20 de julho de 2024
ELEIÇÕES 2024

Zimbaldi quer aumentar efetivo da GM e reduzir tarifa de ônibus

Por Redação | Especial para o Todo Dia Campinas
| Tempo de leitura: 8 min
Divulgação/FPX Cast
Rafa Zimbaldi (Cidadania) foi o terceiro pré-candidato entrevistado pelo FPX Cast

O FPXCast, com Flávio Paradella, com apoio do Todo Dia Campinas, deu sequência nesta quinta-feira, 18, à rodada de entrevistas com os principais pré-candidatos à Prefeitura de Campinas.  O terceiro entrevistado foi o deputado estadual Rafa Zimbaldi (Cidadania), que reforçou suas críticas à atual administração e apontou propostas de soluções para alguns problemas da cidade.

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O pré-candidato e a candidatura

Nascido em Campinas, Rafael Fernando Zimbaldi tem 42 anos, é formado em Relações Internacionais, e atualmente está em seu segundo mandato como deputado estadual. Em Campinas foi vereador por quatro mandatos consecutivos, entre 2005 e 2018, sendo eleito presidente da Câmara por duas vezes entre 2015 e 2018.

Deixou o legislativo campineiro em 2019, após ser eleito deputado estadual pela primeira vez, nas eleições de 2018. Em 2020 concorreu pela primeira vez ao cargo de prefeito de Campinas, pelo PL, e ficou na segunda colocação no segundo turno, com 166 mil votos, 42,9% do total. A candidatura de Rafa conta com a federação PSDB-Cidadania, e apoio dos partidos PDT, PMB e AGIR.

Mesmos problemas de 2020?

Segundo Rafa, os mesmos problemas discutidos na eleição de 2020 são os que estão sendo discutidos agora, o que seria um indicativo de que a cidade ficou parada em ao longo de quatro anos. "A cidade está literalmente abandonada. Nós estamos discutindo problemas de 10, 12 anos atrás, problemas herdados desse grupo político que está há 12 anos no poder".

Enquanto vereador, Rafa fazia parte da base do então prefeito Jonas Donizette (PSB). Questionado sobre integrar o grupo que agora critica, Rafa respondeu: "A partir do momento que nós tivemos o escândalo do Hospital Ouro Verde foi o meu rompimento com esse grupo político". 

Sobre o posicionamento político, Rafa afirmou seguir uma ideologia de direita. “Mas isso não significa ser de uma direita radical”, ressaltou.

Vice indefinido

Até o momento, a chapa de Rafa, encabeçada pela federação PSDB-Cidadania, ainda não definiu quem será o vice. O pré-candidato justificou a indefinição. "Porque estamos discutindo internamente a melhor candidatura a vice. O tempo está acabando, mas vamos resolver". A tendência é que o vice seja um integrante de um dos partidos que compõem a coligação de Rafa, não necessariamente da federação PSDB-Cidadania.

Saúde

Uma das principais críticas de Rafa à atual administração de Campinas é na gestão da saúde. Segundo ele, existem "duas saúdes" em Campinas. "Temos a Secretaria de Saúde, que cuida de postos de saúde, e (a rede) Mário Gatti, que cuida dos prontos-socorros e dos hospitais, e um não conversa com o outro. Hoje você não tem a integração dos exames feitos em centros de saúde com os exames feitos em prontos-socorros e hospitais. Então, você se separa, hoje a saúde de Campinas não tem uma unidade", criticou Rafa, que depois completou. "Mas é um problema que eu vou resolver. Eu vou unificar. Eu vou unificar tudo".

Rafa também criticou a presença das OS (Organizações Sociais) na gestão de equipamentos públicos de saúde, lembrando os desvios financeiros na gestão do Ouro Verde, ainda no governo Jonas. Ele também criticou a longa fila de espera por cirurgias, entre outras situações, e para resolver essas questões ele propõe um diálogo maior com os equipamentos de Saúde da Unicamp, como o HC, Caism e Hemocentro, e citou como uma possível solução o "Poupa Tempo da Saúde", que já existe em Santo André e, segundo Rafa, zerou a fila de consultas no município do ABC Paulista. "É um espaço de 1.800 m², com 60 consultórios, 37 especialidades, 150 médicos por dia. Nós vamos trazer para cá", prometeu, e afirmou que até existe uma área já definida para isso, próximo ao Hospital Mário Gattinho, na antiga Ciretran.

Educação

Em relação à educação, Rafa afirmou que Dário Saadi teria inaugurado 16 creches que ainda não funcionam, e atribuiu isso ao período eleitoral. "Nós precisamos fazer com que as creches funcionem de verdade. Nós precisamos fazer com que as creches funcionem em período integral, todos os dias, inclusive em período noturno", citando em seguida casos de mães que trabalham durante a noite em locais como shopping centers.

Ele defendeu também a expansão da educação integral no ensino fundamental e criticou a qualidade do ensino na rede municipal. "55% das nossas crianças no segundo ano não são alfabetizadas, não sabem ler e escrever. Hoje os nossos colégios são depósitos de crianças".

Rafa defendeu uma reforma pedagógica na educação de Campinas. "Com tecnologia, fazer a escola do futuro, que é a nossa grande proposta aqui, trazer um método de ensino onde as crianças tenham oportunidade de aprendizado, saber ler e escrever. Em Campinas nós temos R$ 2 bilhões só para educação, para 60 mil alunos. Buscar um sistema pedagógico junto com os professores, a valorização dos nossos professores é necessária. Garantir a autoridade do professor dentro de sala de aula".

Segurança

Rafa criticou a segurança de Campinas, e afirmou que o efetivo da Guarda Municipal é muito pequeno para as necessidades do município. "Nós temos 800 guardas municipais, sendo que 400 estão em trabalho administrativo, enquanto deveriam estar na rua. Então, 400 estão na rua efetivamente. Agora, a partir das 20h nós temos apenas três viaturas rodando a cidade toda." 

Ele prometeu triplicar esse número. "Meu primeiro ato como prefeito será abrir o concurso público, elevar de 800 para 2.400 guardas municipais, que é o limite populacional que nós temos condições". Porém, ele reconheceu que isso levaria ao menos um ano para ser colocado em prática, devido ao processo de realização do concurso e treinamento dos novos agentes.

Pessoas em situação de rua

Com relação ao problema das pessoas em situação de rua, uma questão que está ligada ao problema da segurança, saúde e assistência social, Rafa disse que resolver isso é um passo fundamental para que ocorra a desejada revitalização do Centro de Campinas, e afirma já ter um programa planejado. "O programa Nova Vida, que é muito parecido com o Hub Social feito pelo governador Tarcísio, que é a união da Secretaria de Saúde, de Assistência Social, de Educação, de Trabalho e Renda e de Segurança Pública, dentro de um espaço único, junto com as entidades civis e religiosas, que também são muito importantes, e as comunidades terapêuticas." Ele lembrou de trabalhos de instituições como o Instituto Padre Haroldo  para defender essa integração.

"Aí veio o prefeito agora e falou assim, ah não, 70% dessas pessoas são pessoas de fora. Mas é lógico que são de fora, 70% da nossa população de Campinas é de fora, então isso se torna um problema nosso.", argumentou Rafa, que disse ainda que é preciso integrar as pessoas à sociedade. "Dar oportunidade a essas pessoas, dar a internação, fazer com que essas pessoas saiam, deixam de ser adictas da dependência química".

O pré-candidato não descartou a internação compulsória em alguns casos. Ele afirma que "a grande maioria" das pessoas em situação de rua deseja a internação para recuperação da dignidade, mas reconhece que alguns não aceitam a internação. "Aí depende de um trabalho assistencial e técnico muito importante, e aí sai da ideologia, é você analisar tecnicamente. Aquela pessoa está oferecendo risco a vida dela e a de outras pessoas? Aí é uma responsabilidade do poder público. Temos condição de fazer um convênio junto ao Tribunal de Justiça e fazer a internação compulsória. Eu não sou contra a internação compulsória. Porque o direito de ir e vir tem um limite. E qual é esse limite? A partir do momento que a pessoa não oferece risco à vida dela e à vida de outra pessoa, aí tudo bem, aí paciência".

Transporte Público

Rafa criticou o projeto para a nova concessão do transporte público de Campinas, cuja primeira licitação foi encerrada sem interessados (deserta). Segundo o pré-candidato, faltou ao município ouvir com mais atenção o que os possíveis interessados aceitariam para assumir a concessão. "Uma licitação onde existe um investimento de R$ 3 bilhões para o concessionário, lógico que ele não vai ter. E aí o prefeito vem e fala assim, 'porque agora nós conseguimos o dinheiro do BNDES para 150 ônibus na cidade de Campinas', mas essa responsabilidade vai ficar para o concessionário. Precisa combinar com os russos. Precisa saber se os concessionários vão arcar com isso, se eles querem assumir isso. E para a atual gestão está muito cômodo isso”.

Ele disse que Campinas tem a tarifa de transporte público mais cara do país, e afirmou que vai buscar a solução para o transporte da cidade em exemplos de outras cidades, como Santos e São Caetano do Sul. "Então nós precisamos fazer uma licitação pública onde as concessionárias tenham a condição de participar, que não seja direcionada, que empresário de ônibus não mande em Campinas", disse o pré-candidato, que completou. "Então é você exigir o ônibus de no máximo três anos, com ar-condicionado, com wi-fi. E aí tem condição de você reduzir a tarifa na cidade de Campinas. Reduzir. Zerar hoje não tem condição", afirmou.

Rafa ainda disse que irá baixar a idade mínima para gratuidade de 65 para 60 anos, garantir que todos os estudantes tenham redução de custo independente do trajeto, também podendo ser utilizado em momentos de lazer, e implantar o "Domingão na faixa", com tarifa zero aos domingos, a exemplo do que ocorre na capital paulista.

Assista

A entrevista completa com Rafa Zimbaldi você pode acompanhar abaixo. Na próxima quinta-feira, dia 25, às 19h, o FPX Cast entrevista Dário Saadi, atual prefeito de Campinas e pré-candidato à reeleição pelo Republicanos. Até o momento foram entrevistados Wilson Matos (Novo), Pedro Tourinho (PT), e Rafa Zimbaldi (Cidadania).