Joe Biden está decidido! Católico praticante, o presidente declarou numa entrevista à rede ABC que desistirá da reeleição somente se o Deus todo-poderoso lhe aparecesse e ordenasse: Joe, desista de concorrer. Como até agora, completou o presidente, Deus não apareceu, prosseguirei com a minha campanha!
É comum entre os seres humanos enfrentar dilemas, situações quando é preciso tomar decisões em meio a conflitos e pressões variados. O próprio Filho de Deus enfrentou situação dramática na véspera de sua morte, a ponto de suplicar que, se possível, fosse afastado dele o cálice de dor. Contudo, estava disposto a obedecer ao desígnio divino – não a minha, mas a sua vontade seja feita! Emerge a primeira atitude a ser tomada por quem deseja descobrir a vontade divina em situação de crise: oração. Mais do que falar a Deus, orar é pôr-se em atitude de escuta. O Senhor Jesus já assegurou que Deus sabe de antemão quais são as necessidades das pessoas. Insistir em repetir pedidos amarra mais o suplicante a suas imediatas urgências e dificulta a disposição de discernir o comunicado divino. O que normalmente os aflitos desconhecem é o que Deus deles espera. Orar, longe de seduzir o Criador a fazer a vontade do suplicante, é focar-se em conhecer, e em submeter-se voluntariamente, aos desígnios divinos. O verdadeiro e duradouro bem se dá quando se busca com sinceridade conhecer a vontade divina e dispor-se a cumpri-la com alegria. São Bento define esta postura como “ouvir com o ouvido do coração”!
Escutar com o ouvido do coração demanda silêncio! Salta o segundo indispensável requisito para conhecer a vontade de Deus: quietude! É no silêncio e na calma que Deus se faz presente e fala! Entende-se o silêncio não apenas como ausência de ruídos, mas, principalmente, o laborioso empenho de aquietar a mente e sossegar as emoções para, então, discernir com clareza a intenção divina. Quem realmente almeja escutar Deus precisa aprender a cultivar o silêncio e treinar-se na paciência. Árdua tarefa na insana agitação do ritmo moderno! Entenda-se a paciência não como passiva espera – desesperadora, muitas vezes – mas como confiante aguardo da revelação divina. O fiel convicto crê no amor de Deus. Acredita que na hora certa Deus fará conhecer seus desígnios, não necessariamente em revelações mirabolantes. Ao contrário e normalmente, através de sinais do tempo, advindos de situações corriqueiras, as chamadas surpresas divinas. Os místicos, inclusive, advertem repetidamente a se precaver de supostos comunicados pessoais – do tipo, Deus me revelou – que muitas vezes refletem mais preferências subjetivas que propósitos divinos.
Em momentos de crise, orar é entregar, confiante, o leme da vida ao Pai Eterno. Piloto habilitado e zeloso saberá inspirar em linguagem simples e acessível, tanto a Biden, como a todos que enfrentam dilemas, bom senso e sábio direcionamento!
Padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba