Candidato a prefeito pela federação PSOL-Rede Sustentabilidade, Marcos Chagas (PSOL) abriu mão do microfone para conversar com os presentes na quinta rodada do Fórum de Engenharia, Urbanismo e Cidade, promovido pela Assenag, SEESP, IAB e Crea-SP, com apoio deste JC.
Professor da rede estadual de ensino, ele disse aos participantes que preferia um ambiente como o da sala de aula. Gastou a voz - e defendeu principalmente a implementação da tarifa zero nos ônibus municipais, a chamada linha "Circular".
"Há meios de se fazer isso. Podemos discutir o modelo. Mas é uma bandeira da qual não abro mão", afirmou Chagas.
A proposta, segundo ele, é uma das medidas a serem tomadas para ampliar a mobilidade urbana em Bauru - cidade que, nas palavras do candidato, é excludente e fragmentada. "Quem mora em periferia dificilmente vai para o Centro, um lugar vazio. Só quando muito necessário", criticou.
Segundo o candidato, um plano de mobilidade deve pensar o transporte público não apenas como método de ir ao trabalho e dele voltar, mas também como instrumento de cidadania. "Às vezes, para ir a uma UPA, a pessoa tem de pegar dois ônibus. Só aí já são R$ 10,00", apontou.
A proposta de Chagas envolve criar um terminal central e outros regionais, dentro dos bairros, para garantir que a Circular atenda integralmente o município. Para ele, é preciso pensar o município como um só. "Temos bairros isolados uns dos outros. Pessoas sem acesso à moradia. Daí a grande quantidade de ocupações [de terra] que vemos", disse o professor.
Neste aspecto, afirmou o candidato, outra bandeira de sua campanha é também a regularização fundiária. "Não é possível existir sem ter um lugar onde ficar", observou. "É direito básico de todo cidadão", prosseguiu. Daí a necessidade, disse Chagas durante a discussão, de se criar uma Secretaria de Habitação.
O professor defendeu também a criação do instituto de planejamento - demanda histórica da Assenag que envolve um banco de projetos a curto, médio e longo prazo - e afirmou que isso "é o mínimo que toda cidade deveria ter".
Ele também relatou ver com estranheza as recentes terceirizações promovidas pelo governo Suéllen Rosim (PSD) à revisão, por exemplo, do Plano Diretor. "É a mesma empresa [Fipe] que fez a modelagem da concessão do esgoto", pontuou.
Chagas disse que, se eleito, vai interromper o processo de concessão, terminar a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Vargem Limpa com recursos próprios e promover uma reestruturação do Departamento de Água e Esgoto (DAE), que em sua avaliação sofre um desmonte.
O candidato criticou também a falta de proteção aos mananciais e matas ciliares à beira do Rio Batalha e seus afluentes. "Colocamos em risco nossa própria existência [ao degradar o meio ambiente]", disse.