Na edição de domingo, dia 3 de novembro, a Folha de São Paulo publicou uma interessante reportagem produzida em parceria com o Google, assinada por Maurício Meireles e Géssica Brandino, narrando a história da investigação de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs) no Brasil, com foco na atuação da Força Aérea Brasileira (FAB).
O primeiro documento relatando OVNIs data de 1952: são fotos de um disco voador avistado no céu da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, que depois se revelou ser uma montagem. Os documentos revelam uma ampla gama de relatos, desde avistamentos de luzes e objetos estranhos no céu até casos de supostos contatos com alienígenas, luta com marciano, conversas por telepatia, abduções e até ataques. A maioria dos relatos são de avistamentos de objetos no ar, cuja forma varia: pratos, discos, pirâmides ou até mesmo no formato de uma kombi intergaláctica.
A partir de 1969, a FAB criou o Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Sioani) para coletar e analisar relatos sobre OVNIs. A FAB sempre demonstrou interesse genuíno em investigar os OVNIs, tanto por questões de segurança nacional (proteção do espaço aéreo) quanto pela curiosidade científica. Ao longo dos anos, as hipóteses sobre a natureza dos OVNIs variaram, desde explicações tecnológicas (possíveis experimentos militares secretos) até a hipótese de aeronaves extraterrestres.
Uma série de casos famosos gerou a Operação Prato instalada em 1977 que investigou 130 relatos de supostos ataques alienígenas no Pará e Maranhão, gerando grande debate e controvérsia. Na cidade de Colares (PA), a população fazia procissão à noite, acendia fogueiras e soltava foguetes com o intuito de afugentar o que chamavam de "bicho". Segundo moradores, o "bicho" podia emitir um foco de luz intenso que deixava as vítimas inertes, trêmulas e com a voz presa. Os homens diziam ter sido sugados no pescoço pelo "bicho" e as mulheres nos seios.
Os documentos sobre OVNIs oferecem um rico panorama histórico sobre como a sociedade brasileira e as instituições militares tem lidado com um fenômeno que desperta tanto fascínio quanto medo. Apesar da vasta documentação, é importante ressaltar que os relatos sobre OVNIs não tem valor científico para provar a existência de vida inteligente em outros planetas, e muitos deles podem ser explicados por fenômenos naturais, erros de observação ou até mesmo fraudes.
A reportagem da Folha demonstra como o tema dos OVNIs, apesar de ser associado ao imaginário popular, foi tratado com seriedade pelas autoridades brasileiras, gerando um acervo documental rico e complexo que continua a ser estudado e debatido até os dias atuais.
