Brasília - Pela primeira vez, a Polícia Federal indiciou por homicídio culposo contrabandistas e "coiotes" que atuam na migração irregular de brasileiros para os Estados Unidos. A intenção é tentar reprimir com rigor o crime de promoção ilegal de migração que tenha por objetivo a entrada em território americano pela fronteira com o México -empreitada na qual ao menos oito brasileiros morreram desde 2020.
A tática da PF foi usada para tentar responsabilizar os agenciadores da migração de Ayron Henrickson Fernandes Gonçalves, 21 anos. O jovem passou mal e morreu durante a travessia do deserto, ano passado, sendo abandonado pelo coiote. A família só foi saber do paradeiro do corpo do filho há cinco meses.
A PF indiciou os dois não só pelo caso de Gonçalves, mas por todos os casos descobertos durante as investigações. Só Erlon foi responsável por levar mais de 200 pessoas para os EUA, incluindo crianças.
Apesar da manifestação da PF, o MPF (Ministério Público Federal) entendeu que as pessoas responsáveis pela promoção da migração não devem responder por homicídio culposo e associação criminosa. O órgão ofereceu denúncia somente pelos crimes de promoção de migração ilegal e envio ilegal de menor ao exterior.
De acordo com o inquérito, Erlon foi o responsável por promover efetivamente a migração de Gonçalves, efetuando a compra das passagens, o recebimento do dinheiro, o agenciamento da viagem e o planejamento da migração. Já Evânio, que residia no México, foi indicado como articulador do esquema criminoso: ele planejava o esquema logístico, bem como a estrutura necessária para a travessia.
Os advogados deles não se manifestaram.