Para um ateu, é difícil considerar a Bíblia uma obra de literatura, tantas são as versões e adaptações a uma ou outra crença. É rico material cultural e histórico, não há dúvida. Mas é importante o recente estímulo papal para que os católicos leiam, independente da natureza da obra literária, tal qual fazemos - ou tentamos fazer - com nossos alunos.
Nesse aspecto, o benefício da leitura independe da classificação do material escrito, como apregoam os especialistas que questionam se a literatura realmente ensina. A literatura bíblica foi oral na origem, manuscrita apenas séculos depois e em línguas já não mais correntes ou com significâncias muito distintas das que existes hoje ou da época de Gutenberg, quando tudo passou a ser impresso e de amplo acesso.
Modernamente, os manuscritos continuam provocando descobertas e um conjunto deles chamou a atenção devido à importância de seu autor e de documentários sobre ele. Está em curso um belo resgate dos diários do crítico literário Antonio Candido na forma de imagens e depoimentos. Esperamos que o material possa ser publicado na íntegra, aproveitando a menor dificuldade de transcrição dos textos, pressupondo que Candido possuía uma letra boa e legível, ao contrário de muitos de nossos literatos e de seus leitores.
Além disso, Antonio Candido publicou por muitos anos no jornal O Estado de S. Paulo um "Suplemento Literário" e poderiam aproveitar a ocasião e lançar conjuntamente esse material na forma de livro para que oxigenasse a crítica literária atual.