradeço ao meu mestre, João Emílio; meu treinador de jiu-jitsu, Paulinho; meu treinador principal de MMA, Clailson; meus empresários, Adriano Vilela e Jorge Guimarães; e todas as pessoas que passaram pela minha trajetória.

JC - Mas, para isso, deve ter feito muitos sacrifícios…

Joanderson - Mudar para cidades sem conhecer ninguém e ficar longe da família é muito difícil. Faz dez anos que não vou ao Maranhão, e dois anos e meio sem ver minha família do Pará.

JC - Agora, quais são seus planos?

Joanderson - No momento, só penso em me manter no UFC. É difícil chegar no UFC e se manter é mais difícil ainda. Como tenho, a princípio, um contrato de quatro lutas, tudo depende das minhas performances. Depois de estar estruturado, quero ajudar minha família no Norte e construir minha vida em Bauru.

JC - Logo você vai ser papai, né? Quer que o Apolo seja lutador também?

Joanderson - Ele deve nascer em janeiro do ano que vem. Mas, prefiro que ele seja jogador de futebol, para ganhar mais dinheiro, se ele for bom (risos).

JC - Quem são seus ídolos?

Joanderson - José Aldo, Dudu Dantas e Rafael dos Anjos.

JC - Para finalizar, mande um recado para os lutadores que estão começando...

Joanderson - Venho de família humilde e, hoje, vejo o esporte como uma oportunidade de crescer e mudar de vida. Então, tenha muito foco e persistência. Nada é fácil, mas, se tiver persistência, com certeza, você vai conseguir.

 Joanderson Tubarão vs Cicero Gardenal no Thunder Fight 14, em 2017:

Joanderson Tubarão vs Wellington Predador no Thunder Fight 15, em 2018:

Joanderson Tubarão vs Johnny Iwasaki no Fusion Fighting Championshop 33, em 2019:

Joanderson Tubarão vs Diego Lopes na 5.ª temporada do Dana White's Contender Series, em 2021: