Geral

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Estudos: 62% das gestantes têm estresse

Estudos: 62% das gestantes têm estresse

A ausência de um pré-natal psicológico pode prejudicar mães e bebês, conforme apontam duas pesquisas feitas em Bauru

A ausência de um pré-natal psicológico pode prejudicar mães e bebês, conforme apontam duas pesquisas feitas em Bauru

26/02/2020 | Tempo de leitura: 3 min
Cinthia Milanez

Cinthia Milanez

26/02/2020 - Tempo de leitura: 3 min

Embora bastante romantizada, a gestação costuma trazer um turbilhão de incertezas que, muitas vezes, desarranjam a saúde mental das mães. Em Bauru, 62% das gestantes têm estresse, conforme apontam as pesquisas de mestrado e doutorado da psicóloga perinatal Rafaela de Almeida Schiavo. A ausência de um pré-natal psicológico, segundo ela, pode prejudicar mulheres e bebês.

Em sua dissertação de mestrado, a pesquisadora estudou 98 gestantes a partir do terceiro trimestre e mulheres com até três meses de pós-parto. Já em sua tese de doutorado, Rafaela avaliou 320 grávidas a partir do terceiro trimestre e mulheres com até seis meses de pós-parto. Em ambas as situações, as pesquisadas frequentavam as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município.

O primeiro estudo foi concluído em 2012 e o segundo, em 2016. O contexto, no entanto, deve seguir inalterado. O objetivo da psicóloga foi o de analisar a saúde mental das envolvidas. Ela apurou que em torno de 35% das gestantes apresentaram ansiedade. Outras 25% tiveram depressão e 62%, estresse. Entre as parturientes, os números caíram para 26%, 20% e 49%, respectivamente.

Para Rafaela, a quantidade de alterações emocionais, desde a gestação, é alta. "Como não existe alguém avaliando a saúde mental destas pacientes, com base na premissa de que estão felizes pela gravidez, elas continuam apresentando o problema no decorrer do pós-parto", acrescenta.

De acordo com a pesquisadora, há diversas associações da ansiedade, do estresse e da depressão com implicações ao desenvolvimento infantil. "Do total das crianças estudadas, 31% tiveram, até os 6 meses de idade, atraso na linguagem ou na coordenação motora", constata.

Ainda segundo Rafaela, o motivo é simples. "As mães com alterações emocionais significativas não conseguem estimular os filhos. Para fazê-lo, precisam de cuidados adequados", explica.

Ansiedade, estresse e depressão também podem aumentar as chances de nascimento de crianças com baixo peso e prematuras, devido ao excesso de cortisol. Tal substância, liberada pela corrente sanguínea das mães, chegam aos bebês, via cordão umbilical.

POLÍTICA PÚBLICA

Conforme a psicóloga mostra em seus estudos, os problemas envolvendo a saúde mental das gestantes estão concentrados na ausência de uma política pública, que forneça uma rede de apoio.

Na maioria das vezes, quando as mulheres desabafam junto aos familiares ou amigos, acabam reprimidas. "Muitos falam em pecado, porque acreditam na existência de um instinto materno", observa.

No entanto, a pesquisadora revela que a ciência não reconhece tal sentimento. "A ideia de amor materno foi construída no século 17. Antes, muitas crianças eram assassinadas pelas próprias genitoras. Nós só podemos chamar de instinto aquilo que existe dentro de uma espécie, em todas as épocas e culturas", informa.

Logo, Rafaela defende que as grávidas passem por pré-natal médico e psicológico. "Hoje, o Brasil possui poucas cidades que preveem o tratamento completo, como é o caso do Distrito Federal", frisa.

Identificada alguma alteração da saúde mental, os profissionais capacitados sabem se as gestantes precisarão de orientação, acolhimento, psicoterapia ou, até mesmo, indicação de um psiquiatra.

A psicóloga pretende apresentar as suas pesquisas ao município para, quem sabe, estimular a implantação de uma política pública destinada à saúde mental das gestantes e parturientes.

Embora bastante romantizada, a gestação costuma trazer um turbilhão de incertezas que, muitas vezes, desarranjam a saúde mental das mães. Em Bauru, 62% das gestantes têm estresse, conforme apontam as pesquisas de mestrado e doutorado da psicóloga perinatal Rafaela de Almeida Schiavo. A ausência de um pré-natal psicológico, segundo ela, pode prejudicar mulheres e bebês.

Em sua dissertação de mestrado, a pesquisadora estudou 98 gestantes a partir do terceiro trimestre e mulheres com até três meses de pós-parto. Já em sua tese de doutorado, Rafaela avaliou 320 grávidas a partir do terceiro trimestre e mulheres com até seis meses de pós-parto. Em ambas as situações, as pesquisadas frequentavam as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município.

O primeiro estudo foi concluído em 2012 e o segundo, em 2016. O contexto, no entanto, deve seguir inalterado. O objetivo da psicóloga foi o de analisar a saúde mental das envolvidas. Ela apurou que em torno de 35% das gestantes apresentaram ansiedade. Outras 25% tiveram depressão e 62%, estresse. Entre as parturientes, os números caíram para 26%, 20% e 49%, respectivamente.

Para Rafaela, a quantidade de alterações emocionais, desde a gestação, é alta. "Como não existe alguém avaliando a saúde mental destas pacientes, com base na premissa de que estão felizes pela gravidez, elas continuam apresentando o problema no decorrer do pós-parto", acrescenta.

De acordo com a pesquisadora, há diversas associações da ansiedade, do estresse e da depressão com implicações ao desenvolvimento infantil. "Do total das crianças estudadas, 31% tiveram, até os 6 meses de idade, atraso na linguagem ou na coordenação motora", constata.

Ainda segundo Rafaela, o motivo é simples. "As mães com alterações emocionais significativas não conseguem estimular os filhos. Para fazê-lo, precisam de cuidados adequados", explica.

Ansiedade, estresse e depressão também podem aumentar as chances de nascimento de crianças com baixo peso e prematuras, devido ao excesso de cortisol. Tal substância, liberada pela corrente sanguínea das mães, chegam aos bebês, via cordão umbilical.

POLÍTICA PÚBLICA

Conforme a psicóloga mostra em seus estudos, os problemas envolvendo a saúde mental das gestantes estão concentrados na ausência de uma política pública, que forneça uma rede de apoio.

Na maioria das vezes, quando as mulheres desabafam junto aos familiares ou amigos, acabam reprimidas. "Muitos falam em pecado, porque acreditam na existência de um instinto materno", observa.

No entanto, a pesquisadora revela que a ciência não reconhece tal sentimento. "A ideia de amor materno foi construída no século 17. Antes, muitas crianças eram assassinadas pelas próprias genitoras. Nós só podemos chamar de instinto aquilo que existe dentro de uma espécie, em todas as épocas e culturas", informa.

Logo, Rafaela defende que as grávidas passem por pré-natal médico e psicológico. "Hoje, o Brasil possui poucas cidades que preveem o tratamento completo, como é o caso do Distrito Federal", frisa.

Identificada alguma alteração da saúde mental, os profissionais capacitados sabem se as gestantes precisarão de orientação, acolhimento, psicoterapia ou, até mesmo, indicação de um psiquiatra.

A psicóloga pretende apresentar as suas pesquisas ao município para, quem sabe, estimular a implantação de uma política pública destinada à saúde mental das gestantes e parturientes.

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