Reza não ganha jogos! Se a reza interferisse em resultados, todo jogo terminaria, obviamente, empatado. Presume-se, claro, que Deus não toma partido. No entanto, é comum ver atletas fazendo suas orações antes dos jogos. E, sim, torcedores piedosamente imploram pela vitória do seu time.
Superstições à parte, está clinicamente comprovado que a prática consciente da fé ajuda sobremaneira a melhorar desempenhos em qualquer setor da existência, inclusive no rendimento do atleta. Não no sentido de garantir resultado positivo, mas no sentido de habilitar a pessoa a conseguir um melhor rendimento. A vivência espiritual auxilia, igualmente, o torcedor a lidar com os resultados de maneira responsável e madura. Aborrece sobremaneira o jeito desrespeitoso, não raramente agressivo, como alguns torcedores reagem tanto quando seu time de coração ganha como quando perde. Quem, de fato, crê em Deus e O tem no coração se empenha para comportar-se de maneira digna, qualquer que seja a circunstância.
Na realização das mais recentes olimpíadas em Paris, alguns atletas de destaque apresentaram depoimentos com o declarado objetivo de enaltecer a importância da fé religiosa em sua vida de cidadãos como também em seu rendimento atlético. A recordista olímpica dos 400m com barreira, a americana McLaughlin-Levrone, lembra que passou parte importante da sua adolescência correndo para fugir de desafios, buscando consolo em fugazes prazeres que, ao invés de lhe proporcionar satisfação e descanso, lhe mergulharam ainda mais em depressão. Somente quando passou a praticar conscientemente a fé católica, crer de verdade no Cristo e fazendo dele a pedra angular da vida é que sua existência tomou rumo e adquiriu sentido. Sem titubear ela credita seu sucesso nas pistas à sua fé, que alimenta o amor à sua família e a faz dedicar-se com mais empenho aos treinamentos e à paixão por sua atividade esportiva.
Ganhadora de seis medalhas de ouro, a nadadora americana Katie Ledecky, também faz questão de destacar a importância da fé em sua vida. Quando criança acompanhava a mãe preparando a liturgia da missa dominical em sua paróquia. Cresceu respirando a fé e cultivando filial devoção a nossa Senhora. Ela observa como suas colegas atletas buscam concentrar-se antes das competições com músicas, mantras e rituais semelhantes. Confessa, candidamente, que se recolhe e reza a Ave Maria. É tão confortador, confidencia, saber e sentir a presença de uma Mãe que é, ao mesmo tempo, tão humilde e tão zelosa. Ao rezar a Ave Maria, confessa, me vejo segura e acolhida em boas mãos!
A fé sempre foi, e sempre será, inspiração em minha vida, arremata a nadadora Ledecky. Medalhas olímpicas coroam dedicação, esforços, renúncias. São troféus que premiam abnegação e persistência, virtudes inerentes à condição do discipulado cristão! Rezas não garantem vitórias, mas habilitam a lutar com apaixonada determinação.
Padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba