JAIR TERCIOTI

JAIR TERCIOTI

Da Guarda Civil à Polícia Militar

Da Guarda Civil à Polícia Militar

Ele fez parte da antiga Guarda Civil que foi unificada à Força Pública em 1969, dando origem, por lei, à Polícia Militar, como é constituída atualmente

Ele fez parte da antiga Guarda Civil que foi unificada à Força Pública em 1969, dando origem, por lei, à Polícia Militar, como é constituída atualmente

Por Tisa Moraes | 17/09/2023 | Tempo de leitura: 5 min
da Redação

Por Tisa Moraes
da Redação

17/09/2023 - Tempo de leitura: 5 min

Guilherme Matos

Jair Tercioti

Do alto de seus 80 anos, 30 deles dedicados à segurança pública, o major aposentado Jair Tercioti fez parte da antiga Guarda Civil, corporação que foi unificada com a Força Pública nacional em 1969, dando origem, por lei, à Polícia Militar, como é constituída hoje. Integrou, assim, a 1.ª geração de policiais militares do País.

Nascido em Cabrália Paulista, ele mudou-se para Bauru ainda na adolescência, quando passou a trabalhar como balconista de uma loja de materiais elétricos. Logo, partiu para São Paulo, onde ingressou na Guarda Civil e, posteriormente, na recém-criada PM. Atuou no trânsito já caótico da Capital, até ser transferido para o Batalhão Florestal. Como policial ambiental, ajudou a fundar outros batalhões no Interior do Estado, além de participar de inúmeras fiscalizações, incluindo apreensões de grandes quantidades de carne de animais nativos irregularmente abatidos.

Nesta época, também viu o Zoológico de Bauru germinar, tendo papel ativo, inclusive, na vinda dos primeiros animais ao parque, oriundos do Zoo de Bastos, que acabou sendo desativado. Casado com Telma Regina, pai de Marlos Giuliano, Melvio Lucio e Mariângela Regina e avô de cinco netos, Tercioti relembra, nesta entrevista, estas e outras passagens marcantes de sua trajetória e faz um balanço de sua carreira, por meio da qual conseguiu estudar e formar dois filhos dentistas e uma advogada. Leia, abaixo, os principais trechos.

JC - Por que o senhor decidiu seguir na carreira policial?

Jair - Quando cheguei a Bauru, aos 15 anos, trabalhei como balconista em uma loja de materiais elétricos que ficava ao lado da antiga Discoteca de Bauru. Depois, fui para São Paulo trabalhar em uma farmácia e atendia muitos policiais militares que iam tomar injeções. Eles me incentivaram a seguir na carreira e, em 1961, com 17 para 18 anos, fiz os exames para entrar na antiga Guarda Civil estadual, que, com a Revolução de 64, foi unificada com a Força Pública, por meio do decreto do presidente Emílio Garrastazu Médici, dando origem à Polícia Militar. A Guarda Civil só existia na cidade de São Paulo e naquelas com mais de 100 mil habitantes, uma meia dúzia. Entrei em abril de 1962 e lá fiquei até a unificação, em 1969, quando fui para a Academia do Barro Branco.

JC - Foi para estudar para ser PM? Com qual patente saiu da Academia?

Jair - Eu saí de Bauru apenas com o primário completo, mas continuei estudando enquanto estava na Guarda Civil, em São Paulo. Fiz o ginasial e o colegial e, por isso, tive condições de ir para a Academia, onde fiquei estudando por quatro anos. Saí de lá, atuei por um ano no trânsito, na região da avenida Paulista, Consolação, rua Augusta, Praça Roosevelt, e era uma loucura, eu chegava em casa com o rosto cheio de fuligem. Já como segundo-tenente, fui transferido para o Batalhão Florestal, trabalhando no Horto Florestal, um lugar maravilhoso. Três meses depois, me mandaram para Sorocaba, companhia pertencente àquele Batalhão. A gente ia quase toda semana para o Vale do Ribeira, com a função principal de prender palmiteiros clandestinos e apreender caminhões carregados com palmito.

JC - Depois, foi autuar onde?

Jair - Vim para Bauru e, daqui, fui para Birigui com o objetivo de fundar, junto com uma equipe, o segundo Batalhão Florestal. Fiquei lá por três anos e voltei a Bauru. Em 1985, fui promovido a capitão e fui ajudar a fundar o Batalhão de Jaú, sempre começando do nada, mas tendo como parâmetro os outros que já tinham sido criados. De Jaú, fui para Lençóis Paulista para comandar pelotões que atendiam policiamento de rua, o trânsito. E, depois, retornei a Bauru. Quando fui promovido a major, me mandaram a São Paulo, designado para um serviço burocrático, um arquivão. Era 1992, eu já tinha 30 anos e cinco meses de carreira, decidi me aposentar e retornei a Bauru.

JC - Qual caso mais marcou o senhor dentro da Polícia Ambiental?

Jair - Fiquei na Polícia Florestal, depois denominada Ambiental, de 1975 a 1985. Naveguei por muitos rios, como o Paranapanema, o Tietê, fazendo fiscalizações. Uma vez, por exemplo, resgatamos uma sucuri de 86 quilos. Foram oito homens para carregá-la e levá-la ao Zoológico. Em outra ocasião, em uma cidade perto de Araçatuba, às margens do Tietê, por duas vezes, um homem bateu na esposa e ela ligou para nós para denunciá-lo por crime ambiental. Nestas duas ocorrências, apreendemos cortes de sucuri sem o couro, que ele mantinha na geladeira e levaria para vender no Brás, em São Paulo. Eram grandes quantidades de sucuri, tatu e capivara mortos, gelados. Doamos tudo ao Zoológico para alimentação dos animais.

JC - Antes do Zoo, para onde animais vivos apreendidos eram levados?

Jair - Iam para órgãos fora de Bauru. Uma história curiosa do início do Zoo é que, um dia, recebi um telefonema do prefeito de Bastos dizendo que não tinha mais condições de manter (o zoológico da cidade, onde havia) vários animais silvestres, como antas, emas, saguis, veados, capivaras. O prefeito Osvaldo Sbeghen, que era muito receptivo, tinha uma marcenaria no Jardim Bela Vista e propus que ele fizesse umas jaulas improvisadas e cercados na área municipal onde hoje fica o Zoo de Bauru (o parque já estava em construção desde 1977 e foi inaugurado com estes primeiros animais em 1980). Já na gestão do Tuga Angerami, o zootecnista Luiz Pires foi contratado para ser o diretor do Zoológico e foi o responsável por modernizar o parque e transformá-lo na referência que é hoje.

JC - Qual balanço o senhor faz destes 30 anos de carreira policial?

Jair - A polícia foi a organização que me permitiu estudar. Eu fiz faculdade de direito e formei meus três filhos, dois dentistas, um morando em Bauru e outro em Jaú, e uma advogada, que está em Piratininga. E eles me deram cinco netinhas: a Maria Fernanda, de 8 anos; o Murilo, de 1 ano; e as trigêmeas Maria Luísa, Maria Eduarda e Maria Júlia, que nasceram em março passado.

Do alto de seus 80 anos, 30 deles dedicados à segurança pública, o major aposentado Jair Tercioti fez parte da antiga Guarda Civil, corporação que foi unificada com a Força Pública nacional em 1969, dando origem, por lei, à Polícia Militar, como é constituída hoje. Integrou, assim, a 1.ª geração de policiais militares do País.

Nascido em Cabrália Paulista, ele mudou-se para Bauru ainda na adolescência, quando passou a trabalhar como balconista de uma loja de materiais elétricos. Logo, partiu para São Paulo, onde ingressou na Guarda Civil e, posteriormente, na recém-criada PM. Atuou no trânsito já caótico da Capital, até ser transferido para o Batalhão Florestal. Como policial ambiental, ajudou a fundar outros batalhões no Interior do Estado, além de participar de inúmeras fiscalizações, incluindo apreensões de grandes quantidades de carne de animais nativos irregularmente abatidos.

Nesta época, também viu o Zoológico de Bauru germinar, tendo papel ativo, inclusive, na vinda dos primeiros animais ao parque, oriundos do Zoo de Bastos, que acabou sendo desativado. Casado com Telma Regina, pai de Marlos Giuliano, Melvio Lucio e Mariângela Regina e avô de cinco netos, Tercioti relembra, nesta entrevista, estas e outras passagens marcantes de sua trajetória e faz um balanço de sua carreira, por meio da qual conseguiu estudar e formar dois filhos dentistas e uma advogada. Leia, abaixo, os principais trechos.

JC - Por que o senhor decidiu seguir na carreira policial?

Jair - Quando cheguei a Bauru, aos 15 anos, trabalhei como balconista em uma loja de materiais elétricos que ficava ao lado da antiga Discoteca de Bauru. Depois, fui para São Paulo trabalhar em uma farmácia e atendia muitos policiais militares que iam tomar injeções. Eles me incentivaram a seguir na carreira e, em 1961, com 17 para 18 anos, fiz os exames para entrar na antiga Guarda Civil estadual, que, com a Revolução de 64, foi unificada com a Força Pública, por meio do decreto do presidente Emílio Garrastazu Médici, dando origem à Polícia Militar. A Guarda Civil só existia na cidade de São Paulo e naquelas com mais de 100 mil habitantes, uma meia dúzia. Entrei em abril de 1962 e lá fiquei até a unificação, em 1969, quando fui para a Academia do Barro Branco.

JC - Foi para estudar para ser PM? Com qual patente saiu da Academia?

Jair - Eu saí de Bauru apenas com o primário completo, mas continuei estudando enquanto estava na Guarda Civil, em São Paulo. Fiz o ginasial e o colegial e, por isso, tive condições de ir para a Academia, onde fiquei estudando por quatro anos. Saí de lá, atuei por um ano no trânsito, na região da avenida Paulista, Consolação, rua Augusta, Praça Roosevelt, e era uma loucura, eu chegava em casa com o rosto cheio de fuligem. Já como segundo-tenente, fui transferido para o Batalhão Florestal, trabalhando no Horto Florestal, um lugar maravilhoso. Três meses depois, me mandaram para Sorocaba, companhia pertencente àquele Batalhão. A gente ia quase toda semana para o Vale do Ribeira, com a função principal de prender palmiteiros clandestinos e apreender caminhões carregados com palmito.

JC - Depois, foi autuar onde?

Jair - Vim para Bauru e, daqui, fui para Birigui com o objetivo de fundar, junto com uma equipe, o segundo Batalhão Florestal. Fiquei lá por três anos e voltei a Bauru. Em 1985, fui promovido a capitão e fui ajudar a fundar o Batalhão de Jaú, sempre começando do nada, mas tendo como parâmetro os outros que já tinham sido criados. De Jaú, fui para Lençóis Paulista para comandar pelotões que atendiam policiamento de rua, o trânsito. E, depois, retornei a Bauru. Quando fui promovido a major, me mandaram a São Paulo, designado para um serviço burocrático, um arquivão. Era 1992, eu já tinha 30 anos e cinco meses de carreira, decidi me aposentar e retornei a Bauru.

JC - Qual caso mais marcou o senhor dentro da Polícia Ambiental?

Jair - Fiquei na Polícia Florestal, depois denominada Ambiental, de 1975 a 1985. Naveguei por muitos rios, como o Paranapanema, o Tietê, fazendo fiscalizações. Uma vez, por exemplo, resgatamos uma sucuri de 86 quilos. Foram oito homens para carregá-la e levá-la ao Zoológico. Em outra ocasião, em uma cidade perto de Araçatuba, às margens do Tietê, por duas vezes, um homem bateu na esposa e ela ligou para nós para denunciá-lo por crime ambiental. Nestas duas ocorrências, apreendemos cortes de sucuri sem o couro, que ele mantinha na geladeira e levaria para vender no Brás, em São Paulo. Eram grandes quantidades de sucuri, tatu e capivara mortos, gelados. Doamos tudo ao Zoológico para alimentação dos animais.

JC - Antes do Zoo, para onde animais vivos apreendidos eram levados?

Jair - Iam para órgãos fora de Bauru. Uma história curiosa do início do Zoo é que, um dia, recebi um telefonema do prefeito de Bastos dizendo que não tinha mais condições de manter (o zoológico da cidade, onde havia) vários animais silvestres, como antas, emas, saguis, veados, capivaras. O prefeito Osvaldo Sbeghen, que era muito receptivo, tinha uma marcenaria no Jardim Bela Vista e propus que ele fizesse umas jaulas improvisadas e cercados na área municipal onde hoje fica o Zoo de Bauru (o parque já estava em construção desde 1977 e foi inaugurado com estes primeiros animais em 1980). Já na gestão do Tuga Angerami, o zootecnista Luiz Pires foi contratado para ser o diretor do Zoológico e foi o responsável por modernizar o parque e transformá-lo na referência que é hoje.

JC - Qual balanço o senhor faz destes 30 anos de carreira policial?

Jair - A polícia foi a organização que me permitiu estudar. Eu fiz faculdade de direito e formei meus três filhos, dois dentistas, um morando em Bauru e outro em Jaú, e uma advogada, que está em Piratininga. E eles me deram cinco netinhas: a Maria Fernanda, de 8 anos; o Murilo, de 1 ano; e as trigêmeas Maria Luísa, Maria Eduarda e Maria Júlia, que nasceram em março passado.

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1 COMENTÁRIOS

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  • ACIR TERCIOTI
    17/09/2023
    parabéns ao JAIR TERCIOTI., tenente coronel aposentado da gloriosa POLICIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO.....missão dada.. missão cumprida..