
O desmatamento é um rival do desenvolvimento urbano? Este questionamento é base de uma discussão de anos e anos em nosso país e que nos últimos anos se tornou mais incisivo em nossa grande Bauru.
Com o crescimento da cidade, é inevitável que espaços de vegetação precisem ser por vezes esvaídos, causando sim um impacto ambiental. O grande debate é se estes impactos não podem ser "friamente calculados" para que haja o equilíbrio.
Nós temos áreas de proteção ambiental que por si só, garantem que jamais haverá desmatamento, mas ainda assim não são áreas que a médio e longo prazo garantiram sustentabilidade em nosso planeta. Por isso, é preciso uma responsabilidade dos nossos representantes da cidade, tanto no executivo quanto no legislativo para que seja encontrado este equilíbrio.
Pode soar como saudosismo "e talvez até seja" mas apesar de este que vos escreve ter nascido nos anos 90 e não ser tão antigo, tenho lembranças de aos domingos pela manhã, sempre caminhar com meu pai pelas vegetações que existiam no bairro Isaura Pitta Garms (Bauru 1) e hoje já não existem mais. Em contra partida, existem residências no local que garantem o desenvolvimento da cidade. Mas não seria possível a manutenção de parte da vegetação sem ser desmatada?
Alguns anos atrás, houve um projeto de revitalização do espaço na praça Portugal nos altos da cidade, a praça dispunha de árvores muito provavelmente centenárias e dava a seus frequentadores ( mesmo com a alegação errônea da prefeitura de que não havia frequentadores ) uma sensação de refresco em uma cidade tão quente como a nossa. A obra teve sua aprovação e conclusão em tempo recorde se levarmos em conta outras obras... e não houve muito benefício a população ou ao município como alegado na época foi.
Eu trouxe toda esta introdução para chegar neste ponto, escrevo esta coluna no momento em que mais um cidadão foi vítima da lagoa da Quinta da Bela Olinda, com este óbito já são mais de 70 computados. Muitos creditam o elevado número a imprudência dos banhistas mas pouco se fala na negligência do município, se é um local proibido, porque nunca houve uma interdição e o acesso é livre?
Sabemos que nossa cidade carece de espaços para entretenimento de acesso para pessoas com baixo poder aquisitivo, assim, muitos recorrem aos espaços públicos para ocupar suas parcas horas livres. Porque não colocar em prática a revitalização desta lagoa e com isso gerar renda e desenvolvimento para a cidade?
Temos exemplos próximos de nossa cidade, Duartina tem seu Eco Parque, guardada as devidas proporções Lencóis Paulista faz a Facilpa ao redor de seu rio, Arealva tem sua "prainha", são possibilidades que se a mesma vontade que é empenhada para obras que beneficiam alguns segmentos e empresários como foi a da praça Portugal, com certeza achariam uma solução para esta lagoa que tem apelido de cemitério.
A cidade hoje possui o partido da Rede Sustentabilidade que o nome por si só já traduz o que representa. Mas precisa dialogar com demais partidos para que algo seja feito em relação a esta lagoa, oposição não tem que ser sinônimo de guerra e sim de diálogo.
Lideranças do partido na pessoa de seu presidente e outras fortes frentes, poderiam aproveitar o assunto aquecido para deliberar em sessão na câmara tal projeto que creio que já exista porém está engavetado.