
Em um ciclo de expansão sustentado pelo aumento da renda de sua população, por melhorias em infraestrutura urbana, políticas públicas, oferta de qualidade de vida e menor custo de vida, o Interior paulista consolidou seu protagonismo no mercado imobiliário. De acordo com dados do Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais (Graprohab) do Estado de São Paulo, nos últimos dez anos, 1,362 milhão de lotes foram licenciados nesta região, enquanto na cidade de São Paulo o número foi de 7 mil.
Além disso, em 35 anos, a quantidade de domicílios no Interior praticamente dobrou, saltando de 5,5 milhões para 10,5 milhões de unidades, variação superior à da Capital, de 2,8 milhões para 4,5 milhões. Quem apresenta este quadro é Frederico Marcondes Cesar, vice-presidente do Interior do Secovi-SP - Sindicato da Habitação.
Ele esteve em Bauru nesta semana para participar do Encontro do Mercado Imobiliário, promovido pela regional do Secovi-SP e que contou com a presença do vice-governador do Estado de São Paulo, Felicio Ramuth.
Cesar revela que, nos últimos quatro anos, o mercado imobiliário mais que dobrou em produção, vendas e recursos para financiamento habitacional. E, como o Produto Interno Bruto (PIB) do Interior paulista é o maior do País - maior que o do estado do Rio de Janeiro, da cidade de São Paulo e da região Sul do País - a região tornou-se um dos principais vetores do crescimento do setor.
Com maior qualidade de vida, custo de vida menor e gama mais diversificada de áreas a serem ocupadas, o Interior viu sua população saltar de 16 milhões para mais de 32 milhões de habitantes nos últimos 45 anos, alta de 103%, enquanto na Capital a variação foi de 43%. "E Bauru está entre as maiores cidades do Interior, atraindo investimentos, principalmente por estar no centro do mercado de consumo, entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, com acesso viário, ferroviário. O Interior, de forma geral, possui mão de obra especializada por abrigar centros universitários, além de ter custo de vida reduzido e incentivos das prefeituras para quem quer investir", destaca.
MINHA CASA
Agora, em 2025, com o lançamento da Faixa 4 do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), que financia imóveis de até R$ 500 mil a famílias com renda mensal até R$ 12 mil, o segmento ganha um novo impulso. "O déficit habitacional brasileiro está entre 6,5 milhões e 7 milhões de habitações e 83% deste déficit engloba famílias com até 10 salários mínimos, justamente a faixa contemplada pelo programa, que responde hoje por 50% a 60% do mercado", frisa.
Diretor regional do Secovi-SP em Bauru, Bruno Pegorin Netto aponta que, dentro do MCMV, uma das atuais tendências do setor na cidade são os loteamentos planejados de casas na chamada franja urbana, ou seja, em regiões mais próximas da área rural. São imóveis com média de 42 metros quadrados e valores em torno de R$ 210 mil.
"É uma demanda que já está sendo atendida e ofertada na cidade. Mas, por outro lado, há também a oferta de loteamentos para segmentos intermediários, sem a casa, e empreendimentos verticais de alto padrão acima de 200 metros quadrados, cujo metro quadrado chega a R$ 12 mil, que a gente não tinha até então, além das unidades menores, de 60 a 70 metros quadrados, com metro quadrado a partir de R$ 5,5 mil. Então, todos os segmentos têm sido atendidos de uma maneira bem distribuída, com a cidade se espraiando e se verticalizando e os estoques em queda, de maneira muito sustentável", explica.
STUDIOS
Outro produto emergente, segundo Pegorin Netto, são os apartamentos studio, que, em Bauru, normalmente possuem de 20 a 25 metros quadrados e um dormitório e ficam nas áreas mais valorizadas da cidade na zona Sul. São imóveis projetados para pessoas que permanecem na cidade por períodos curtos, como executivos, profissionais como professores e pesquisadores, além de famílias da região que queiram ter uma base local para os fins de semana.
"O mercado de locação de curta temporada trazido pelos serviços online, como o Airbnb, tem encontrado alguma resistência nos prédios já existentes e há uma legislação sendo discutida sobre o assunto. Então, estes apartamentos já têm uma configuração para atender esta demanda, dando conforto e praticidade a estas pessoas", finaliza.