CASO CLAUDIA

Deic segue com investigação; veja passo-a-passo do homicídio

Por Guilherme Matos | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Reprodução/Polícia Civil
Polícia Civil divulgou documento com informações da investigação
Polícia Civil divulgou documento com informações da investigação

A Polícia Civil segue com as investigações relativas ao assassinato da secretária-executiva da Apae, Claudia Regina Rocha Lobo, 55 anos. O então presidente da entidade, Roberto Franceschetti Filho, 36 anos, que foi destituído da função nesta quarta-feira (28), é principal suspeito pelo crime e está preso temporariamente no Centro de Detenção Provisória (CDP). Hoje, inclusive, foram feitas algumas diligências por parte da 3ª Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) que, por enquanto, não serão divulgadas.

Informações sobre o trabalho realizado pelo Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold) também só serão disponibilizadas oportunamente, uma vez que o inquérito está sob sigilo e foi iniciado nesta semana. A Justiça, no entanto, autorizou o compartilhamento de provas entre as apurações.

Ainda assim, é certo que novas informações serão solicitadas à entidade, assim como outras medidas cautelares serão requeridas à Justiça. Por conta de uma delas, policiais estiveram no prédio da Apae da rua Rodrigo Romeiro, na última quinta-feira, cumprindo mandado de busca e apreensão. Novas oitivas também serão realizadas. Assim que o Seccold tiver mais elementos, também deve ouvir Franceschetti no inquérito que apura peculato e lavagem de dinheiro.

O trabalho será realizado com cautela, pois é possível que, assim como fez o ex-presidente da Apae, segundo a Polícia Civil, envolvidos possam, propositadamente, tentar desviar o foco das apurações. O agora chamado "Caso Claudia" chocou a cidade.

Ela deixou a sede administrativa da Apae no último dia 6 de agosto em uma caminhada tranquila e com um envelope pardo em suas mãos. Imagens de câmera de segurança mostram a mulher de 55 anos entrando no banco do motorista de uma Spin branca sem levar chaves, celular ou bolsa. Essa foi a última vez que ela foi vista com vida. Segundo a Polícia Civil, Roberto Franceschetti Filho a aguardava e se preparava para o crime, agora tratado como homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

Com base num documento divulgado pela Delegacia de Investigações de Homicídios na última segunda-feira (28), o JCNET mostra o passo-a-passo do crime.

Dia 6

14h: Funcionário da Apae recebe telefonema de Roberto Franceschetti perguntando se ele iria queimar materiais naquele dia.

14h57: Claudia deixa a sede administrativa da Apae localizada na rua Rodrigo Romeiro, no Centro de Bauru. Câmera de monitoramento registrou ela entrando numa Spin branca, que pertence à Apae. Eram as últimas imagens da secretária executiva até o momento e o vídeo circulou na imprensa e redes sociais para apoiar as buscas pela mulher dada como desaparecida.



No mesmo dia, a família entrou em contato com a polícia para informar o desaparecimento.

15h: Câmera de segurança flagra o carro passando na avenida Nações Unidas.



15h11: A Spin para na rua Maestro Oscar Mendes, no Novo Jardim Pagani. Uma câmera registra, à distância, Claudia Lobo e Roberto Franceschetti trocando de lugares no veículo. Nesse momento, Claudia senta no banco onde a polícia encontrou a maior parte dos vestígios de sangue. O ex-presidente assume o lugar do motorista.

De acordo com a defesa de Franceschetti,  a dupla tentava simular uma viagem de Uber para ir até o bairro Mary Dota e entregar dinheiro para um parente de Claudia Lobo. O registro, porém, foi uma das inconsistências no primeiro depoimento do ex-presidente, que afirmava ter visto a secretaria por último na sede, pouco antes do desaparecimento.

 

Imagens de satélite, obtidas no Google Maps pelo Jcnet, simulam um possível trajeto que o carro seguiu até o local em que houve a troca. 



15h14: O carro deixa o local após cerca de três minutos parado. A polícia  acredita que Roberto efetuou o disparo contra Claudia neste momento. No dia seguinte, quando o carro foi encontrado abandonado (veja mais abaixo), a polícia encontrou, além do sangue, um estojo deflagrado de pistola calibre 380. Posteriormente, no exame balístico de uma pistola apreendida na casa de Franceschetti, a polícia comprovou que o estojo pertencia à arma dele.

15h17: O veículo é flagrado por uma câmera na marginal da Rodovia Cesário José de Castilho (Bauru-Arealva). Segundo a polícia, Roberto seguia para se desfazer do corpo. A corporação informa, ainda, que movimentações registradas entre 16h01 e 16h12 apontam que ele estava na região do bairro Pousada da Esperança e da rodovia, na altura do km 348,5.

 

“Essa região é a mesma onde a Apae passou a fazer incineração de papeis e materiais, em uma chácara de locação [...] e que o funcionário responsável pelo descarte, homem de confiança de Roberto, já trabalhou e residiu na chácara”

Depois, segundo o depoimento do funcionário de confiança, Roberto chega conduzindo a Spin, com o corpo, e ameaça o homem e sua família. Franceschetti teria ordenado que o homem desse um fim no cadáver e limpasse o carro. Roberto deixa o local conduzindo a outra viatura da Apae, que o funcionário levou com os materiais.

O local de desova foi uma região de mata a cerca de 20 metros do buraco onde a Apae queimava documentos e outros materiais.



Segundo a Polícia Civil, o ex-presidente teria tentado forjar um álibi ao abastecer sua caminhonete com cartão em um posto de combustível às 16h40 e entregar um telefone a uma funcionária da Apae. No fim da tarde, ele teria voltado para se desfazer da Spin.

18h38: Pela análise da Polícia, Roberto estava na região do Parque Santa Cândida, próximo da Alameda Três Lagoas, local onde o carro foi abandonado.

Outro lado

Em entrevista coletiva realizada na manhã desta terça-feira (27), os advogados Lucas Martins, Leandro Pistelli e Vanessa Mangile reafirmaram que o presidente afastado da Apae se declara inocente. Eles tratam o caso como um desaparecimento e refutam informação de que seu cliente tenha feito qualquer tipo de confissão informal à Polícia Civil.

Os defensores também disseram que trabalham em uma investigação defensiva e apontam uma suposta não preservação, por parte da Polícia Militar (PM), da Spin conduzido por Claudia Lobo (e posteriormente por Franceschetti, segundo a Polícia Civil) quando a secretária saiu da Apae, no dia de seu desaparecimento, em 6 de agosto.

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