16 de julho de 2024
Crônica

A Esplanada de São João


| Tempo de leitura: 2 min

Pois é...Falei aqui do vitral da Igreja de São João, defronte  da então bela praça do mesmo Santoe considerando definitivamente “cancelado” o Judas. Alguns ousados leitores me cobraram, com razão, a ausência de ao menos um parágrafo crítico à administração pública pelo tradicional estado de abandono daquele espaço, antes vivo, dinâmico e bem aproveitado pelos moradores do bairro e adjacências(êpa!). Curioso que as reclamações que recebi – não em face da crônica, ainda bem – partiram, quase todas, de araçatubenses de raiz espalhados pela cidade e até  fora dela. Mas igualmente indignados e impacientes com as promessas vãs de restauração da praça e preocupados com os projetos de “revitalização” que circulam por aí. Revitalização que virou eufemismo para abatimento  sumário de árvores centenárias, descaracterização paisagística e supressão da memória urbana e arquitetônica dos bens públicos da cidade.

Posso até citar, sem receio de errar, a absurda “ideia” de remover o lindíssimo mosaico de pedras portuguesas assentadas à perfeição e bom para drenar águas pluviais, agora desprezado pela comodidade da ignorância, substituindo-o por um reles piso de concreto. Não pode! E os postinhos encabeçados por globinhos de vidro opaco para não ofender os olhos maravilhados dos frequentadores, prontos para admirar a praça por inteiro, suas belas e organizadas alamedas, bancos a granel, lixeiras, floreiras, fonte luminosa e segurança resultante da própria e maciça presença humana? Não pode!!

Querem “trocar” os históricos bancos formatados em “fulljet” por peças retangulares de concreto sem encosto para não abrigar “mendigos”. Poode?? E aqueles simpáticos postinhos dos anos 1950, de pioneira fiação elétrica enterrada, que pretendem trocarpor despersonalizadas armações de metal acopladas por horrorosos holofotes de alumínio, que, dizem, “ilumina mais e melhor”?  Pooode? Também não pode!!  

Para arrematar(ôôpa!), querem liberar e rodear as calçadas da praça para o comércio ambulante, inclusive para  indefectíveis “trucks food”. Sim...aqueles caminhões adaptados e transformados em cozinhas e bares, que, além de deixar rastro de óleo e lixo, irão liquidar de vez o já precário comércio do entorno, prejudicado há décadas pelo pouco caso. Nada contra, mas logo na praça de São João?? Querem ver como era – e como pode voltar a ser - a Esplanada da São João? Observem a espetacular foto dos anos 1960 que ilustra essas mal traçadas. Basta recuperar e preservar o que restou! Ainda dá tempo.

Jeremias Alves Pereira Filho

Sócio de Jeremias Alves Pereira Filho Advogados Associados; Especialista em Direito Empresarial e Professor Emérito da UPM-Universidade Presbiteriana Mackenzie.  Araçatubense nato.