O hábito de comer vegetais, por si só, não reduz o risco de desenvolver doenças cardíacas, segundo novo estudo publicado na revista Frontiers in Nutrition. Os resultados apontam que os vegetais consumidos crus fornecem proteção maior, mas o impacto na versão cozida seria menor, especialmente se a pessoa tiver hábitos nocivos, como fumar.
A análise, conduzida pelas Universidades de Oxford e Bristol e da Universidade Chinesa de Hong Kong, verificou os dados da dieta de quase 400 mil pessoas. "Alto consumo de vegetais crus foi associado a um baixo risco de doenças cardiovasculares. (...) Esse estudo sugere a necessidade de reavaliar a evidência do peso atribuído ao baixo consumo de vegetais nas doenças cardiovasculares da população com renda mais alta", destacam os autores da pesquisa.
Quando os vegetais são cozidos, parte das fibras e vitaminas se perde no preparo, e aí está a vantagem do consumo do alimento na forma crua, de acordo com Eduardo Segalla de Mello, médico cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein. Uma alimentação que favorece as fibras colabora com a proteção do coração, pois auxilia o controle do colesterol - embora nem sempre seja viável.
"É muito difícil mantermos uma alimentação o tempo todo com alimentos crus. É claro que podemos ralar uma cenoura e fazer uma salada. Mas como comer um brócolis ou uma couve-flor crus? A forma de preparar é muito importante. Se a pessoa cozinhar couve-flor com creme de leite, não é necessariamente uma forma saudável de se alimentar", sugere o cardiologista.