16 de julho de 2024
Wagner Teodoro

Mundial na mão


| Tempo de leitura: 3 min

Em um jogo decidido na mão, ou melhor, no toque de mão na bola, o troféu do Mundial de Clubes está na mão do Chelsea. O Palmeiras equilibrou, mas acabou de mão vazia. Duas penalidades, uma para cada lado, foram cruciais na definição do campeão.

Thiago Silva, de maneira atabalhoada, em uma jogada até certo ponto despretensiosa do Palmeiras, acabou tocando com a mão na bola na área. Pênalti convertido por Raphael Veiga, empatando o jogo - Lukaku, na primeira jogada na qual levou vantagem sobre a defesa alviverde, havia marcado para o Chelsea.
Mas se Thiago Silva deu uma mão, Luan acabou retribuindo. Porém, não teve culpa no lance da penalidade. A bola bate no zagueiro palmeirense em toque não proposital. A esperança verde estava nas mãos de Weverton. Já era prorrogação e Havertz cobrou e definiu o jogo, dando o primeiro título mundial para os Blues.

Em um confronto no qual o Chelsea controlou a posse de bola, mas foi lento, sem agressividade, o Palmeiras se armou em um ferrolho, buscando contra-ataques. Recuou as linhas e sacrificou alguns jogadores, como Rony, que jogou quase como um lateral, e Gustavo Scarpa, para recompor. Pouco pressionou a saída de bola do representante londrino.

Com o passar do tempo, o time inglês sentiu cansaço, a equipe brasileira teve algumas chances, mas não foi lá um jogo bonito. Na prorrogação o Palmeiras recuou demais, praticamente abdicou de jogar e a final se encaminhava para a decisão nas penalidades. E, de fato, assim foi. Mas o que definiu foi apenas um pênalti nos minutos finais.

Chances perdidas

O Chelsea realmente dominou a posse de bola e o Palmeiras entrou em campo para lidar com isso. Abel Ferreira, mais uma vez, optou por ser reativo, como é seu estilo. E o time foi exemplar na obediência tática, na dedicação, concentração... E teve reais oportunidades, mas acabou não aproveitando.

A diferença do time palmeirense para São Paulo, Internacional e Corinthians, campeões em 2005, 2006 e 2012, respectivamente, foi que os três também jogaram por uma bola, sofreram, mas conseguiram converter em gol o que criaram. E mais, na final, não foram vazados e tiveram em seus goleiros personagens protagonistas.

Já são dez anos de conquistas ininterruptas de Mundiais por europeus. Se o sistema de disputa do torneio mudar, com mais clubes e maior quantidade de representantes da Uefa, a situação tem tudo para se perpetuar.

Derrota, sim; fracasso, não

Compreensível a frustração e tristeza palmeirense por um tempo. A derrota é dura, é um sonho de título adiado. Sempre dolorido perder... Ainda mais quando a competição em questão é a obsessão da torcida e alvo de implacáveis brincadeiras dos rivais.

Mas a cabeça fria deve prevalecer no médio prazo. O clube jogou o Mundial de maneira competitiva e com dignidade. Não sai diminuído. Segue gigante. E deve continuar com um projeto que o coloca em evidência no futebol sul-americano.

Tem finanças equilibradas, poderio econômico para contratar, uma das categorias de base mais promissoras do País, um elenco com profundidade e alternativas e continuidade de trabalho. Tudo isso lhe confere status de favorito em todos os campeonatos do restante da temporada. O Alviverde forma, hoje, o "big trio" com Atlético-MG e Flamengo. É um projeto bem-sucedido dentro e fora de campo.

Brasil e Inglaterra empatados

No histórico do duelo entre clubes brasileiros e ingleses em finais de Mundial está tudo empatado: 3 a 3. Foram campeões pelo Brasil o Flamengo e o São Paulo sobre o Liverpool, em 1981 e 2005, respectivamente, além do Corinthians diante do Chelsea, em 2012. O Palmeiras perdeu duas vezes: Manchester United, em 1999, e Chelsea, na edição de 2021, e o Flamengo caiu para o Liverpool, em 2019.