OPINIÃO

Povo perde dinheiro em apostas enquanto Bets enriquecem

Por Rafael Moia Filho |
| Tempo de leitura: 2 min

Uma rápida avaliação dos economistas de um grande banco brasileiro estimou que os apostadores brasileiros perderam, no balanço entre vitórias e derrotas com Bets, algo em torno de R$ 23,9 bilhões no período de um ano. De forma simples, os jogadores pagaram, aproximadamente, R$ 68,2 bilhões em apostas e taxas de serviço e recebeu de volta R$ 44,3 bilhões.

A análise foi realizada extraindo os valores do balanço de pagamentos do Banco Central, que mudou sua metodologia de registro em janeiro de 2023. O dinheiro gasto com jogo agora é contabilizado como "serviços culturais, pessoais e recreativos" para taxas de serviço do site e como "renda secundária" para o valor apostado. A alteração inflou os valores transacionados sob ambas as rubricas.

A única novidade que houve em termos contábeis para justificar essa explosão foi o mercado de apostas, o que surpreende zero pessoas no país inundado por empresas Bets. São clubes de futebol, jogadores, arenas, programas televisivos de esporte, enfim, as Bets estão em toda parte patrocinando e tendo uma visibilidade gigantesca na mídia.

Impressiona que num país com um banco oficial do governo - Caixa Econômica Federal - arrecadando bilhões ao ano com diversos jogos somem-se os gastos com apostas online em Bets. De onde nossa gente tira tanto recurso para jogar? Os salários que a média dos brasileiros recebem são muito baixos, muito aquém do necessário para sua sobrevivência.

Em alguns países estas empresas de apostas são submetidas a fiscalizações rigorosas no campo esportivo, bem como no funcionamento normal junto à economia do país. Aqui no Brasil são centenas de Bets, sem que saibamos quais são as regras. O que nos permite imaginar muitas coisas quando assistimos lances estranhos no decorrer de jogos e de campeonatos.

O Brasil não tem cassinos, porém, hipocritamente permite que bilhões sejam movimentados em jogos através da Caixa, Bets e o jogo do bicho, a contravenção que atravessou décadas impunemente e ainda tem hoje em dia tentáculos em outros segmentos da vida das cidades.

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