Uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Campinas e a Fundação Dr. João Penido Burnier está aumentando o número de cirurgias de catarata realizadas pelo SUS na cidade. No próximo sábado, dia 27, das 7h às 12h, será apresentada a iniciativa "Projeto Catarata" no auditório do Instituto Penido Burnier.
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O projeto visa a realização de 570 cirurgias de catarata até o final do ano. Essa expansão é resultado do esforço conjunto de parlamentares e oftalmologistas, sensibilizados pelo grande número de pacientes na fila de espera para a cirurgia no serviço municipal de saúde. Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do hospital, explica que só a equipe de oftalmologistas da fundação inscreveu 1,3 mil pacientes na fila de catarata nos últimos seis meses.
Queiroz destaca que o envelhecimento rápido da população é um dos principais desafios para o gerenciamento da saúde pública no Brasil. A catarata, junto com a falta de óculos para corrigir erros de refração, é uma das principais causas globais de baixa visão reversível, responsáveis por 75% dos casos de deficiência visual tratável, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ele explica que a catarata resulta da opacificação do cristalino, a lente interna e transparente do olho, que se torna opaca devido à degeneração natural das células com o envelhecimento. Outros fatores de risco incluem a falta de filtro ultravioleta nas lentes dos óculos, traumas, hábitos alimentares pouco saudáveis, alta miopia, diabetes, certos medicamentos e sono irregular.
Um estudo da FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz) revela que a catarata afeta um em cada quatro brasileiros com 50 anos ou mais, sendo a quarta maior causa de problemas de saúde nesta faixa etária, atrás apenas da hipertensão arterial, problemas de coluna e colesterol alto. A OMS estima que 85% dos casos de deficiência visual intensa e perda de visão ocorrem após os 50 anos.
Os censos de 2010 e 2022 do IBGE indicam um crescimento superior a 50% na população com 65 anos ou mais, o que agrava o cenário da saúde ocular no Brasil. Relatórios do Conselho Brasileiro de Oftalmologia mostram que o número de pessoas cegas no país aumentou de 600 mil para 1,559 milhão no mesmo período. A previsão para 2030 é que a população idosa ultrapasse a de crianças com até 14 anos, ressaltando a necessidade de reforçar os serviços públicos de saúde.
Queiroz Neto destaca que a cirurgia de catarata é bastante segura, realizada com anestesia local, e que a recuperação é rápida desde que os colírios prescritos sejam usados conforme orientação do cirurgião. Para participar do Projeto Catarata, os pacientes precisam ser indicados por um especialista e estar inscritos na Fila de Gestão de Cirurgias do Município (GEFIC). A convocação é feita por telefone, seguindo a ordem da fila.
A expectativa é ampliar cada vez mais o acesso à saúde ocular na cidade.