Em um ano, a gestão de Javier Milei na Argentina levou a inflação mensal de 25,5%, o número de dezembro passado, quando o presidente ultraliberal assumiu, a 2,4%, dado do último mês de novembro divulgado na tarde desta quarta-feira (11).
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A redução de 23,1 pontos percentuais no índice mensal que mede o aumento dos preços é mais um trunfo da seara macroeconômica que Milei colhe apenas um dia depois de marcar o primeiro ano de governo com um discurso em cadeia nacional de TV recheado de promessas.
O dado de novembro, incrementado principalmente pelo aumento nos gastos com educação, água e energia elétrica, ficou abaixo das estimativas feitas pelo próprio banco central argentino.
Para este mês, a instituição, historicamente alinhada à Casa Rosada, estimava inflação de 2,8%, 0,4 ponto a mais que o número anunciado pelo instituto de estatística local. Para o próximo mês de dezembro, quando as compras de fim de ano impulsionam a inflação, a estimativa do BC local é de 2,9%.
No acumulado do ano, a inflação está em 112% e, na comparação anual, em 166%. Quando Milei assumiu o governo após quatro anos da gestão peronista de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, a inflação anual estava em 211,4%.
O bom cenário fiscal e a manutenção quase que consecutiva da desaceleração inflacionária deram força ao governo, que chega ao que os especialistas chamam de fim da lua de mel com a população. Com uma cartela de bons índices (com exceção da pobreza, que saltou a 53% da população), Milei endureceu o discurso contra a oposição.
Nas telas de TV e aparelhos de rádio dos argentinos na noite da terça-feira (10), ele prometeu que chegou a hora da "motosserra profunda". "Motosserra" é como se refere à sua política de corte de gastos (os gastos públicos foram reduzidos em torno de 30%).
Disse também que reduzirá impostos em torno de 90% e que no próximo ano, sem dúvidas, vai derrubar o emaranhado de controles cambiais que dificultam o comércio exterior no país.
O dado da inflação mensal divulgado nesta quarta-feira é o mais baixo desde julho de 2020, época da pandemia de Covid.
Ainda que o custo de vida tenha subido no país, o preço dos alimentos foi o que menos cresceu comparativamente a outros setores no mês de novembro (0,9%), quase em um alívio para uma população que estava acostumada a remarcações diárias nas etiquetas dos supermercados.