Dois fotógrafos da Tribuna Impressa foram vítimas de ameaça e violência, ontem à noite, durante reportagem sobre um jantar que reuniu representantes de empresas participantes da concorrência pública aberta para a concessão do serviço de coleta de lixo de Araraquara, e membros da Comissão de Licitações da Prefeitura. O jantar, ao qual compareceram representantes da empresa vencedora que apresentou menor preço na abertura das propostas (ontem à tarde), a Limp Leão, foi no restaurante Velho Armazém. A equipe de reportagem da EPTV de São Carlos registrou parte das agressões.
A primeira vítima foi o fotógrafo Daniel Barreto. Quando fotografou o grupo, que estava distribuído em quatro mesas, várias pessoas levantaram-se e deixaram o restaurante correndo. Em seguida, o profissional teve o equipamento fotográfico arrancado de suas mãos por um dos homens que jantavam numa ala nos fundos do restaurante. De acordo com informações do Boletim de Ocorrência (BO), o agressor era Luis Wolgran Teixeira Ferreira, advogado e consultor da Prefeitura de Araraquara que, além de pegar sua máquina, também o ameaçou de morte.
“Todos os que estavam na mesa me cercaram, minha carteira foi tirada do meu bolso, um deles pegou minha identidade e Wolgran disse que se me encontrasse na rua novamente eu estava morto. O juiz disse que ia levantar a minha fichaâ€, conta. O juiz (do Trabalho) Júlio César de Carvalho é de Santos e aposentado.
Após ser obrigado pelos agressores a apagar as fotos (feitas em máquina de sistema digital), Barreto ligou para a redação do jornal relatando a agressão. A máquina fotográfica, entregue ao dono do restaurante, somente foi devolvida quando a Polícia Militar (PM), acionada pela Tribuna, chegou ao local.
A segunda agressão ocorreu no momento em que Mastrangelo Reino, também chamado ao local para registrar a situação, começou a fotografar um dos homens que estava deixando o restaurante, o segurança João Corrêa da Paixão. Mastrangelo levou um soco na boca e um chute nas pernas. O agressor jogou a câmara fotográfica no chão, que se partiu em duas. Imediatamente, a polícia interveio e prendeu Paixão em flagrante. No Plantão Policial, ele preferiu se manter em silêncio e disse que somente iria depor em juizo.
As agressões foram presenciadas por várias pessoas que se encontravam no restaurante. O empresário Pedro Lia Tedde, que estava no local com um grupo de amigos, disse que reconheceu entre os homens fotografados por Daniel Barreto o presidente da Comissão de Licitações da Prefeitura, Ademir de Souza. Segundo ele, Souza deixou o restaurante logo depois do tumulto envolvendo Barreto. “Ele estava acompanhado de um outro rapaz de barba, que não sei quem éâ€.
Segundo uma testemunha que pediu para não ser identificada, o acompanhante de Ademir de Souza era um dos representantes da empresa Jual, que retirou o edital, mas não apresentou proposta à concorrência.
A reportagem da Tribuna tentou entrar no restaurante para falar com os agressores, mas foi impedida pela segurança do local.(Andréa Mesquita e Carlos Corrêa / Tribuna Impressa)
JC repudia e denuncia atentado à liberdade de expressão
Como veículo que tem participação societária na Tribuna Impressa e por sua defesa intransigente da liberdade de imprensa, o Jornal da Cidade repudia, veementemente, as agressões sofridas pela equipe de reportagem do jornal de Araraquara.
Através de seu diretor, Renato Zaiden, vice-presidente da Associação Paulista de Jornais (APJ), o JC denunciará o covarde ataque a profissionais em serviço às entidades das quais é fundador, como a APJ, e filiado, como a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), pedindo um firme posicionamento contra mais esta torpe tentativa de intimidação da imprensa livre no País. Entidades sérias e comprometidas com a democracia serão informados do ocorrido por Zaiden, na qualidade de dirigente da APJ. Agentes públicos, eleitos ou nomeados, e empresas que querem trabalhar com o dinheiro da população têm a obrigação moral e legal de prestar contas de seus atos. Quem tem a consciência do dever cumprido não deve temer a transparência e muito menos usar a violência como argumento.