22 de dezembro de 2024
Opinião

Gigante


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Conceitos evoluem! E com eles mudam também peculiaridades, em especial com relação ao desempenho de funções e realização de tarefas. A mudança de época pela qual passa o mundo hoje, justamente por afetar todos os campos da vida, gera perplexidades e angústias em áreas tradicionais ao convívio humano. O exercício da paternidade se enquadra perfeitamente nesta visão fluída que marca os tempos modernos. Consciente de sua responsabilidade e zeloso quanto ao cumprimento de suas obrigações, o pai moderno se vê questionado continuadamente quanto à real identidade de sua vocação. Pois, na realidade, é disto que se trata: a paternidade como vocação.
Ancestralmente, era do pai a tarefa de sair em busca da caça! Tradicionalmente, atribui-se ao pai o papel de provedor da família. As múltiplas necessidades do compasso moderno, aliados a uma saudável valorização das capacitações femininas, no entanto, impõem que a esposa colabore efetivamente para a manutenção da família. Sozinho, o pai nem sempre consegue prover a todas as urgências familiares e a todas as necessidades domésticas. Persiste, no entanto, o natural instinto caçador. Naturalmente, o pai sente-se no dever de dar guarda a sua família. No atual compasso cultural, no entanto, esta segurança reveste-se de novos modelos de comportamento. Esposa e filhos esperam dele que seja referência em suas vidas, ponto de equilíbrio e discernimento nesse mundo volúvel de valores e carente de consistentes e legítimas lideranças. A segurança que se espera de um pai, no atual compasso da vida, advém precipuamente da serena coerência de comportamento e do convicto encaminhamento de prioridades. Desatualizado é o pai que recorre à força física ou à pressão psicológica para exibir comando. Liderança se mede pela profundidade de admiração e pela intensidade de emulação que suscita! Segurança se passa pela afetuosa presença e terna participação. Forte é o pai quando, sem embaraço, se ajoelha e oferece ao filhote hesitante seus braços acolhedores! 
A imagem do pai ajoelhado evoca, naturalmente, a dimensão espiritual, elemento integral na constituição humana. O ser humano não é somente matéria. Também é alma.  Tem, e muito, necessidade de Deus! O material, por mais abundante e deslumbrante, não preenche os anseios da alma humana. Sem Deus, a alma humana permanece incompleta, inquieta. Aplicado e sagaz, o pai que se quer provedor entende que a ele cabe também transmitir e educar na fé, pelo exemplo mais que por palavras. Compenetrado e zeloso, o pai que se quer responsável reconhece a urgência da presença divina na vida família. Sem embaraço, ajoelha, agradece, invoca e pede orientação!
 Gigante é o pai quando, reverente, se ajoelha e ora! Impagável é a memória do pai, que ajoelhado e de braços estendidos se põe a incentivar, e se precisar socorrer, os hesitantes passos da infante prole.
FELIZ DIA DOS PAIS!

Padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba