A Associação Beneficente Cristã (Paiva), a Vila Vicentina e a Sociedade Beneficente Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, que administra o Abrigo Colônia Aymorés, dentro do Instituto Lauro de Souza Lima, estão mobilizadas para reivindicar à Prefeitura de Bauru a ampliação do repasse de recursos às entidades, de modo que os valores possam minimamente cobrir as despesas que envolvem a manutenção do atendimento aos idosos assistidos. A previsão é de que, até o dia 30 deste mês, o Executivo publique um novo edital a fim de contratar o serviço para 2023.
E o temor destas instituições é de que a quantia ofertada fique abaixo dos preços de custo, como já acontece hoje. Se isso ocorrer, o presidente do Paiva, Vander Pedro Rodrigues, avalia que há risco de esta defasagem significar o encerramento das atividades da associação, que já vendeu quase todos os seus imóveis para garantir o funcionamento do local.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal do Bem-Estar Social (Sebes), responsável pelos contratos, informou que a majoração do repasse de recursos às entidades assistenciais conveniadas irá variar entre 5% e 28%, uma média de 15%. "O serviço de acolhimento para a pessoa idosa foi um dos que tiveram maior índice de reajuste, sendo o máximo possível dentro do orçamento previsto para a pasta", adiantou.
DÉFICIT
Segundo Rodrigues, hoje, a Sebes paga cerca de R$ 1.150,00 mensais por abrigado às três Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) filantrópicas de Bauru, que mantêm, na soma, 150 residentes. Se a majoração média for de 15%, o valor subiria para aproximadamente R$ 1.320,00 no ano que vem, quando o necessário seria R$ 2.800,00.
"Se chegasse a R$ 2 mil, já ajudaria muito. Hoje, o Paiva atende 60 idosos, ou seja, recebe cerca de R$ 69 mil por mês da prefeitura, sendo que gasta R$ 66,7 mil só com folha de pagamento dos funcionários. A cada mês, a gente precisa colocar mais R$ 80 mil do próprio bolso", observa.
Ele diz que parte desta complementação é custeada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), salário mínimo que idosos de baixa renda com idade igual ou superior a 65 anos têm direito a receber. Porém, nem todos eles possuem o recurso garantido e, quando o têm, não raro os pagamentos estão comprometidos com empréstimos consignados contraídos pelos próprios beneficiários ou familiares.
"Os custos subiram demais. Com R$ 1 mil, é impossível pagar cinco refeições por dia, medicamentos, fraldas e cuidadores para os acamados. Medicamentos e fraldas, inclusive, deveriam ser garantidos pelo município, mas nem sempre são. Ou seja, estamos pagando do bolso algo que é obrigação do poder público. É inviável e corremos o risco de não conseguir mais continuar prestando este serviço", reclama Vander Pedro Rodrigues.
REALINHAMENTO
As diretorias da Vila Vicentina e da Sociedade Beneficente Dr. Enéas de Carvalho Aguiar também participam da mobilização, embora ainda não mencionem a possibilidade de encerramento das atividades em Bauru. Segundo o presidente da Vila, Antonio Celso Lopes, a Sebes assegura, atualmente, apenas 36% do total das despesas decorrentes do acolhimento dos 50 idosos que residem na instituição.
"Nós só conseguimos nos manter porque recebemos aluguel de 24 apartamentos de um condomínio da cidade e temos os recursos das vendas do nosso bazar e de eventos como o Churrasco Vicentino. Ainda não corremos o risco de fechar, mas já estamos fazendo permuta de algumas terras por mais apartamentos, que possam garantir alguma receita. O correto, porém, seria a prefeitura pagar o valor necessário para a prestação do serviço, até porque as instituições não cobram aluguel e sempre se responsabilizaram pela manutenção dos prédios", completa.