16 de julho de 2024
Wagner Teodoro

O adeus do melhor de todos os tempos


| Tempo de leitura: 4 min

Na semana que passou - que teve definição de finalistas da Copa do Brasil, entre outros fatos -, dois assuntos, principalmente, atraíram minha atenção no mundo do Esporte. A aposentadoria de Roger Federer e a notícia de que o nome de Fernando Diniz era cogitado pela CBF para assumir a Seleção Brasileira. Vou começar sobre algo real, sério: o fim da carreira profissional do tenista que para muitos, eu entre eles, é o melhor da história. Federer anunciou sua despedida e agradeceu aos fãs, logo nós que fomos premiados e tivemos o privilégio, alguns presencialmente e outros pelas telas, de vê-lo em ação. Um obrigado ao gênio é o que devemos dizer e ficamos órfãos da categoria, talento, elegância e esportividade que o suíço desfilou pelo mundo nos últimos 25 anos. 

A começar por números, um cara que somou 103 títulos, 20 deles de Grand Slam, estabeleceu o recorde de 310 semanas no topo do ranking mundial, ganhou ouro e prata olímpicos, faturou três vezes três dos quatro torneios do Grand Slam na mesma temporada (único a fazê-lo) e foi o tenista mais velho, com 36 anos e meio, a assumir o topo do ranking da ATP, tem que ser reverenciado e respeitado. Mas números podem ser superados e marcam, batidas. Estatísticas são apenas um dos fatores para se medir o tamanho, a importância, de um atleta. Federer dava aula em quadra a ponto do argentino Diego Schwartzman dizer que enfrentando-o tinha a impressão de não saber jogar tênis.

Federer exibia um inesgotável estoque de recursos, aliado à total compreensão do jogo e uma inteligência surreal. Técnico, preciso e forte psicologicamente (quesito fundamental no solitário esporte que praticou), sabia ler as situações e o adversário e tomar as melhores decisões. Alguns podem ter mais força, até mais precisão, mas não presenciei ninguém mais completo em quadra. Vendo-o em ação, a facilidade que aparentava de executar movimentos e jogadas complexas, tinha-se a impressão de que jogar tênis é fácil. Era um artista, por vezes, minimalista, sem exibicionismo, mas excepcional. Em uma comparação com outra fera, era como Zinedine Zidane. Ambos tão geniais que chegam a sugerir que sua arte é acessível a "simples mortais" que apreciam seus feitos.

Acompanho tênis desde a década de 1980 e, repito, nunca vi ninguém melhor do que Federer. Aliado à sua genialidade como atleta, há ainda seu carisma, a esportividade. Tudo isso o tornaram o grande ídolo do tênis. É um cara incomparável. O suíço causou impacto inigualável no tênis, elevando a própria modalidade, despertando o interesse de milhões de pessoas pelo esporte. Ele alcança o status de lenda pelo conjunto de sua obra dentro e fora de quadra. Federer se retira e expressa seu desejo. "Se eu pudesse escolher meu legado, seria que as pessoas se lembrassem das sensações que tiveram ao assistirem às minhas partidas", declarou. Uma pena, Federer, que você não possa nos brindar com pelo menos mais 25 anos de seu talento.

Na Seleção, não

Ainda nesta semana, o mundo do futebol foi surpreendido com publicação do jornal Marca, da Espanha, dando conta que a CBF cogitava o nome de Fernando Diniz para ser sucessor de Tite no comando da Seleção Brasileira. Pausa para recuperar a sanidade dos pensamentos... A CBF já desmentiu. Ufa! Antes, o nome forte na entidade era Pep Guardiola. E de Guardiola para Diniz seria um salto meio exagerado. Na verdade, um mergulho. Diniz ainda é um treinador que precisa de afirmação em clubes. Não tem o menor currículo para dirigir uma seleção do porte do Brasil - se bem que já tivemos Dunga... 

Além disso, não conseguiria entender o objetivo da CBF com tal possível acerto. Porque, o histórico prova isso, quando se contrata Diniz você pode ter de quase tudo um pouco: revela jogadores, aproveita atletas baratos, faz o time jogar "bonito", com roupagem moderna, sem chutões, com posse de bola, mas o "quase" fica por conta de títulos. Quem o contrata tem de tudo, menos taça. Seu percentual de aproveitamento de pontos costuma ser mais baixo do que a média de posse de bola de suax equipes.

É um treinador que ainda não conseguiu no total de sua carreira traduzir suas ideias de bom futebol em troféus. É certo que, como mencionei acima, estatísticas são apenas um fator para avaliação de profissionais do Esporte. Mas a Seleção Brasileira não é lugar para experiência, para aposta. Com a "amarelinha" tem que se vencer. Ser campeão. Ainda bem que tudo foi desmentido. E, assim, Diniz vai procurar ganhar mais algum título, algo que faz desde 2010, longe do banco da Seleção.