OPINIÃO

Deu Centrão nas urnas de 2024...

Por Percival Puggina |
| Tempo de leitura: 2 min

Poderia falar numa "vitória da direita" na eleição de domingo. De fato, se compararmos o desempenho pífio do PT com o do PL, dois polos do confronto ideológico nacional, os resultados do PL foram muito superiores e se destacam, mesmo num contexto em que quase 30 partidos disputaram os votos municipais do país.

No entanto, quem deve estar comemorando vitória com a voz das urnas são os partidos do Centrão.

É bom lembrar. Nas duas décadas subsequentes à Constituinte de 1988 o PMDB foi governo ininterruptamente, mas adotou um modo peculiar de ser - integrava o governo, saboreava os cargos e descartava os encargos quando incômodos. Abastecia-se nas emendas e atendia sua clientela.

A receita deu tão certo que novos partidos foram se juntando ao bloco que passou a responder pela maioria no plenário do Congresso Nacional. Partidos que compuseram durante bom tempo a base conservadora e liberal do país, como o extinto DEM (hoje União Brasil) e o PP (Progressistas), entraram de "mala e cuia", no dizer gaúcho, para o clube das boas oportunidades e mandaram a ideologia às favas.

Novos partidos surgiram e fizeram o mesmo. O PSD é um exemplo típico. Sem constrangimento algum, seu presidente, Gilberto Kassab, ao criá-lo, prometeu: "Não será de direita, nem de esquerda, nem de centro".

Descaracterizados, os partidos chutaram seus programas e não promovem o menor esforço, seja em divulgá-los, seja em torná-los efetivos no exercício do poder de cujas sobras se nutrem. Sua atuação, dentro do Congresso, permite que vicejem e se tornem decisivos líderes como os atuais presidentes das duas Casas legislativas. Os fins explicam os meios.

Contados os votos de domingo, mediu-se o sucesso dessa mediocridade.

A lista dos quatro partidos que elegeram maior número de prefeitos não inclui o partido do governo (PT), que é o 9º da lista, nem o que lidera a oposição, que é o 5º da lista.

Os que beberam mais espumante, domingo à noite, foram PSD, MDB, PP e União Brasil. Também foram esses quatro partidos que elegeram maior número de vereadores, com inversão de ordem entre MDB e PSD. O PL é o quinto e o PT ficou em 11º lugar.

O sinal está vermelho piscante para o PT. Especialmente em virtude do que se tem, numa primeira análise ao menos, como maus resultados para a sigla de Lula nas regiões Norte e Nordeste do país.

Gostaria de ter visto um sinal verde mais luminoso, realmente comprometido com liberais e conservadores no rumo do pleito de 2026.

Comentários

Comentários