Bauru resolveu as eleições municipais deste ano em primeiro turno e o que chamou a atenção foi o número de eleitores que não compareceram às urnas: 85.913.
Enquanto a média nacional de comparecimento para votar foi de 78,29%, em Bauru este patamar foi de 69,55%, ou seja, abstenção de 30,45%, o equivalente a 8,74 pontos percentuais a menos, portanto, 11,16% menor do que esta média nacional.
De um total de 282.816 eleitores devidamente cadastrados nos Cartórios Eleitorais da cidade, somente 196.273 exerceram seu direito e seu dever no último domingo. Se retirarmos deste número os que votaram em branco e anularam o voto, a cidade teve somente 175.541 votos válidos, o equivalente a 62,07% do total, isto é, 37,93% dos eleitores não escolheram nenhum candidato a prefeito e a vereador.
Considerando que o IBGE projetou que Bauru atingiu 391.740 habitantes neste ano, aqueles que votaram representam 44,80% da população total. Evidentemente que há crianças, enfermos, incapazes e idosos que não são obrigados a votar, mas chama a atenção este verdadeiro desinteresse pela política e, mais que isso, desinteresse em decidir quem administrará a cidade nos próximos 4 anos.
Voltando aos eleitores que se abstiveram, seria muito importante que o Tribunal Eleitoral mapeasse quem são essas pessoas, afinal, o resultado vem se repetindo, colocando Bauru como um ponto fora da curva.
É certo que o resultado de domingo é incontestável e quem se elegeu tem legitimidade para atuar tanto no Executivo como no Legislativo local, contudo, esses eleitos devem ter consciência que não foram eleitos pela maioria, nem da população, nem dos eleitores.
Por este prisma, deverão estar abertos ao contraditório, a leitura crítica de suas decisões, e mais que isso, abertos ao diálogo, o que, por sinal, faltou muito nestes últimos 4 anos.
É possível afirmar que um dos motivos deste desânimo em relação a política tem como causa a fala de lideranças na cidade. De um lado muitos que poderiam participar mais ativamente da política local não o fazem, devido à forte exposição pessoal, inclusive preocupados com possíveis ataques pessoais, e outro lado, há mesmo uma escassez de líderes que possam fazer a diferença. Esse comportamento tem um preço: quem tem mais disposição se coloca a disposição no pleito eleitoral e o resultado nem sempre é o desejado.
Diante deste quadro e considerando os grandes desafios da cidade, com questões estruturais importantes, restará a sociedade civil organizada e a sociedade como um todo, exercer seus papéis de agentes ativos e serem efetivamente sujeitos da história da cidade.
Vale lembrar que é preciso acompanhar de perto o bilionário processo da concessão da Estação de Tratamento de Esgoto, a discussão e aprovação do Plano Diretor, idem para o Lei de Uso e Ocupação do Solo, o equacionamento da dívida da COHAB, a viabilidade financeira da Funprev, o destino da Estação Ferroviária, aa reinvenção da Emdurb, com melhoria na coleta e destinação do lixo, gestão dos cemitérios, do trânsito, e ainda a modernização da gestão pública municipal, também acompanhar e exigir a eliminação dos gargalos na saúde, o melhor uso dos recursos da educação, a gestão do DAE, a redução do número de vulneráveis (são mais de 105 mil), com investimentos em infraestrutura na periferia da cidade, ainda investimentos em esporte e lazer, entre tantas outras necessidades do município.
Se boa parte dos eleitores se distanciam da política e abrem mão de exercer seu direito e dever de escolher quem ele deseja que o represente, cabe à sociedade ampliar a vigilância para que construamos uma cidade que pense no presente, mas crie alicerce para o futuro, garantindo qualidade de vida aos cidadãos. Tudo isso exercido de maneira Republicana, sem interesses pessoais.
Enquanto não identificamos os 85.913 eleitores ausentes, fica o indicativo que cada um de nós terá que fazer sua parte e, como colocado, ser sujeito da história.