Dia após dia, novas ferramentas surgem para levar mais praticidade à rotina dos consumidores. É o caso dos cartões de crédito e/ou débito contactless (na tradução, sem contato), que permitem pagamento de compras por meio de aproximação, sem precisar digitar a senha de segurança ou inserir o dispositivo na maquininha. No entanto, essa tecnologia abriu possibilidade de novos golpes. Especialistas de Bauru fazem o alerta para população e destacam os cuidados que devem ser tomados para aumentar a proteção contra fraudes envolvendo essa função (veja no quadro ao lado).
As transações contactless são efetuadas por meio da NFC, tecnologia sem fio e de curto alcance, composta por uma etiqueta (ou tag, que, no caso, está no cartão) e um leitor (na maquininha). A distância de leitura é de até 10 centímetros, mas alguns especialistas afirmam que, geralmente, o sistema é configurado para operar em raios menores.
Atualmente, o limite estabelecido pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) para compras nesta modalidade, sem exigir a senha do cartão, é de até R$ 200,00. Ou seja, transações abaixo disso podem ser efetivadas sem que o usuário precise digitar os números de segurança, somente com a aproximação do dispositivo e da maquininha.
ESTRATÉGIA CRIMINOSA
Um dos golpes que tem aproveitado essa funcionalidade e alertado as autoridades é aquele em que os estelionatários passam uma maquininha perto dos bolsos, da jaqueta ou da bolsa de uma vítima distraída, na tentativa de efetuar operações de até R$ 200,00 sem que a pessoa perceba.
"Eles se aproveitam de ambientes movimentados, com aglomeração de pessoas, como shows e transporte público, para tentar realizar uma grande quantidade dessas transações em um único local. Mas, não se trata de um crime barato e fácil, já que eles precisam de nomes de laranjas para cadastrar a máquina do cartão e para abrir a conta bancária que receberá os valores. Deixa muitos rastros. Talvez esse seja um dos motivos para ele não ter se popularizado na cidade", explica o delegado Alexandre Protopsaltis, coordenador do Setor de Investigações Gerais (SIG) da Polícia Civil de Bauru e responsável por investigar esse tipo de crime no município.
Ele ainda afirma que, apesar de receber um grande volume de boletins de ocorrência (BOs) de pessoas relatando transações desconhecidas em suas faturas, ainda não foram identificados casos em que as vítimas apontam ter sofrido o golpe da aproximação em Bauru. Possível explicação para isso é que é difícil saber, de imediato, de que forma exata as compras fraudulentas foram executadas.
PREVENÇÃO
Para evitar ser vítima desse golpe, o advogado Leonardo Góes de Almeida, que atua na área de cibercrimes, aconselha que os consumidores não deixem cartões contactless em locais que possam ser acessados sem que o dono perceba. Outra dica é a utilização de bolsas e carteiras fabricadas com revestimento anti-RFID, que bloqueia a comunicação entre o cartão e a maquininha.
"Existe também a possibilidade de envolver o cartão ou a carteira em papel alumínio (com o lado brilhante para fora), que também impede que a conexão aconteça. Mas, para 'cortar o mal pela raiz', o ideal é desativar a função contactless, principalmente quando for para pontos de muita aglomeração", complementa o advogado.
E se, mesmo assim, a pessoa identificar transações não autorizadas na fatura, a orientação dos especialistas é de que a operação seja contestada junto à instituição financeira e um BO seja registrado na Polícia Civil.
"Muitas vezes, por serem transações mais baixas (menores que R$ 200), o próprio banco acaba ressarcindo a vítima daquele valor. Mas, se esse ressarcimento não ocorrer, a pessoa deve procurar o Procon e denunciar no canal do Banco Central. Há casos que a vítima acaba deixando pra lá para evitar o trabalho, mas é importante denunciar e até mesmo procurar um advogado para acompanhar o processo", conclui Leonardo Góes de Almeida.