24 de dezembro de 2025
Política

Café: mercado financeiro mantém a serenidade à espera das eleições

Tânia Morbi
| Tempo de leitura: 3 min

Faltando menos de um mês para as eleições e apesar do clima de disputa instalado no meio político, fomentado pela polaridade na disputa pela Presidência da República, o mercado financeiro tem se posicionado no sentido contrário e dado sinais de tranquilidade, sem grandes alterações, enquanto aguarda a definição das urnas. O contexto, é claro, não deixa de gerar incertezas no Brasil e no exterior, seja quanto à possibilidade de retorno ao Executivo federal do Partido dos Trabalhadores assim como a própria manutenção da política econômica do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A análise foi feita durante o programa Café com Política desta sexta-feira (9) pelo experiente economista e estrategista chefe para a América Latina do banco Credit Agricole Vladimir Caramaschi do Vale, juntamente com a equipe do programa, os apresentadores, jornalista Ricardo Bizarra e o economista Reinaldo Cafeo; o diretor de jornalismo do Jornal da Cidade, João Jabbour, e o especialista em Marketing Político e Comunicação Eleitoral Kleber Santos.

AQUI E LÁ FORA

De acordo com o economista, embora o clima seja de compasso de espera, investidores, empresário e setores do mercado estão divididos pela imagem que os dois principais concorrentes - Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula - tem entre os representantes brasileiros, que demonstram mais receio pela volta do PT ao poder, e entre os estrangeiros, que avaliam de forma negativa posturas de Bolsonaro. "Os locais parecem ter um pouco mais de receio do governo do PT, por preocupações com a questão fiscal e de estabilidade, mas também com a agenda de reformas microeconômicas, ou seja, o que o PT vai fazer, por exemplo, com a Reforma Trabalhista e o Marco Regulatório. Isso gera preocupação. Os estrangeiros, por outro lado, têm mais receio da continuidade do governo Bolsonaro, porque a verdade é que a imagem do governo Bolsonaro lá fora não é das mais positivas. Tem toda uma controvérsia em relação a questões que estão se tornando cada vez mais importantes para o mercado, como a ambiental, pela qual ele é muito criticado", explicou Vladimir.

NORMALIDADE

A imagem do governo bolsonarista não estaria de acordo com a agenda ESG, sigla que pode ser traduzida para o português como ambiental, social e governança, que tem se tornado cada vez mais forte no meio corporativo, segundo o economista, e se refere a práticas empresariais e de investimento que se preocupam com critérios de sustentabilidade e não apenas com o lucro.

Embora o clima que antecede a eleição seja de normalidade, e não de pânico por uma ou outra possibilidade, Vladimir assegura que o mercado deva se posicionar de forma mais contundente, imediatamente após as eleições, já que a preocupação com o aceite do resultado une a todos. "Se tivermos uma contestação como ocorreu nos Estados Unidos, certamente o nível de volatilidade vai ser muito maior do que se viu lá fora. Independentemente do resultado, o que todos esperam é que o processo seja tranquilo. Isso é uma preocupação generalizada", afirmou.

PÓS-ELEIÇÃO

O posicionamento do mercado financeiro interno e externo em relação ao Brasil deve ocorrer mesmo, em sua avaliação, em janeiro de 2023, após a confirmação do novo governo e da nova política econômica. "As grandes definições e o mercado vai começar a se mover em uma direção ou outra quando tivermos a definição e o governo comece a colocar as cartas na mesa, sobre como vai ficar sua política econômico no detalhe. Mas, de forma geral, vejo o mercado muito mais tranquilo. Há seis meses, estávamos nos preparando para um ambiente muito mais volátil, por conta da questão eleitoral, e isso não está acontecendo", concluiu.