Geral

Em uma casa da av. Castelo Branco foram apreendidos um galão plástico com 60 litros da bebida semipronta, garrafas, lacres, etiquetas e galões com álcool de cereais, corante e essência de carvalho.

Ieda Rodrigues
| Tempo de leitura: 4 min

A bebida, produzida numa casa na avenida Castelo Branco, era envazada em litros vazios de marcas importadas do produto.

Um galão plástico com cerca de 60 litros de uísque quase pronto foi apreendido numa casa da quadra 10 da avenida Castelo Branco, ontem à tarde. Na residência, que pertence ao comerciante Daniel Damasceno Costa, 56 anos, também foram apreendidas aproximadamente 50 garrafas vazias de marcas famosas da bebida, lacres, etiquetas e galões com álcool de cereais, corante e essência de carvalho, produtos que compõem o aguardente.

Costa confessou que fabricava uísque em sua casa e envazava o produto em garrafas vazias de marcas importadas da bebida. Os litros com uísque caseiro recebiam lacres plásticos novos, semelhantes aos originais, e etiquetas que eram fotocopiadas das verdadeiras. Dessa maneira, o uísque feito pelo comerciante passava por verdadeiro.

O comerciante disse ao JC que iniciou a fabricar a bebida, há cerca de seis meses, para conseguir pagar dívidas. Costa afirmou que toda a produção caseira, segundo ele, cerca de mil litros, foi entregue a seus credores, de Bauru e de outras cidades, como forma de pagamento.

Cada litro de uísque, cujo custo de produção era de cerca de R$ 4,50, era entregue aos credores ao preço de R$ 10,00. Os credores, confessou Costa, achavam que a bebida havia sido adquirida no Paraguai. Dessa forma, o comerciante disse que pagou aproximadamente R$ 23 mil a credores.

A dívida, segundo o comerciante, foi contraída quando o restaurante que possuía passou a dar prejuízos. Ele disse que nenhuma das pessoas que recebeu seu uísque reclamou do gosto do produto. O litro de uísque das marcas falsificadas por Costa custam entre R$ 50,00 e R$ 80,00.

A produção caseira e irregular de uísque foi descoberta pela Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise) de Bauru, que recebeu uma informação de que na casa de Costa havia drogas. Ontem, com autorização judicial, os policiais da Dise fizeram uma busca na casa do comerciante, quando encontraram a fábrica numa espécie de área de serviços.

Além da bebida quase pronta - só faltava adicionar malte para uísque - os policiais apreenderam todas as garrafas vazias, lacres, etiquetas e galões com sobras de produtos usados para fabricar a bebida. Uma amostra do uísque semi-pronto foi encaminhada à Polícia Técnica, para análise. Costa foi liberado após a elaboração de ato circunstanciado.

De acordo com o delegado titular da Dise, José Henrique Gomes dos Santos, dependendo do resultado do laudo da Polícia Técnica, Costa poderá responder por crime contra a saúde pública (se a bebida oferecer risco à saúde) da lei 9677/98. Além das instalações do local de fabricação, inadequadas para a atividade, os policiais da Dise acharam vidros quebrados no local.

Fabricação seguia a fórmula fornecida pela distribuidora

O comerciante Daniel Damasceno Costa fabricava uísque seguindo uma fórmula fornecida pela empresa Irmãos Fraccaroli, de São Paulo, que vendeu os componentes da bebida. Costa frisou, porém, que comprou um lote de produtos, em seu nome, como se fosse abrir uma fábrica de uísque.

Ele deveria enviar uma amostra do uísque produzido ao Ministério da Agricultura para análise e requerer o registro da bebida. Entretanto, Costa utilizou toda a remessa de produtos e não enviou amostra ao Ministério da Agricultura, primeiro passo para regularizar a produção do produto e abertura da indústria do ramo. Ele alegou que não tinha dinheiro para fazer todo o processo e que pensava apenas em pagar as dívidas já contraídas.

Costa afirmou que a empresa Irmãos Fraccaroli não tinha conhecimento que ele estava produzindo a bebida em casa. Como não tinha o CGC da indústria, o comerciante disse que tentou, mas não conseguiu comprar mais componentes para a fabricação de uísque quando a primeira remessa acabou.

Por isso, segundo ele, a polícia encontrou cerca de 60 litros da bebida semi-pronta em sua casa. Faltava adicionar malte à mistura, produto que já havia acabado. Além do malte, seguindo a fórmula que recebeu, Costa usava extrato de carvalho glicose, água destilada e corante para fazer uísque. O processo de produção, segundo ele, é fácil e demora cerca de 48 horas.

O comerciante envazava a bebida que produzia em garrafas de uísque das marcas Johnnie Walker, Cavalo Branco e Black Label. As garrafas vazias, segundo ele, eram adquiridas em restaurantes. Os lacres de plástico para as garrafas, segundo Costa, foram comprados no Paraguai por uma outra pessoa. Para etiquetar as garrafas ele recorria a cópias coloridas de etiquetas verdadeiras.

Comentários

Comentários